Tia Odette foi um exemplo de esforço e determinação e contribuiu na formação de diversas gerações de alunos da EsPCEx
Campinas (SP) – A Escola Preparatória de Cadetes do Exército (EsPCEx) perdeu no último dia 27, a Dona Odette Valentim Domingos, carinhosamente conhecida como “Tia” Odette, que foi ex-atleta e campeã em diversos jogos regionais, campeonato pan-americano e conquistou títulos mundiais e medalhas.
Vinda do Interior de São Paulo, Odettte Domingos espalhou destaque e reconhecimento para os cinco continentes do globo, sempre viajando para competir. Entre suas conquistas destacam-se: campeã dos Jogos Abertos de Interior diversas vezes, dos Jogos Regionais, Paulista, Brasileira; pentacampeã sul-americana e master; participou também do campeonato pan-americano e conseguiu cinco títulos mundiais, atingindo o recorde de 53 metros no lançamento de disco, chegando muito próximo de participar das Olimpíadas de 1964, no Japão.
Mais de 3 mil troféus e medalhas abrilhantam as paredes de sua casa.
Uma mulher encantadora e de personalidade forte, Tia Odette é um exemplo de esforço e de determinação. Ela afirma ter esperança nos jovens responsáveis pelo futuro do Brasil e, é claro, nutre uma grande paixão pelo Exército, instituição pela qual foi bastante apoiada em sua carreira por causa de seu companheiro, Argemiro Roque, que já treinava alunos da EsPCEx.
Desde criança, tinha um sonho e se esforçava por ele: o esporte. Odette carregava consigo uma longa história de sangue, suor e lágrimas, mas nunca se deixou abalar pelas dificuldades da vida. Nascida na “roça”, com pais humildes, mudou-se para a cidade de Campinas na busca de uma vida melhor, trabalhando como empregada doméstica para se sustentar e investir em sua paixão.
Chegou até mesmo a ser merendeira de uma creche municipal, mas sempre dedicada ao treinamento, principalmente, quando com 16 anos, conheceu seu maior apoiador, o treinador Argemiro Roque, que tempos depois se tornaria seu companheiro, o primeiro e único namorado dela.
Seu treinamento foi permeado por desafios: em suas primeiras competições, Odette não tinha roupas para participar e ficou à mercê da criatividade para fazer seus próprios trajes a partir de roupas velhas. Em outras ocasiões, a atleta também passou apertos. Em uma copa latina, na qual disputava lançamento de disco, estava com as sapatilhas rasgadas. Sua alternativa então foi competir com remendos de esparadrapo e, para a surpresa geral, conquistou seu terceiro recorde Sul-Americano.
Todo seu sucesso foi devido aos treinos, que eram praticamente como competições, pois que “Tia Odette” trabalhava durante todo o dia para treinar de noite, muitas vezes sem comer. Mas a vida não era feita apenas de obstáculos; Odette era uma mulher extremamente dedicada e, fruto disso, conquistou diversos títulos e prêmios.
Apesar da carreira internacional cheia de títulos — e do enorme respeito dentro da comunidade esportiva —, Odete nunca conseguiu guardar dinheiro. Apenas recentemente quitou a casa própria. Antes, viveu pagando aluguel.
Tia Odette vivia rodeada de cães, maritacas e papagaios em sua casa. Ela morava em um imóvel simples, de seis cômodos, no Jardim Flamboyant. Na fachada, revestida com tijolinho à vista, chamam a atenção as esculturas de animais espalhadas pela garagem.
Com EB e HORA de CAMPINAS
2 respostas
Grato pelo legado deixado.
essa mulher deve servir de exemplo pra militância negra charope que fica só de mimimi e vitimização. Racismo estrutural é meu ovo.