Com generais réus e diante de Lula, Comandante do Exército lembra “imparcialidade” da instituição

Discurso do Comandante do Exército em 16 abr 25
(Crédito: capitão Edvaldo)

O recado do comandante do Exército sobre a ‘imparcialidade’ da instituição
Diante de Lula, o general Tomás Paiva destacou que a fortaleza da ‘instituição de Estado integralmente devotada à missão constitucional’

Gustavo Maia
O comandante do Exército, general Tomás Paiva, leu nesta quarta-feira o texto da “ordem do dia” referente ao Dia do Exército, durante a cerimônia no Quartel-General da instituição que contou com a presença do presidente Lula, do ministro da Defesa, José Mucio Monteiro, do presidente do Senado e do Congresso, Davi Alcolumbre, e do ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e de outras autoridades.

No final da mensagem, dirigida aos soldados do Exército Brasileiro, o general destacou o compromisso da força com “os valores que nos guiam: a disciplina, o patriotismo, a hierarquia e, principalmente, o espírito de servir”.

“Nossa fortaleza, como Instituição de Estado integralmente devotada à missão constitucional, decorre da imparcialidade e do profissionalismo que sempre devem caracterizar nossas ações. Que o exemplo daqueles que nos antecederam inspire cada um de nós a seguir honrando a farda que vestimos e a Bandeira que defendemos! Que continuemos unidos, prontos para superar os desafios do presente e do futuro, sempre em defesa de nossa Pátria e de nosso povo!”, concluiu.

Este foi o primeiro Dia do Exército desde que generais de quatro estrelas como Walter Braga Netto e Augusto Heleno foram denunciados, assim como o ex-presidente Jair Bolsonaro, que é capitão reformado da força, viraram réus no STF por golpe de estado e outros crimes. A trama golpista, que teve o próprio QG como um dos cenários, por servir de abrigo para um acampamento de bolsonaristas descontentes com o resultado das eleições de 2022, não foi citada na ordem do dia.

Leia o texto na íntegra:

Soldados do Exército Brasileiro,

Celebramos hoje, com orgulho, o Dia do Exército, data que nos remete às nossas origens gloriosas e ao marco histórico que definiu o caráter de nossa Força: a Batalha de Guararapes. Travada em 1648, em Pernambuco, reuniu brasileiros de diferentes origens — indígenas, africanos, europeus e mestiços — que lutaram com valentia e arrojo, sob a mesma bandeira, para defender o solo pátrio contra a invasão estrangeira. Esse episódio não apenas consolidou a luta pela nossa soberania, mas também simbolizou o nascimento do Exército Brasileiro, uma Instituição que, desde então, tem sido fundamental para a construção e a defesa de uma pujante Nação.

Em 2025, além de completarmos 377 anos de existência, outro feito histórico enche de orgulho os Soldados de Caxias: a celebração dos 80 anos da vitória da Força Expedicionária Brasileira (FEB) no teatro de operações europeu durante a Segunda Guerra Mundial. Cerca de 25 mil bravos soldados brasileiros atravessaram o Atlântico para defender os ideais de liberdade e democracia, enfrentando as duras condições dos campos de batalha na Itália. Com coragem inabalável, superaram desafios extremos, combatendo em terrenos acidentados, suportando o rigor do inverno europeu e demonstrando elevado espírito de corpo. A FEB destacou-se em batalhas decisivas, como as de Monte Castello, Castelnuovo, Montese e Fornovo di Taro, onde, ao lado das forças aliadas, infligiu severas derrotas ao inimigo, contribuindo para a libertação de territórios ocupados e para o fim do conflito na Europa. Os bravos “pracinhas” brasileiros, com os irmãos marinheiros e aviadores, conquistaram o respeito internacional e consolidaram a presença do Brasil entre as nações que lutaram pela Democracia e pela Paz.

Hoje, nossa Força continua a honrar o legado desses heróis que serão sempre lembrados. No combate às ameaças transnacionais nas fronteiras, bem como no amparo aos povos indígenas em situação de vulnerabilidade ou aos atingidos por desastres naturais, nossa atuação, integrada a outras instituições, tem demonstrado excelência e capacidade de pronta resposta, trazendo alívio imediato aos brasileiros afetados. Como exemplo recente, citamos as ações emergenciais por ocasião das enchentes e incêndios florestais de 2024, quando nossos soldados mobiliaram a linha de frente, resgatando vidas, prestando socorro e reconstruindo bairros e cidades. Essa postura humanitária da Instituição confirma, claramente, a vocação permanente de servir ao Estado e, em especial, de servir aos brasileiros, pois, em síntese, o Exército é brasileiro igual a você.

Nossa ativa colaboração em ações que promovem a cidadania, como o Projeto Rondon, o Projeto Soldado Cidadão e o Programa Forças no Esporte, leva educação, capacitação, assistência e esperança aos brasileiros que vivem nas regiões mais carentes, ajudando a transformar realidades e a construir um futuro melhor para milhares de pessoas. A partir do próximo ano, refletindo nosso compromisso com a igualdade de oportunidades, as mulheres também serão incorporadas à Força Terrestre. A implementação do Serviço Militar Inicial Feminino reforça o alicerce fundamental da defesa de nossa Nação, bem como destaca a confiabilidade em nossa Instituição, haja vista terem sido contabilizados, até a presente data, cerca de 30 mil alistamentos de mulheres. Essas futuras militares seguirão o caminho trilhado pelas 73 enfermeiras brasileiras da FEB, que salvaram vidas e prestaram socorro aos “pracinhas” em combate.

Voltando nossos olhares para o cenário internacional, podemos verificar que o mundo passa por uma transformação rápida e, ao mesmo tempo, profunda em suas estruturas geopolíticas tradicionais. Os investimentos em defesa vêm crescendo exponencialmente em todas as regiões do globo, uma realidade que sugere ao nosso País atenção redobrada em relação à proteção dos brasileiros e dos ativos consagrados pela Constituição. A defesa nacional precisa estar preparada para enfrentar ameaças híbridas, difusas e multidimensionais, que não se manifestam claramente como os conflitos convencionais do passado. A Diplomacia ativa e as Forças Armadas robustas, representando as instituições de Estado, devem caminhar lado a lado para garantir a nossa independência, promover a igualdade soberana entre as nações e contribuir para a solução pacífica dos conflitos internacionais.

Nesse sentido, o Exército adquiriu, recentemente, radares de vigilância terrestre, sensores imprescindíveis ao controle de setores territoriais, incluindo a faixa de fronteira. Além disso, incorporou sistemas de armas remotamente controlados em viaturas mecanizadas, mísseis anticarro de diversos tipos e blindados sobre rodas. Expressiva quantidade de novos fuzis e de rádios portáteis e veiculares foi incluída no rol de meios da Força e foi concluído, ainda, o programa de revitalização de obuseiros e de modernização e aquisição de novos helicópteros. Ressalto, nesse esforço de renovação, a destacada participação de nossa Base Industrial que, estimulada pelo Ministério da Defesa, age como indutora do avanço tecnológico e do desenvolvimento autônomo nacional.

Dessa forma, o Exército, brasileiro igual a você, reforça diuturnamente sua conexão com a sociedade. Somos parte do povo brasileiro, compartilhamos dos mesmos valores, sonhos e desafios. Seus valorosos integrantes não estão apartados da população: são homens e mulheres que vivem, trabalham e se dedicam ao Brasil com o mesmo amor e comprometimento de cada cidadão. Que levam, do lado esquerdo do uniforme, a Bandeira Nacional e, do mesmo lado, no coração, o orgulho de ser brasileiro.

Neste dia, ao evocarmos a bravura dos heróis de Guararapes e da FEB, reafirmamos nosso compromisso com os valores que nos guiam: a disciplina, o patriotismo, a hierarquia e, principalmente, o espírito de servir. Nossa fortaleza, como Instituição de Estado integralmente devotada à missão constitucional, decorre da imparcialidade e do profissionalismo que sempre devem caracterizar nossas ações. Que o exemplo daqueles que nos antecederam inspire cada um de nós a seguir honrando a farda que vestimos e a Bandeira que defendemos! Que continuemos unidos, prontos para superar os desafios do presente e do futuro, sempre em defesa de nossa Pátria e de nosso povo!

Viva o Exército Brasileiro! Viva o Brasil!

RADAR(veja) – Edição: Montedo.com

Respostas de 25

  1. Sempre esse papo de altruísmo, enquanto a classe política, o judiciário e as demais carreiras de estado querem dinheiro, que esse sim coloca comida na mesa.

    1. A conta não fechará. Haverá reformas de novo pra nós. Estamos perdendo tempo na forças armadas. Vamos debandar. Ainda podemos ser competitivos na iniciativa privada e ganhar um salário baseado no trabalho. Forças já eram. Quem entrar lá seja caiado, tarcísio, Marçal, Gustavo Lima ou o Bolsonaro vai rachar com os praças de novo. Não tem jeito. Teto do RGPS vai pegar todo mundo. Ainda dá tempo de ganhar dinheiro e fazer algo por si e pela família. Pensem.

  2. Saiu o contracheque da FAB, tivemos 4,5 de reajuste, quem sabe explicar porque o imposto de renda teve 7,2 de aumento. Sempre o imposto de renda aumenta mais.

    1. Creio que porque todo reajuste sempre é sobre o soldo. Já os descontos – como o imposto de renda – não é apenas sobre o soldo, mas sim sobre todo o bruto ou sobre o bruto menos algumas deduções (caso desse imposto).

      Assim, sempre teremos descontos maiores que o reajuste.

    2. Só Complementando o que escrevi sobre o porquê dos descontos serem maiores: descontos maiores que os reajustes em termos relativos, não em valores absolutos, óbvio.

  3. Na minha opinião (e como cidadão ainda me assiste esse direito pela atual CF) essa Instituição nunca foi imparcial. Talvez na época do Império o fosse.

    Se ontem se tinha o “Exército de Bolsonaro”, hoje temos o “Exército de Lula”.

    Lembremos que logo na virada tivemos um militar, detentor de “bordados na lapela”, declarando a sua admiração pela “inteligência emocional” do presidente Lula.

    Assim é a tal “imparcialidade”: muda de imediato ao sabor dos ventos.

    É só observar o cuidado, o esmero, a delicadeza e presteza em atender o atual mandatário do Alvorada.

    Simples assim.

  4. A Força avança, mesmo com os próprios militares ( militares, Ex militares, militares com mandato, militares da reserva), alheios aos interesses da nação, destruindo instituições, pregando a Desordem, defendendo criminosos e virando as costas para as FA. Identificai-vos e não marchai-vos com eles, são Traidores de Caxias.

  5. Tristeza total na Familia Militar, com esse ministro do defesa, e nossos Comandantes Militares, que não olham a tropa com dignidade, chega de papo furado, Queremos, vencimentos dignos para colocar comida na mesa, para nossas familias, e moradia descente para morar,. Porque nos abandonaram dessa maneira covarde, a tropa não merecia isso de Vcs politicos, façam alguma coisa urgente por favor.

  6. Enquanto não criarem uma escola e uma carreira única a tendência é só piorar. Sou a favor de entrar como soldado Concursado com nível superior e ganhando um pouco a mais e poucos chegarem a máximo major..a maioria só chegar a subtenentes e extinguir a Amam. Sendo assim não teremos mais sangue sugas dos Generais e outros puxa sacos e o restante da tropa podem ser temporários uns 85% a 90%. Isso Dario para pagar , repito pagar um salário digno e sem precisar jogar as forças armadas no INSS. Ao contrário INSS. O que estou falando lógico não deve ser de noite para dia e sim der uma transição justa para os que tiverem no caminho não perderam nada. Isso é sim bem na tropa e no Brasil.

  7. E esses dias q passando no tfm, fui chamado de melancia, minha atitude foi rir da incompetência dos meus superiores q deixaram um bando de esquerdista no Comando, *caráter não se compra* fica a dica.

  8. Aos que votaram no atual mandatário do país ,fica o desprezo que esse tem por nós militares,depois de anos sem reajustes salarial esse governo nos dá migalhas que não resolverá as perdas inflacionarias dos anos anteriores,como não voto em PT ,essa culpa eu não tenho,só peço a Deus que me dê força pra suportar esse período turbulento.

    1. Perfeito!!!!!

      E acrescentaria: depois de declarar apoio a quem ganhar, afirmo que sempre fui legalista e contrário a qualquer ruptura institucional.

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