Oficial é suspeito de participar de articulação de plano para matar Lula, Alckmin e Moraes; defesa diz que as suspeitas ‘não condizem com a realidade’
Eduardo Gonçalves
Brasília – Preso preventivamente desde a última terça-feira, o tenente-coronel Rodrigo Bezerra Azevedo deve prestar depoimento na próxima semana à Polícia Federal. Segundo a PF, ele fazia parte de um grupo de elite do Exército, os “kids pretos”, suspeito de envolvimento na articulação de um plano para capturar ou matar o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o vice Geraldo Alckmin. A defesa do militar diz que os fatos “não condizem com a realidade”.
Ele é o único alvo de prisão preventiva da Operação Contragolpe que não consta na lista dos 37 indiciados pela PF por suposta participação em um plano de golpe de Estado. Os nomes e a descrição dos crimes atribuídos a cada um estão relacionados em um relatório enviado ao Supremo Tribunal Federal nesta quinta-feira. A PF irá ouvir Azevedo na próxima semana e deve fazer complementos ao documento.
As investigações apontam que Azevedo integrava o grupo da rede Signal chamado de “Copa2022”. Nesse chat secreto, militares identificados com codinomes de países, como Gana, Alemanha e Japão, discutiram o itinerário e o monitoramento do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes por Brasília. Azevedo seria o integrante “Brasil” do grupo.
“Tais fatos evidenciam que Rodrigo Azevedo associou-se à ação clandestina que tinha a finalidade de prender/executar o ministro Alexandre de Moraes, empregado técnicas de anonimização para se furtarem à responsabilidade criminal, visando consumar o golpe de Estado”, diz o relatório da PF.
A defesa de Azevedo disse que os “fatos imputados a ele” não “condizem com a realidade”. “Já estamos reunindo e organizando documentos e provas para apresentar às autoridades, com o objetivo de esclarecer os equívocos presentes no relatório da polícia judiciária. Tudo será devidamente demonstrado e comprovado. A prisão do oficial foi equivocada e desnecessária”, escreveu o advogado Jeffrey Chiquini, em nota.
O defensor também pediu à Justiça que ele, que está preso no Rio, seja transferido para Goiânia. O Exército afirmou que não comenta “processos em curso”.
Além da prisão preventiva, Moraes determinou o afastamento de Azevedo do cargo. No fim de 2022, ele servia ao Comando de Operações Especiais, em Goiânia.
Segundo a PF, o tenente-coronel Azevedo também fazia parte de um grupo no WhatsApp chamado “Dosssss!!!”, que era administrado pelo tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro. No dia 30 de dezembro de 2022, ele postou uma mensagem, lamentando a falta de ação das Forças Armadas.
“Rapaziada esse grupo aqui pra mim perdeu a finalidade…. deixo aqui um abraço pra FE de verdade que fizeram o que podiam pra honrar o próprio nome e as Forças Especiais… qqq coisa estou no privado!! Força!!”, escreveu ele.
O relatório final sobre a trama golpista tem 884 páginas e está sob sigilo de Justiça no Supremo Tribunal Federal. A expectativa é que o ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito na Corte, encaminhe o documento à Procuradoria-Geral da República na próxima segunda-feira.
O GLOBO – Edição: Montedo.com
3 respostas
Vi em outro blog, que tinha sido esse que tinha fechado um acordo de Delação Premiada.
Alguém confirma ?
É essa mesma pf que perseguiu e capturou em 50 dias DOIS presidiarios que haviam fugido de presídio de segurança máxima. A bem da verdade só Levou a fama, porque quem realmente capturou os meliantes foi a Polícia RODOVIÁRIA Federal, que os localizou através de seu orgão de inteligência.
Agora a mesma pf que fez relatório de investigação de 900 páginas e enviou incompleto ao stf, indiciando 37 entre militares e civís que foi incompleto, pois ainda vai inquirir um kid preto “que diga-se de passagem está preso” será mais um inquérito sem fim? quantas complementações serão feitas sem o MP solicitar? Isso é estranho.
E o que seria sigiloso, assim cada um escolhe um trecho para carimbar sigiloso; e aquilo que pensam ser brilhante aos holofotes não tem sigilo e sim divulgação midiática?
O sigilo não seria desde a primeira letra do texto até o ponto final após as assinaturas?
Apaga que dá tempo