Pesquisadores destacam rejeição na direita, por atuação contra o golpe de comandantes, e na esquerda, por gestão do ex-presidente
Caio Sartori
Rio – As Forças Armadas ainda são a instituição em que os brasileiros mais “confiam muito”, segundo pesquisa Datafolha divulgada na semana passada. A curva do índice, no entanto, ilustra como a participação dos militares na política durante o governo Bolsonaro e as investigações da Polícia Federal (PF) sobre a suposta tentativa de golpe de Estado em 2022 mexeram com a confiança da população. O momento, avaliam estudiosos da caserna, é crítico e propício para emplacar reformas — algo que o presidente Lula não sinaliza ter vontade de fazer.
Se as investigações da PF apontam para o envolvimento de militares na trama orquestrada após a derrota de Bolsonaro em 2022, também mostram que os comandantes do Exército e da Aeronáutica teriam sido fundamentais para impedir os supostos anseios golpistas do ex-presidente. Essa dubiedade sobre o oficialato no esquema investigado contribui para atrair rejeição dos dois lados do jogo político, avalia João Roberto Martins Filho, professor da UFSCar e um dos maiores especialistas do país no pensamento político da caserna.
— Hoje vemos democratas perdendo a confiança nas Forças por causa dessas notícias todas, e ao mesmo tempo bolsonaristas insatisfeitos com elas por não terem interferido — observa.
Popularidade
No Datafolha, 34% dizem confiar muito nos militares. Trata-se do menor percentual da série histórica, repetindo o registrado em setembro do ano passado. Ao mesmo tempo, o grupo que diz não confiar nas Forças atingiu inéditos 24%, quando se analisa a série iniciada em 2017.
O auge da popularidade foi logo no início da gestão Bolsonaro, quando atingiu 45%. À época, militares da mais alta patente haviam acabado de assumir ministérios, em movimento que consolidou a volta dos fardados ao primeiro escalão da política nacional depois de décadas afastados. Michel Temer (MDB) abriu as portas ao nomear um general — Joaquim Silva e Luna — para o Ministério da Defesa, pasta criada em 1999 por Fernando Henrique Cardoso (PSDB) para aumentar o controle civil sobre as Forças. Foi Bolsonaro, contudo, quem as escancarou.
— Na medida em que os militares decidem entrar na política, entram numa área de risco, porque a política é um ambiente de conflito. No governo Bolsonaro, a imagem foi sendo desgastada por vários episódios, porque eles assumiram um protagonismo em várias posições — afirma Martins Filho.
O Datafolha foi a campo nos dois dias anteriores à prisão do general Walter Braga Netto, o primeiro quatro estrelas a ser preso na história do regime democrático brasileiro. Ex-ministro de Bolsonaro e candidato a vice-presidente na chapa derrotada em 2022, o militar teria participado da trama golpista e tentado obter informações sobre a investigação, de acordo com a PF. A defesa dele nega.
Enquanto Lula parece avesso a colocar em curso grandes transformações nas Forças, correligionários do PT defendem propostas legislativas que tentam impor mudanças. Uma delas envolve restrições e punições a militares que decidam disputar eleições, medida que surgiu no próprio Ministério da Defesa; outra propõe uma revisão no artigo 142 da Constituição — que, para historiadores, alimenta de forma equivocada a ideia de “poder moderador” em militares bolsonaristas.
O conceito de poder moderador vem da Proclamação da República, explica o professor de História Contemporânea da UFRJ Francisco Carlos Teixeira, também notório conhecedor do pensamento político da caserna. Seria importante, diz, que a formação militar do país passasse por transformações, de modo que o papel das Forças como instituições de Estado desvinculadas da política ficasse mais cristalizado no pensamento dos oficiais.
— Existe uma doutrina da tutela militar sobre a República, baseada no fato deles acreditarem que fundaram a República e que por isso o poder moderador do imperador passou para eles. Esses currículos precisam ser refeitos — afirma.
Na semana passada, o ministro da Defesa, José Múcio, comunicou a Lula que pretende deixar o cargo por motivos familiares. Múcio é visto por quem acompanha a área como um exemplo do perfil conciliador do petista com as Forças — diferente, por exemplo, de como era Dilma Rousseff, que mexeu no vespeiro ao criar a Comissão Nacional da Verdade. (Colaborou Victoria Abel)
O GLOBO – Edição: Montedo.com
5 respostas
Algumas Soluções para retomar a credibilidade:
– Acabar com firulas, teatros, formaturas e palestras rolhas e outras vaidades
– Extinguir metade dos programas e sistemas “S” inventados para atrasar a administração….
– Valorizar o salario da tropa, principalmente dos Sargentos, cabos e Soldados
– Diminuir o interstício para a promoção do pracinha
– Mandar os “vampiros” do PTTC (que são cargos para presentear amigos) para casa
– Parar de se meter com política
– Vigiar e proteger a fronteira do narcotrafico (o obvio tem que ser dito)
– Extinguir todas as “pompas” sem sentido em Exércitos profissionais: aniversário de OM, salvas, recepção de General, dia do uniforme, rancho separado, e outras bizarrices…
tem mais, mas estou sem tempo de escrever, pois tenho que “treinar” para a formatura
Na minha opinião, quem está errado em tudo no momento são: o Governo Federal, o STF, a PF, pGR e AGU!
sendo assim, O Governo Federal é que precisa conquistar a confiança das Forças Armadas pois estas vem a muitos anos sendo esculachadas pelo G.F., não só em investimentos e também com os salários super Corroídos da tropa, principalmente os da classe de Praças Graduados que estão todos a deriva, principalmente os da Reserva e Reformados!
Por isto, se devem desculpas pelos descasos, falta de respeito, é o Governos Federal!
Aceitem que dói menos!
É só ressuscitar os generais de antigamente que seria governo puxando o saco dos militares. Mas com generais de hoje tamos f….o.
A maçã podre foi ejetada do exército por mentir. Não virou morto ficto pq o STM (sempre!) não acolheu as conclusões da instituição. Mas as conclusões do Conselho não mudaram… um mentiroso indisciplinado.
Ai esse covarde fujão 27 anos depois volta para jogar essa nobre instituição na lama. Agora não apenas a esquerda, mas também a direita nos odeia.
Onde esse indivíduo pôs a mão, fedeu.
“Os desafios das Forças Armadas para retomar confiança após governo Bolsonaro e investigações da PF”
Credibilidade e confiança do povo nas FFAA, não depende de governos dilma,lula, FHC, Bolsonaro, Temer ou quem quer que seja.
Mas sim na postura dos chefes, em saber ser chefe e Líder, defender seus subordinados e não como vem sendo os chefes especializaram-se em SER CAPACHOS de politicos ou melhor politiqueiros.