Cortes na Defesa: mudança de rota revela governo perdido, avaliam militares

CORTES DEFESA

 

Cortar gastos na área militar será tarefa complicada para Lula; em outubro, o presidente prometia ampliar investimentos na Defesa

Robson Bonin
A necessidade urgente de cortar gastos levou o presidente Lula a abrir uma guerra por sobrevivência entre os ministérios do governo. Com 39 pastas na máquina e orçamentos já bastante limitados, o Planalto precisa escolher setores que serão sacrificados nesse novo esforço fiscal. As discussões já se arrastam por semanas e agora chegaram a um ponto sempre controverso: os gastos da área militar.

O setor é chefiado pelo ministro da Defesa, José Múcio. Ele disse, outro dia, que “trabalhava noite e dia feito um louco” para arrumar recursos para bancar os projetos militares e despesas da caserna. Isso num cenário já de cortes e de gastos não previstos, como os mais de 200 milhões de reais investidos pelas forças em diferentes operações.

Integrantes da caserna lembram que o orçamento da área já foi empenhado em ações como o socorro a famílias castigadas pelo desastre climático no Rio Grande do Sul, passando pela crise da seca e das queimadas em diferentes regiões do país e o contínuo combate ao garimpo nas terras indígenas e a operação de acolhida de venezuelanos em Roraima.

Os militares reclamam, com certa razão, que são sempre acionados para resolver questões imediatas da política, quando o presidente da República se sente pressionado ante a letargia do governo. Mas o dinheiro, que é pouco, raramente é suplementado.

A retomada do debate de cortes na Defesa ocorre um mês depois de Lula ter recebido Múcio no Planalto para discutir justamente o oposto: como prover recursos para investir tanto na compra dos novos aviões presidenciais como outros projetos estratégicos dos militares. Para militares ouvidos pelo Radar, a situação revela um governo perdido. Num mês, o tema é investir. No outro, cortar. E assim vai se arrastando o mandato petista.

O debate do momento é o mesmo de sempre: como equacionar gastos previdenciários das forças. Lula, como presidente, atua como mediador. Ouve argumentos dos ministros que terão recursos cortados e cruza as informações com os planos da equipe econômica. Como a conta não fecha, a decisão vai sendo adiada.

Lançar mão de militares para resolver problemas da gestão que pressionam a popularidade do presidente não é algo novo na política de Brasília. A novidade é que o governo exige ação, mas não provê recurso para tamanho nível de operações das forças. Daí vem o argumento, repetido com frequência por Múcio, de que as forças não têm mais de onde tirar recursos.

Os projetos estratégicos da área militar, que incluem compra de blindados, helicópteros, a construção de submarinos e o cronograma dos caças já estão todos atrasados. É o que acontece na área militar quando um governo não prioriza financeiramente as agendas. Os prazos de desenvolvimento e entrega de ativos militares são alongados — por anos em muitos casos.

A questão, como se vê, não é simples e deve alongar a discussão sobre a questão fiscal.
RADAR (veja) – Edição: Montedo.com

17 respostas

  1. Não é bem o governo que está perdido, deixado de lado e desconsiderado. Tem nababo de boa às custas de outrem. A maioria dos parlamentares está ciente disso.

  2. O país está refém da política neoliberal que é liderada pelos ricaços e coçadores.

    Os rentistas querem garantir a manutenção de juros altos e o retorno do dinheiro investido. Contam covardemente com os grandes meios de comunicação para defender suas pautas, o aperto fiscal pelo governo é a principal delas.

    Se não derem o que querem, especulam com dólares, elevando os seus índices, ameaçam com a elevação da inflação e o aumento da taxa Selic, enfim, tudo voltado para o retorno de seu dinheiro, e não estão nem aí para o resto. Para eles não existe Brasil, existe o dinheiro.

    Tudo o que diz respeito a “gastos públicos” com a população ou o seu funcionalismo, qualquer coisa de interesse público ou do trabalhador, dói para esse grupo, pois sobrará menos para eles. Por isso, gostam tanto do tal do Estado mínimo.

    O problema piora ainda mais, e se torna agudo, porque a nossa direita apoia esse grupo de abutres e são maioria entre os parlamentares. Só não enxerga quem está possuído pelo ódio.

    Nós, militares, quando defendemos essa política e esse grupo, damos tiro no pé, é como se houvesse a adoração do seu próprio carrasco.

  3. Ao nobre companheiro justus sargentus:
    Não há de se discordar que os ricos sempre ganham com especulação, mas também não se pode negar que esse governo não se sustenta sem gastar muito e gastar muito mal. Esse governo não apresentou nada de bom para os mais pobres, porém sabe que sem o apoio de artistas, mídia, assistencialismo, demagogia e muita mentira o que sobra é um governo sem projeto econômico, sem rumo, sem popularidade, sem povo. Não enxergar que os tais “gastos públicos” visam somente a perpetuação no poder através de muita falácia não é justo. Os militares nunca estiveram com salários tão defasados. Nunca ganharam “bem”, mas nunca ganharam tão mal quanto nos presentes dias. Esse governo é o governo da mentira. “isenção de IR para quem ganha até R$5.000,00, “picanha com cervejinha”, “24.000.000 de pessoas que deixaram de passar fome”, “fim de sigilo de 100 anos”, taxação de tudo que for possível e imaginável”, “poupança para estudante do ensino médio” e por ai vai… porém apresentando um déficit cada vez maior, em resumo: gasta mais do que arrecada e olha que tem arrecadado muita coisa.
    Quanto a “defender essa política” embora possamos supor que não seja a ideal, certamente é melhor do que a política do larápio que gasta como se não houvesse amanhã, como se fosse dono de tudo e de todos nesse país, como se fosse um ser supremo e acima da moral…

    1. O que o presidente anterior fez pelo país, a não ser aumentar o salário do generalato entupindo o portal da transparência com Marechais? Me aponte alguma coisa de positivo que o governo anterior fez.

  4. O Brasil está quebrado, a dívida pública em Jul foi de 8,8 Bilhões, e há uma estimativa de que ao final de 2024 ficará em 80% do PIB. Gasta-se uma fortuna para pagar os juros da dívida, e não há outra saída, pois o governo tem que captar recursos para custear a máquina pública, e cada vez mais a bola de neve aumenta. O futuro do país é sombrio.

      1. Você acredita nessa lorota? Ok, é opcional.

        Se o Brasil, ou qualquer país capitalista, quebrasse por causa da enorme dívida pública, os EUA e Japão teriam falido a décadas.

        EUA tem a sua dívida dividida pelo PIB no valor de 122% (dez/23) e a do Japão é de 255%. A nossa é alta, mas é de 85%. Portanto, não é esse o maior dos problemas, mas dizem isso para você acreditar que precisa fazer cortes e mais cortes para sobrar dinheiro para dar garantias aos ricaços, só isso. Nos países em que eles moram, não fazem isso.

        Você pode acreditar no que você quiser, mas fatos são fatos.

        1. Concordo com o companheiro e acrescento, Brasil possui 39 ministérios, alguns inúteis, como o da pesca e aquicultura, povos indígenas, portos e aeroportos, mulheres, cidades, cultura, desenvolvimento agrario e agricultura familiar, desenvolvimento, direitos humanos e cidadania, empreendedorismo, esporte, igualdade racial, integração regional, e planejamento. Todos esses deveriam ser convertidos em secretarias executivas vinculadas a um ministério.

          Enquanto isso os EUA tem apenas 15 departamentos executivos, que tem a mesma natureza dos nossos ministérios, só que mais eficientes.

        2. Vale lembrar que o poder aquisitivo e a poupança da população dos países mencionados são infinitamente superiores às dos brasileiros, a maioria da população brasileira está no vermelho e endividada.

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