8/1: defesas usam excesso de planos golpistas para criticar denúncia da PGR

O ministro da Defesa, Braga Netto, e o presidente Jair Bolsonaro durante cerimônia no Palácio do Planalto — Foto: Alan Santos/PR

Defesas de Bolsonaro e Braga Netto usam grande número de planos encontrados para criticar denúncia

Mateus Coutinho
Do UOL, em Brasília
As defesas do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e do ex-ministro Braga Netto usam o grande número de planos e estratégias golpistas encontrados na investigação da PF sobre tentativa de golpe para criticar a denúncia da PGR e apontar contradições entre os próprios documentos.

O que aconteceu
Defesas citaram grande número de documentos em respostas apresentadas ao STF (Supremo Tribunal Federal). Ao todo, a investigação da PF encontrou ao menos oito documentos e anotações nas buscas e quebras de sigilo dos suspeitos de participarem da trama golpista (veja a lista completa abaixo). Para advogados, porém, denúncia da PGR não consegue provar que Bolsonaro e Braga Netto tinham conhecimento deles ou que agiram para colocar algum dos planos em prática.

Além disso, defesas de Bolsonaro e Braga Netto apontam que seria impossível todos os planos serem executados ao mesmo tempo.

Nos documentos há desde o plano “Punhal Verde Amarelo”, que previa o assassinato de Lula, Alckmin e Alexandre de Moraes, até minuta de discurso de Bolsonaro “pós-golpe”. Documentos tinham graus diferentes de detalhamento e estratégias diferentes para impedir a posse de Lula em janeiro de 2023. Para os advogados, diferenças de documentos mostram fragilidade da denúncia da PGR.

Defesa de Braga Netto afirma que denúncia mistura planos que preveem morte e prisão ao mesmo tempo. Oliveira Lima aponta contradição na acusação que afirma que assassinato de Moraes serviria para fazer Bolsonaro assinar um decreto de estado de sítio que, por sua vez, previa a prisão de Moraes.

Defesa de Bolsonaro, por sua vez, diz que denúncia apresentou “cardápio de narrativas” ao STF. Advogados apontam que estratégias de planos são contraditórias entre si e nunca poderiam ser colocadas em prática ao mesmo tempo.

Apesar das críticas, ex-comandante do Exército confirmou à PF que Bolsonaro lhe apresentou minuta golpista. Depoimento do general Freire Gomes, além de trocas de mensagens e provas de que militares foram até a casa de Moraes, em Brasília, são utilizados pela PGR para mostrar que militares queriam que estratégia fosse colocada em prática. Ainda segundo a denúncia, minuta golpista passou por ajustes após ordem de Bolsonaro,, o que justificaria serem dois documentos diferentes.

“Com todos os sinais trocados entre planos e decretos, ora prevendo prisões e novas eleições, ora tramando contra a vida do Presidente, de seu Vice e de Ministro do Supremo, ora falando de uma GLO, ora decretando Estado de Sítio, ora Estado de Defesa, era impossível que todos esses planos estivessem em execução, simultaneamente.”

Defesa de Jair Bolsonaro, em manifestação encaminhada ao STF

A PGR diz que o plano “Copa 2022” previa a morte do Exmo. Ministro Alexandre para possibilitar a assinatura de um decreto no qual o mesmo Ministro seria preso. Tal qual um filme ruim e sem sentido, a denúncia apresenta furos em seu roteiro que desafiam qualquer lógica plausível. De forma surrealista, sustenta absurdos como o plano de prisão de uma pessoamorta.

Defesa de Braga Netto, em manifestação encaminhada ao STF

Os documentos citados na denúncia da PGR

Punhal Verde Amarelo: plano encontrado com o general da reserva Mário Fernandes que previa estratégias para assassinar Lula, Alckmin e Moraes;

Operação Luneta: plano encontrado com o tenente-coronel Helio Ferreira Lima, integrante das Forças Especiais do Exército, e que previa a prisão de ministros do STF, auditoria nas eleições e realização de nova disputa eleitoral;

Copa 2022: plano que teria sido colocado em prática para “neutralizar” Alexandre de Moraes em Brasília mas que foi abortado por falta de apoio do Comando do Exército;

Operação 142: manuscrito encontrado na sala de um assessor de Braga Netto que previa acionar, de forma equivocada, o artigo 142 da Constituição para anular os atos de transição e trocar todos os ministros do TSE;

Ideias força: plano compartilhado por investigados no WhatsApp com propostas de ações para trazer o Comando do Exército para o lado de Bolsonaro;

Decreto de Estado de Sítio: primeira versão da minuta golpista que teria sido apresentada aos comandantes das Três Forças Armadas que previa prisões de ministros e até do presidente do Senado na época, Rodrigo Pacheco (PSD-MG);

Decreto de estado de Defesa: versão do decreto de estado de sítio que teria sido modificada a pedido de Bolsonaro para deixar somente a prisão de Moraes;

Discurso pós-golpe: texto apreendido na sala de Bolsonaro na sede do PL para justificar a assinatura da minuta golpista e justificar a convocação também das Forças Armadas.
BOL – Edição: Montedo.com

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