Até dezembro de 2022, a frota naval chinesa ultrapassou a dos Estados Unidos em números totais, com 370 navios contra 291
Antônio Caiado*
Nas últimas décadas, a China tem se dedicado a um processo de fortalecimento e modernização das suas forças armadas, com um enfoque notável na expansão de sua marinha. Até dezembro de 2022, a frota naval chinesa ultrapassou a dos Estados Unidos em números totais, com 370 navios contra 291. No entanto, os Estados Unidos ainda mantêm a primazia em termos de navios de combate de superfície, com 122 unidades contra 92 da China, refletindo a ênfase americana na prontidão e no poderio naval.
A diferença mais acentuada se manifesta na frota de porta-aviões, um símbolo de projeção de força global, onde os Estados Unidos possuem 11, em comparação com apenas 2 da China. Em relação aos aviões de combate, os Estados Unidos exibem uma superioridade numérica considerável, com 988 aeronaves, mais que o dobro das 456 chinesas. Os helicópteros americanos também superam os chineses em grande número, 689 contra 116, o que evidencia a capacidade de mobilidade e flexibilidade americana.
No contexto submarino, a China apresenta 6 submarinos de ataque nuclear, comparados aos 53 americanos, e ambos os países possuem 6 submarinos lançadores de mísseis nucleares. A China ainda conta com uma frota de 56 submarinos de ataque a diesel, uma categoria na qual os Estados Unidos não mantêm ativos, demonstrando uma estratégia naval chinesa que ainda busca diversificar suas capacidades.
A China se destaca por seu crescimento em quantidade de equipamentos militares, mas a qualidade e a experiência operacional dos Estados Unidos ainda são vistas como superiores. O orçamento militar chinês, embora substancial, é menos da metade do americano. Além disso, os Estados Unidos continuam a liderar em inovação tecnológica, uma vantagem que se estende por todo o espectro militar, não apenas na marinha.
Apesar de a China ter conseguido avanços em pesquisa de alta tecnologia, como armas hipersônicas e drones subaquáticos, ainda enfrenta obstáculos significativos na produção em massa e na integração eficaz dessas tecnologias em seu aparato militar. Os desafios internos, como a corrupção e a dependência de componentes estrangeiros, também são barreiras que impactam o desenvolvimento militar do país.
Por outro lado, os Estados Unidos se beneficiam de uma tradição de inovação e uma base industrial robusta, mantendo uma vantagem qualitativa em relação à China. A guerra na Ucrânia evidenciou as lacunas nas capacidades das armas russas, que servem de modelo para muitas das armas chinesas, enquanto o aparato militar americano demonstrou adaptabilidade e sofisticação frente aos desafios modernos.
Em suma, enquanto a China tem feito avanços notáveis, há uma clara distinção entre o alcance e a profundidade das capacidades militares dos Estados Unidos. A experiência americana, aliada a um orçamento mais robusto e uma tradição de excelência militar, ainda coloca os Estados Unidos à frente em termos de prontidão de combate e inovação tecnológica.
*Antônio Caiado é goiano e atua nas forças armadas dos Estados Unidos desde 2009. Atualmente, serve no 136ª maneuver enhancement brigade (MEB) senior advisor analisando informações para proteger tropas americanas em solo estrangeiro.