Ricardo Montedo
Canetaço
Repercute nas guarnições do interior do Rio Grande Sul a decisão do Comandante do Exército, General Enzo, que extinguiu num só canetaço os hospitais militares de Santo Ângelo, Cruz Alta e Uruguaiana, transformando-os em postos de saúde.
As três cidades possuem diversas unidades militares e, além do pessoal da ativa, abrigam inativos, pensionistas e dependentes de militares, o que eleva aos milhares o número de atendidos pelo Fundo de Saúde do Exército (FUSEX).
A medida atinge também os municípios de cada região atendidos pelos hospitais, como Itaqui, Quaraí, Ijuí, Passo Fundo, Santa Rosa e São Luiz Gonzaga. Cerca de dezesseis mil usuários serão prejudicados pela decisão do Comando do Exército.
A limitação drástica da capacidade de atendimento, em face da transformação dos hospitais em simples postos de saúde, é fator de grande insegurança para a família militar, pois diversos serviços deixarão de ser disponibilizados, como cirurgia, cardiologia e ortopedia, além da internação.
Isso vai submeter milhares de contribuintes do FUSEX, entre os quais muitas crianças e idosos, a enfrentar viagens de mais de cem quilômetros para buscar atendimento especializado e internação nos hospitais militares remanescentes.
Pacote inexplicado
A medida faz parte de um pacote de atos que reestruturam o serviço de saúde do Exército, publicados no último dia 09 no Boletim da Força, sem consulta prévia ao público atingido pela medida ou levantamento das dificuldades que a extinção dos hospitais acarretarão as famílias. Também não foi dada explicação alguma pelos comandos militares locais ou pela 3ª Região Militar, de Porto Alegre, a qual os hospitais extintos são subordinados.
O exemplo que vem de cima
Pelo visto, os generais seguem a mesma linha adotada pelo Ministro Nelson Jobim, que não dá a menor pelota aos altos coturnos na hora de tomar as decisões mais relevantes , como no caso da reestruturação das Forças Armada, que prevê a extinção de diversos cargos do generalato ou na compra dos caças Rafale, já decidida e anunciada pelo presidente Lula.
Nesses casos, os protestos tomam a forma de murmúrios para a imprensa, em “off”, revelando o conformismo dos chefes militares que, ao fim e ao cabo, vislumbram logo adiante uma vaga no STM ou assento no conselho de administração de uma grande estatal, o que lhes renderá polpudos dividendos.
Intranquilidade
Assistindo a inação de seus chefes, a tropa, com seus salários baixos, material precário, sem comida, sem motivação e fazendo das tripas, coração para manter um grau mínimo de eficiência, tem que suportar também a extinção de hospitais, que expõe as famílias a uma situação de fragilidade, enquanto os intranquilos profissionais militares dedicam-se diuturnamente a cumprir sua missão constitucional, pelo bem do Brasil.
5 respostas
E LAMENTAVEL MAS ESSE E O NOSSO BRASIL, EXTINGUE-SE HOSPITAIS, QUANTOS MIL IDOSOS FICARAO NA MAO, MAS COM CERTEZA OS COFRES DA NAÇAO ESTAO PREPARADOS PARA FINANCIAR COPA DO MUNDO, EMPRESTAR DINHEIRO A OUTROS PAISES E NAO PODEMOS ESQUECER DA VERBA PARA OS JOGOS OLIMPICOS, POIS E QUE SE DANE O POVO PARA QUE HOSPITAIS, SOBRA POUCA VERBA PARA COMISSOES NA SAUDE. MARCO ANTONIO GAMA, ADVOGADO E CONTADOR
Anônimo das 10:38:
Não posso postar seu comentário, a não ser que você se identifique, de outra forma estou assumindo a responsabilidade pela sua opinião.
O grande problema do Fusex é somente a abrangência.
A capacidade de atendimento no lugar que existe é deficiente e o desconto é obrigatório em Contra-cheque do militar.
Ao ir para a reserva somos obrigados a morar em lugares que tem atendimento, perto de grandes Guarnições militares.
Se morar longe tem que bancar os gastos com médicos e hospitais e depois esperar meses ou até anos pelo ressarcimento.
Criaram até o Cartão verde-amarelo (tá mais pra vermelho) que é um horror de caro.
Isso pode fazer parte de um planejamento futuro: o ingresso da família militar na fila do SUS. Ou pagamos o Verde- Amarelo, ou vamos para o SUS. Qual será a etapa seguinte? Aposentadoria via INSS? Lembremos que tudo começou com FHC, e com a MP 2215-10. Aquela que nos tirou Auxílio MOradia, LE, e outras "regalias" – Nós militares, somos cheios de "regalias". Somos movimentados para qualquer lugar do BRASIL, sempre atendendo interesse da Força.
Na verdade, falta-nos políticos sérios, militares da ativa e da reserva, para que possamos mudar alguma coisa neste País.
Ou estamos querendo a onda "Bolivariana"?
Luiz Paulo Rosenstengel
Servi em hospitais militares por mais de 20 anos, (cinco hospitais), conheço in loco, as dificuldades de toda ordem enfrentadas dentro dessas OMS, para atender com o mínimo de efiência seus usuários. Entretanto, o serviço de saúde nas forças armadas não tem o devido reconhecimento pelos cmts das três forças, nem mesmo é dispensado o tratamento adequado a seus integrantes, inclusive aos Diretores de Hospitais que preferem se omitir e calar-se ao invés de demonstrar a verdadeira necessidade da família militar, SEM POLITICAGEM. Vítor Soares Ferreira – 2º Ten Reserva – Advogado militante, Natal, RN.