Não há, nunca houve e não haverá nenhuma boa intenção no inquérito de Moraes e Toffoli
J.R. Guzzo
O Brasil fecha 2024 vivendo o que possivelmente tem sido o mais vicioso período de supressão de seus direitos civis já registrado desde o AI-5 da ditadura militar. É, também, o mais longo e mais neurótico rompimento da vida política, moral e cultural do País com a realidade elementar. Há quase seis anos o Brasil não tem uma Constituição. Em vez disso, tem um inquérito policial como a sua lei máxima – e contra o qual não é possível recorrer a nada e a ninguém, nunca. Chamam isso de democracia.
O pedaço de papel com que os generais impuseram a sua ditadura ao País dizia, basicamente, que nenhum ato do governo estava mais sujeito à apreciação de ninguém, a começar pela justiça. O AI-5 de hoje estabelece que nenhum ato do STF, e sobretudo do ministro Alexandre de Moraes, está sujeito a qualquer tipo de controle, de contestação ou de reforma. Tanto faz se esses atos violam a legislação brasileira em vigor: é o STF quem resolve o que a lei está dizendo, mesmo quando diz o contrário.
A Constituição hoje em vigor do Brasil é o inquérito policial 4781 do STF – uma depravação legal criada no dia 14 de março de 2019 pelo ministro Dias Toffoli, para ocultar a publicação de suspeitas de corrupção a seu próprio respeito, e entregue desde então à execução do ministro Moraes. O STF não é uma delegacia de polícia; por lei, não pode abrir investigação nenhuma. A partir daí, só ficou pior. O inquérito tornou-se perpétuo – acaba, aliás, de ser prorrogado por mais seis meses. Não tem objetivo determinado; investiga tudo. É tocado em sigilo. Não respeita o direito defesa, nem o Código Penal.
Em nenhum minuto, desde que foi aberto, o inquérito 4.781 teve alguma coisa a ver com a defesa da democracia. Começou como uma gambiarra para censurar a revista Crusoé, proibida de publicar as denúncias contra Toffoli. Passou a reprimir fake news, “desinformação”, atos antidemocráticos, as vacinas de Bolsonaro, conversas de WhatsApp, discursos na Câmara, a condenação ilegal de um deputado, o batom na estátua (“substância inflamável”), o Golpe dos Estilingues e tudo o que existe sob o sol. Hoje é o principal instrumento de trabalho da ditadura do Judiciário no Brasil.
Não há, nunca houve e não haverá nenhuma boa intenção no inquérito de Moraes e Toffoli. O que há é um espetacular exercício de hipocrisia por parte da esquerda, das elites intelectuais e das gangues políticas que mandam no Congresso Nacional para ocultar um câncer em metástase. É o regime de exceção que está sendo criado clandestinamente no Brasil, com juras diárias à “defesa da democracia”, em público – e com a armação de uma tirania na vida real.
ESTADÃO – Edição: Montedo.com
11 respostas
Até quando o STF que não são concursado,muito menos escolhidos pelo povo quer mandar no país. Querer achar que são intocáveis. Eles Tem que voltar a fazer as atribuições a que diz respeito ao judiciário é deixar executivo e Legislativo governar. Já não basta o que fizeram descondenando um condenado.
Os tribunais superiores são os únicos em que seus membros são indicados, sabatinados e podem ser removidos por quem foi eleito por voto majoritário pela população. A Constituição coloca que o poder emana do povo através de seus representantes eleitos. Lá estão devido às escolhas dos eleitores.
Vai estudar para depois contestar a suprema corte gado veio.
Está turma da Revista do (velho) Oeste…
Esse jornalista é polêmico, só encontrando espaço (emprego) por ele ser bolsonarista doente, tudo porque os donos das mídias dos ricaços se simpatizam com esse tipo, já que fala o que eles querem ouvir. Mesmo assim, apesar da minha preguiça para ler o que ele escreve, sempre dou uma chance e leio o que o sujeito tem a dizer.
No caso, ele diz que STF está descumprindo a Constituição através das ações do Toffoli e do Moraes. Será?
Vamos aos fatos, o inquérito 4781 foi instaurado pela Portaria GP 69/2019, fundamentado no artigo 43 do Regimento Interno do Supremo (RISTF). Este artigo permite a abertura de inquéritos nos casos de infrações na sede do Tribuna, que foi o caso. Onde estão as ações ditatoriais contra a Constituição realizadas por Toffoli e Morais?
A contestação desse inquérito ocorre por considerar que houve o descumprimento da súmula vinculante 14 (direito do defensor ter acesso amplo aos elementos de prova) , porém, o Ministério Público Federal teve acesso integral aos autos do inquérito e que não houve tal violação, sem contar que foi colocado em plenário para saber se esse inquérito era válido, ou não. Consideraram que não, com apenas um voto contrário.
No bolsonarismo todos são do supremo tribunal Bolsonaro ,uns não sabem o que é CF,mas se é contra a seita é inconstitucional,asco dessa gente.
Melhor a ditadura do Xandão do que a dos crentes e cidadãos de bem.
Melhor “Xandão” e com o plus o caçador de emendas Pix Dinossaurus” do que os adoradores de fakes/ouro/jóias/golpe e outras coisas mais. Prefiro está ditadura do bem do que a do mal. Já estou aqui em Mendoza esperando o ano novo chegar com vinhos e carnes nobres. Abraço a todos.
Estou contigo, também comprando bons vinhos na Argentina, feliz Ano Novo Dura Lex Sed Lex.
esse dura lex sed lex é sem noção mesmo ditadura do bem, isso não existe ditadura é ditadura, seja qual for a ditadura ela não é benéfica para o povo, para de falar besteira !!!!!!!!!
Quem indicou o Xandão foi Temer, que ” assessorou” Bolsonaro e de fato afastou o PT do governo. Bolsonaro conseguiu a proeza de forçar e fazer campanha para o retorno de Lula.