General é o que tem contra si menos evidências de participação na intentona golpista

Malu Gaspar e Rafael Moraes Moura
Rio e Brasília – Entre os 23 militares denunciados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por envolvimento na trama golpista para impedir a posse do presidente Lula, a cúpula das Forças Armadas calcula que ao menos um tem chances de escapar de uma condenação do Supremo Tribunal Federal (STF).
Nas avaliações internas feitas reservadamente por militares de alta patente, a leitura é a de que o general de duas estrelas Nilton Diniz Rodrigues é o que tem contra si menos evidências de participação na intentona golpista que culminou com a invasão e a depredação da sede dos três poderes em Brasília, em 8 de Janeiro.
Na leitura desses militares, Nilton só foi envolvido na trama por ser na época assistente do então comandante do Exército, o general Freire Gomes.
As nove citações a Nilton encontradas na denúncia envolvem uma reunião que discutiu a elaboração da “Carta ao Comandante do Exército de Oficiais Superiores da Ativa do Exército Brasileiro”, uma mensagem exortando o comandante a aderir ao golpe que circulou em grupos e listas no WhatsApp.
O general foi incluído pela Procuradoria-Geral da República (PGR) no chamado “núcleo 3” da trama golpista, formado por um policial federal e militares da ativa e da reserva do Exército, incluindo os “kids pretos” acusados de tramarem o sequestro e a morte de autoridades.
A denúncia desse grupo será julgada pela Primeira Turma do STF entre os dias 8 e 9 de abril.
Assim como o ex-presidente Jair Bolsonaro, que integra o núcleo 1, eles são acusados pelos crimes de tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado, envolvimento em organização criminosa armada, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.
Na acusação da PGR, Paulo Gonet afirma que para assegurar o êxito das iniciativas golpistas, “os kids pretos” decidiram organizar reunião para desenvolver “estratégias de pressão” sobre os comandantes.
Em uma das mensagens captadas pelos investigadores, o coronel Bernardo Romão Corrêa Netto, então assistente do comandante militar do Sul, escreve ao coronel Fabrício Moreira de Bastos, em 26 de novembro de 2022: “Resolvi tomar uma iniciativa e conto com o apoio do Nilton para isso. Reunir alguns FE (Forças Especiais) em funções chaves para termos uma conversa sobre como podemos influenciar nossos chefes. Para isso vamos fazer uma reunião em Brasília”.
“Bora”, responde Fabrício Bastos, aderindo à proposta. O coronel Corrêa Netto acrescenta: “O Nilton está vendo onde”.
Dois dias depois, Correa Netto encaminhou mensagem para o então ajudante de ordens de Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid, informando o endereço e horário da reunião, que ocorreu às 19h, no salão de festas de um edifício da 305 Norte, onde residia o coronel Márcio Nunes de Resende Júnior.
Um dos temas do encontro foi a elaboração de uma minuta de uma “Carta ao Comandante do Exército de Oficiais Superiores da Ativa do Exército Brasileiro”, que buscava apoio para os planos golpistas.
“Os diálogos confirmam a ideia de reunir exclusivamente militares com formação em Forças Especiais que poderiam, de algum modo, influenciar seus comandantes, valendo-se também dos seus conhecimentos táticos especializados”, frisa Gonet, que também denunciou Corrêa Netto e Moreira de Bastos.
“As mensagens faziam referência ao general Nilton Diniz Rodrigues, que assumira, no período, a função de Assistente do General Marco Antônio Freire Gomes. A necessidade do apoio de Nilton se justificava exatamente por sua proximidade com o Comandante do Exército, que notoriamente repelia ações intervencionistas.”
Conforme informou o blog, a cúpula das Forças Armadas já discute reservadamente as sanções a serem aplicadas aos militares denunciados que eventualmente se tornarem réus por conta de envolvimento na trama golpista.
O Estatuto dos Militares e a lei de promoção dos oficiais prevê uma série de restrições para os integrantes das Forças Armadas que se tornarem réus em ação penal. Nesses casos, ao serem denunciados, eles ganham o status de “sub judice” em suas fichas funcionais, e ficam impedidos de serem promovidos, transferidos, obterem licenças ou até de fazerem cursos.
“É como se eles ficassem congelados”, resume um general que acompanha de perto os desdobramentos do caso.
O GLOBO – Edição: Montedo.com
Respostas de 5
Para quem realmente entende de ” justiça” , sabe como realmente funciona. Se for vingança política,irá ficar anos preso, igual as velhinhas, mas se for corrupto, irá pegar um máximo um ano.
Ninguém escapará da martelada de Xandão. Só Ver as penas aplicadas aos invasores da praça dos três poderes
Terá todo o direito de se defender e caso seja inocente sairá ileso. Aliás todos terão o direito de se defender, mas a PF não brinca em serviço, abasteceram o PGR de provas cabais.
Direito de se defender? Fala sério voce sabe que é um teatro. Estão todos condenados.
Como pode alguem montar um plano militar pra entregar o pais nas maos do capitao mito?
Eh tao absurdo que nem da pra acreditar. E a mesma coisa de tramar um plano pra entregar o pais na mao grande pro molusco.
Tudo farinha do mesmo saco, politicos carreiristas que nao sabem fazer outra coisa alem de mamar nas tetas da nacao.