A individualidade coletiva

 

O episódio do deputado aos berros inquirindo o comandante do Exército sobre a desastrosa conduta da Força e ficando sem respostas é digno de humilhação, somente reservado aos traidores e covardes

Nelson Weber*

Definitivamente não somos uma ilha. Nossas ações repercutem e trazem consequências. Um pai de família, em cada ato, molda, transforma e mesmo indiretamente, atinge os seus. Daí advém a responsabilidade e passamos a pesar os impulsos, antevendo as resultâncias .

Nos últimos acontecimentos, diante da falta a quem recorrer, milhares de cidadãos desesperados, buscaram frente aos portões do Exército a resposta aos seus cívicos anseios. Como essa não veio, um misto de desânimo e decepção se abateu sobre grande parcela da população. O estrago foi enorme e o prestígio das FFAA, até então irretocável, desabou da noite para o dia, numa hecatombe sem precedentes.

Particularmente, admito que senti o golpe. Sabia das dificuldades, da tarefa hercúlea que tinham pela frente, mas como sou um obcecado na missão, confiava cegamente na Instituição. Mesmo porque tínhamos à testa, um Comandos e para mim, fazia toda a diferença.

Confesso que minha frustração foi dobrada. Alicerçado no meu atávico ideário, me transparecia nítida a tomada de posição em prol da democracia, que julgava em risco, dada a falta de transparência, interferências indevidas e a impossibilidade do voto ser auditado. Diante de tamanha fragilidade, à mim e grande parcela do povo brasileiro, a correção de rumos fazia-se imperiosa. Diante dos poderes completamente ineptos, só restava as FFAA, que negaram fogo.

O engodo, que não se tinha amparo legal para corrigir os rumos, é sedutor em suas filigranas legais, mas frágil moralmente. É óbvio que os revanchistas de 88, jamais consentiriam em escrever uma linha sequer, propugnando qualquer desempenho maior às FFAA. Essas, historicamente, se fazem necessárias, quando todas as outras instituições se mostram incapazes. Se o bom senso, diálogo, diplomacia e tudo o mais não for suficiente, recorre-se à guerra e por mais que procuremos, não iremos encontrar amparo legal para destruir o inimigo, mas está implícito.

Ontem, na solenidade do dia do Exército, houve total ausência de público. Exército é o povo em armas. Quando existe uma desconexão entre FFAA e seu povo, algo não está bem, isso é seríssimo e nos leva a conjecturar: um comando servil pode facilmente desvirtuar nossa mais cara instituição em ignóbil guarda pretoriana e depois descambar para organização narcotráfica ou simplesmente anômica. O figurino não encontra-se distante. A similitude com o servilismo atual acende um sinal de alerta de que a mudança de rumo é mais do que necessária. Só não vê, quem não quer.

O recente episódio, do ínclito deputado aos berros inquirindo o comandante do Exército sobre a desastrosa conduta da Força e ficando sem respostas é digno de humilhação, somente reservado aos traidores e covardes.

Após a avalanche de descrédito se abater sobre as FFAA, algo nunca visto anteriormente e chegando alcançar até a reprovação do seu público mais fiel, seus veteranos. É visível, o não comparecimento do pessoal da reserva em solenidades militares. Nota-se uma insistência nos convites e aumento de solenidades com o claro propósito de trazer de volta os descontentes. Na Marinha, recentemente fizeram uma solenidade para comemorar o primeiro atracamento do submarino, algo sabidamente rotineiro.

Em tempos de narrativas, tenta-se inocular na população um subterfúgio astucioso de que a ação desastrosa foi realizada unicamente pelo comandante, mal assessorado por alguns membros do Alto Comando do Exército. Tal assertiva não se sustenta. O comandante atual segue a mesmíssima linha de pensamento do antecessor, daquele que tomou as decisões que tanto criticamos. Então só nos resta concluir, o Exército que nós nos orgulhávamos de ter um dia pertencido, só existe nas nossas saudosas memórias. O atual é outro, isso é fato, mas sempre haverá a possibilidade de reverter.

Um exército avança sob a vontade dos seus bravos. Os que hoje envergam a farda de um passado glorioso, devem ter em mente, que está em suas mãos a mudança de rumo ansiosamente esperada por nós e por todos aqueles que comungam os mesmos valores que sustentaram essa nação, até hoje.

O comandante fala e age em nome da Força. O Alto Comando (ACE) é o colegiado mais significativo do Exército. Esses em seus altos postos, representam e realmente são a Instituição. Soa ridícula, a tentativa de desvincular o Exército dos infelizes atos. Um oficial do mais alto posto, chegando ao ápice da carreira é o mais proeminente representante do Exército Brasileiro. Ele estudou nos diversos cursos militares necessários ao longo da carreira, tendo a sua formação aos moldes do que a instituição exige. Foi galgando os postos, segundo os critérios e méritos propugnados pela mesma. Ninguém chega lá sem estar completamente identificado com a Força. Em suma, o comandante é o Exército.

Aprendemos nos primeiros dias de caserna, sentados nos duros bancos de instrução, que quando veste-se a farda, a individualidade esmaece. Qualquer ato passa a ser contabilizado para a instituição que ele integra. Exemplificando, ninguém lembra mais o nome do infeliz militar de megafone cooptando idosos, senhoras e crianças a adentrarem nos ônibus em Brasília, para aquele vergonhoso tour. Implacavelmente, a conta sobrou para o Exército.

* Nelson José Weber é capitão do Exército. Formado em Educação Física, Sargento de Artilharia em 1973; Curso de Comandos/78; Medalha Marechal Hermes do CAS/1980 .

32 respostas

    1. Está dividido em razão da canalha LEI DO MEU PIRÃO PRIMEIRO !!! DIVIDIDO DEVIDO A MAIS ALTA TRAIÇÃO CONTRA PARTE DO PRAÇAS QUE AMARGAM SEM REAJUSTE HÁ 7 ANOS E O SINISTRO SILÊNCIO DO CMT DO EB EM RELAÇÃO Á SITUAÇÃO DE DESGRAÇA DOS QUE NÃO FORAM COMTENPLADOS COM A LEI DO MINTO QUE DIVIDIU O EB PELA PRIMEIRA VEZ NA História !!!qUANTO ao texto,digo uma coisa : Cap nós estamos em 2024 e o Sr hiberna com um pensamento da Guerra Fria; vivemos em uma época diferente daquele período de 1964;temos contexto e oficiais comandantes diferentes daqueles homens daquela época,diante disso digo ao Sr com toda a razão – NÃO CABE MAIS INTERVENÇÕES NA SOCIEDADE – como aquelas que o antigo eB tinha com praxe por diversas ocasiões !!! Se o Minto tivesse ficado calado teria vencido o Lula, se o Minto tivesse se cercado de profissionais da política e não de MILITARES MERCENÁRIOS – teria vencido facilmente o descondenado !!! pERDEU PORQUÊ É ruim de comunicação ,além da insolência que o impediu de seguir carreira militar !!! Cap vá viver o Sr. ainda tem de vida,pois nosso tempo corre veloz !!! AGORA é Tarcísio para 2026 !!!

      1. Pois é, Zé. O Minto é um fracassado que está reunindo mais de 1 milhão de fanáticos neste momento em Copacabana. E a tua esquerda progressista e vencedora usa as mesmas táticas de 1917 com pitadas de Antonio Gramsci. Enquanto isso teu comandante cumpre decisões judiciais ao arrepio da Lei.

      2. Nossos oficiais são diferentes dos daquela época.

        -eles tem medo de arma
        -eles so sabem de formatura
        -eles vivem com frases e utopias de 70 anos
        -eles colecionam bonequinhos e medalhinhas na mesa
        – eles nao tem ideia do mundo
        – eles se acham muito especiais e testados embora nunca tenham feito nem uma patrulhinha real

        1. Sim, os oficiais daquelas epocas tinham uma mentalidade e vida baseada nos patronos,isso era meta de vida, além de não esquecer, que grande parte daqueles generais eram veteranos da 2ª Grande Guerra – os caras lutaram contra os nazistas, entre eles ,o próprio CASTELO BRANCO que foi Cap S3 no teatro de operações, entende ??? eRAM guerreiros estiveram envolvidos também na Revolta de 1932. Os oficiais daquelas épocas eram os – HOMENS DOS BOTÃO DOURADOS -ENTENDE ?? JURAMENTOS ERAM SAGRADOS. e hoje ??? o que temos??? existi algum oficial que inspira praças ??? isso acabou, ficou no passado,aqueles líderes honrados e caráter,viviam sempre próximos da tropa.Leiam o testamento de Caxias,estudem Osório e Sampaio,vejam como em que situação financeira morreram os generaIS do Regime Militar. e HOJE ??? tropa dividida pela Lei do Mal II E gENERAIS limpinhos,com muitos brêves de plástico e ADICIONAIS DA MERITOCRACIA DOS – “” CONCURSADOS””” – QUE FORAM PARA ESPCEX VIA COTA DOS COLÉGIOS MILITARES.tRISTE EB.

    1. Existem 02 exércitos….todos sabem disso…

      O primeiro é cheio de promoções, Assunção de comandos, missões no exterior, intermináveis viagens com dinheiro no bolso, pNR a vontade…

      O segundo, é o Exército dos soldos Miseráveis, pagando aluguéis caríssimos, missões 0800, raras promoções e escala de serviço 24h/24h no lombo….

      O Pracinha só toma chibata no lombo….Salários Miseráveis!!!

      Esse Desgoverno Só tende a aprofundar nossas perdas enquanto o Funcionalismo está se lambuzando em Gordas Reestruturações em suas Carreiras e Reajustes de dois Dígitos até 2026!!!

      Temos que tirar Lula e sua quadrilha do poder em 2026!!!

  1. O Exército precisa curar sua feridas internas,unir a tropa que de alguma forma está insatisfeita de algum modo e recuperar seu prestígio com todos coesos….

  2. Não adianta passaram pano. Pois se tem algum culpado nessa história é o presidente Jair Messias Bolsonaro o inelegível e alguns corjas que tentaram dar um golpe. Sempre falei que a direita tanto falou que a esquerda ia dar golpe. Mas se vê ao contrário a direita tentando fazer o que atribuíram a esquerda. Em breve o Jair Messias Bolsonaro pagará por sua traição as pensionistas ,veteranos e praças e os envolvidos. Pois aqui se faz aqui se paga. Nada melhor que um dia após o outro. O tempo é o senhor absoluto da razão.

  3. Hoje recebi um vídeo no whatsapp de um militar declamando um poema e a tropa toda em forma tendo que ouvir aquilo enquanto um outro tocava violão. A que ponto chegamos Srs declamação de poema em formatura. Só pode ser sacanagem.

    1. Agradeça por isso , sub. Imagina se você tiver que entrar em combate hoje na Ucrânia. Um minidrone iria persegui-lo como se fosse o mosquito da dengue e iria acertar o seu traseiro. Não reclame. Chega de embuste.

  4. O energúmeno advindo do baixo clero é o principal responsavel pela insatisfação da maioria dos graduados, traíra mor, desqualificado.

  5. Toda essa Desgraça começou na aprovação da PL 1645 quando ficou Conhecido o caráter de alguns. Lembro- me do falecido Senador Maj Olímpio aos gritos no Congresso Nacional: Generais Mentirosos. Eis aí o início de tudo.

  6. Tem sido postado aqui no blog….sim! Temos Comandante….MAS LÍDER….isso não temos e nesse mundo Polarizado, isso fará uma grande diferença!!

    Temos um comandante que não se preocupa com o soldo da sua Tropa……

    …..isso ainda poderá fazer muita falta no futuro….

  7. Falou e Disse
    Tião Carreiro e Pardinho

    Gavião da minha foice não pega pinto
    Também a mão de pilão não joga peteca
    O cabo da minha enxada não tem divisa
    As menina dos meus olhos não tem boneca

    A bala do meu revólver não tem açúcar
    No cano da carabina não vai torneira
    A porca do parafuso nunca deu cria
    Na casa do João de Barro não tem goteira

    O cravo da ferradura não vai no doce
    A Serra da Mantiqueira nunca serrou
    A pata do meu cavalo não bota ovo
    Eu não vou comer o pão que o diabo amassou

    Os quatro reis do baralho não tem castelo
    Também o quatro de paus não é de madeira
    Por onde o navio passa não tem asfalto
    Caminho que vai pra lua não tem poeira

    Cachaça não dá rasteira, derruba a gente
    A língua da fechadura não faz fofoca
    Pra fazer este pagode não foi brinquedo
    Eu me virei no avesso e não sou pipoca

  8. * Nelson José Weber é capitão do Exército. Formado em Educação Física, Sargento de Artilharia em 1973; Curso de Comandos/78; Medalha Marechal Hermes do CAS/1980; e Terraplanista.

  9. Nelson José Webe faz parte daqueles Sgt que compravam uma casa com o dinheiro da transferência da selva.
    Viveu em outro tempo e nem de perto conhece o que vive um Sgt nos dias atuais morando em capital e pagando aluguel, pj, transporte, escola para os filhos.

    1. Tempo bom, construído por Militares de outra geração, gente que começava a trabalhar aos 7 anos na roça, outros com CLT aos 12 anos. Hoje em dia nem aos 18 anos se consegue habilitação para o trabalho, as regras do Direitos Humanos dizem que é trabalho escravo, exploração de “menor”. Deu nisso, geração “não me toque”, chorões que querem gastar e torrar em vida boa a pensão da mamãe e do papai.

      1. Meu guri tem 37 anos e está estudando para concurso ainda.
        A menina casou, nao trabalha, mas arrumou um bom marido, sargento.
        Não sei onde errei. Na verdade vejo ao redor e muita gente está na mesma, essa geração não quer trabalhar, os mais jovens vivem em rede social e as meninas mais jovens ganham dinheiro sensualizando. Pegar na enxada eles não quer.

  10. Quem Dividiu, disseminou o ódio entre oficiais e praças, ativa e reserva e até mesmo dentro dos postos e Graduações pela quebra da paridade, não foi a esquerda, não foi o PT, muito menos o Psol ou mesmo o terrível partido comunista brasileiro. Quem destruiu os pilares basilares das FFAA foi o falso Meçias, Bolsotrevas e seus generais do Centrão Militar Verde Oliva Traidores Da Pátria E Da Tropa. Simples assim.

  11. “Só restaram as FFAA, que negaram fogo”.. é sério isso? quer dizer que o autor desse texto acha mesmo que tinha que ter golpe? e o dia seguinte? Golpe pelo mito que passou 4 anos falando besteiras e fakenews? ele, sim, arrastou as FFAA pra dentro dessa loucura. acorda

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