Marinha é o integrante das Forças Armadas que mais adquiriu medalhas desde 2015. Exército diz que compras são realizadas de maneira variada
Thalys Alcântara, Mateus Salomão
A maior parte das medalhas militares adquiridas pelas Forças Armadas nos últimos 10 anos foram compradas entre 2019 e 2022, período do governo de Jair Bolsonaro (PL), militar aposentado.
O Ministério da Defesa e as Forças Armadas compraram 19,3 mil medalhas entre 2015 e 2024, que custaram um total de R$ 1,6 milhão. Desse total, 75% das unidades de medalhas foram adquiridas durante o governo Bolsonaro.
O valor de cada medalha varia bastante. As mais baratas custam apenas R$ 25. As mais caras chegam a valer mais de R$ 400, como a medalha do mérito aeronáutico no grau Grã-Cruz, que vem em uma caixa de madeira forrada em percalina azul-escuro na parte externa.
A Marinha foi a integrante das Forças Armadas que mais adquiriu medalhas nos últimos dez anos. Foram 4,7 mil unidades.
Em junho de 2023, o Ministério da Defesa condecorou 12 ministros do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com a medalha Ordem do Mérito da Defesa. As Forças Armadas também davam medalhas para ministros do governo de Jair Bolsonaro (PL). O próprio ex-presidente recebeu a Medalha do Pacificador com Palma, do Exército, em maio de 2018.
Os dados citados na matéria foram coletados a partir de contratos dos fornecedores de medalhas, indicados pelo Exército, Marinha e Aeronáutica em pedidos via Lei de Acesso à Informação (LAI).
Variação de estoque
Em nota, o Centro de Comunicação Social do Exército garantiu que não houve uma mudança na política de concessão de medalhas durante todos os últimos dez anos.
“Foram mantidas as cotas (quantidades) de distribuição das medalhas já existentes como vinha sendo feito nos anos anteriores, acrescentando-se novas cotas apenas para condecorações criadas ao longo desse tempo”, escreveu o Exército.
Além disso, o Exército explicou que as compras de medalhas a serem distribuídas são realizadas de maneira variada, a depender da necessidade de reposição do estoque.
“Tal estoque tem como objetivo garantir uma segurança nessa distribuição por cerca de um ano e meio, evitando assim possíveis flutuações em contratos de aquisições. Cabe destacar que os valores para aquisição das medalhas vêm variando para maior ao logo dos anos.”
O Ministério da Defesa informou por telefone que as Forças Armadas têm autonomia para realizar as compras de medalhas e deveriam ser consultadas individualmente.
A reportagem também entrou em contato com a Aeronáutica e a Marinha, mas não houve retorno até a publicação desta matéria. O espaço segue aberto para esclarecimentos.
METRÓPOLES – Edição: Montedo.com
Respostas de 9
Sonho dele era colocar nossos “”””veteranos””””” como aqueles militares da coreia do Norte
Matéria tendenciosa. Nada mudou, a distribuição de medalhas continua só em Brasília.
99,9% dos agraciados com a medalha do Pacificador não conseguem justificar o motivo de Tê-Las ganho.
Não sei se seria esse percentual, mas posso dar um exemplo de que o seu comentário tem coerência com a realidade.
Fui “brigada” numa OM e responsável pela elaboração das minutas de propostas dessa medalha, entre outras. E afirmo que todos que passaram pelas minhas mãos não teriam mérito suficiente para recebé-las, caso o escrutínio fosse esse (mérito da carreira, “conjunto da obra”).
Em dois casos específicos, os senhores nem imaginam o absurdo que foram as “justificativas” que foram repassadas para inseri-las no sistema. Eu mesmo tinha a certeza de que as propostas seriam indeferidas. Mas não!!
Sem acreditar, as propostas foram deferidas e ambos receberam a medalha do pacificador.
Absurdo total. Não posso descrever exatamente o que alegaram nas”jusificativas”, mas posso dizer que em um deles foi algo como se tivesse “organizado o arquivo da seção”. Imaginem alguém receber uma medalha com um significado tão caro à Instituição porque organizou o arquivo da seção.
Já não acreditava muito nessas condecorações, mas depois desses dois casos vi que banalizaram essas medalhas.
Sem contar aqueles que servem nas Diretorias em Brasília. Logo no segundo ano recebem a “Pacificador”, independentemente de mérito.
Simples assim.
Deram muitas medalhas para políticos.
Verdade nua e crua: Dinheiro gasto no supérfluo, quando o militar da reserva ou reformado morre, pode ter vinte medalhas, já era. Nenhum civil quer saber se tem medalha ou não.
Síndrome do Muttley.
E por falar em condecorações…
No EB, já ficava estranho militares com o peito cheio de medalhas sem nunca ir a a uma guerra.
Mas, vá lá. A vaidade humana não poderia esperar uma guerra.
No entanto, não satisfeitos, exageraram e agora temos medalhas para quem fez o óbvio.
Por exemplo, criaram uma medalha para agraciar quem serviu em OM de blindados?!
Aí já não é a impaciência da vaidade pela demora de uma guerra. É a vitória mesma da vaidade perante a lógica.
Outro absurdo sobre medalhas é que o militar tem de pedir aquelas a quem tem direito (militar e corpo de tropa).