Fake News: postagem usa imagens antigas e diz que Exército disparou mísseis sem autorização na fronteira com a Vemezuela

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Exército não disparou mísseis perto da fronteira com a Venezuela sem autorização

 

João Pedro Capobianco
Rio – Circula, pelas redes sociais, um vídeo com a alegação de que o Exército Brasileiro disparou mísseis na fronteira com a Venezuela. De acordo com o vídeo, os disparos foram feitos sem autorização do governo federal. Falso.
Por WhatsApp, leitores da Lupa sugeriram que o conteúdo fosse analisado. Confira a seguir o trabalho de verificação​:

“Exército DESOBEDECE LULA e dispara MÍSSEIS na Fronteira da VENEZUELA!”
– Texto em publicação nas redes sociais

Falso
Não há qualquer indício de que o Exército Brasileiro tenha mobilizado tropas ou disparado mísseis em direção à Venezuela. Em nota à Lupa, o Exército informou que a tropa no estado de Roraima permanece em situação de prontidão, mas que “não há movimentação inusual na fronteira com a Venezuela”.

A força também afirma que “postagens especulativas e irresponsáveis nas redes sociais somente contribuem para a desinformação da sociedade brasileira, pois não correspondem à realidade dos fatos”.

A Secretaria de Comunicação (Secom) da Presidência da República também informou à Lupa que a alegação de que o Exército desobedeceu o Presidente Lula “não procede”.

Em outubro deste ano, o Comando de Fronteira Roraima/7º Batalhão de Infantaria de Selva, da 1ª Brigada de Infantaria de Selva, realizou um tiro de adestramento com o míssil MAX 1.2 AC, um sistema de defesa anticarro guiado a laser. No entanto, o disparo não foi feito em direção ao território venezuelano.

A ação faz parte dos testes e treinamentos rotineiros do Exército e as informações sobre os testes do míssil brasileiro vêm sendo veiculadas de forma oficial pela instituição ao longo de 2024. Em maio, o Míssil Superfície-Superfície 1.2 Anticarro (MSS 1.2 AC) foi testado no Centro de Avaliações de Exército (CAEx), em Guaratiba (RJ). O Exército divulgou um vídeo de um dos disparos, realizado contra um alvo fixo.


Em junho, novos exercícios de lançamento foram realizados, já com a participação do Comando de Fronteira Roraima. No dia 24 daquele mês, o Exército Brasileiro informou ter encerrado os testes operacionais do armamento no CAEx. Em setembro, o MSS 1.2 AC foi batizado como MAX 1.2 AC, em homenagem ao Sargento Max Wolff Filho, morto em combate durante a 2ª Guerra Mundial. Em outubro, foi realizado o tiro de adestramento.
Testes de equipamentos militares, como mísseis, morteiros ou viaturas, fazem parte das atividades das Forças Armadas do Brasil. Não há qualquer informação publicada que permita afirmar que os testes do míssil MAX 1.2 AC têm relação com a atual relação bilateral Brasil-Venezuela.

Imagens antigas
Publicações virais nas redes sociais exibem imagens antigas ao falar sobre o disparo do míssil. Uma delas mostra pessoas na fronteira entre Brasil e Venezuela, em Pacaraima (RR), em 2019. Naquele ano, o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, ordenou o fechamento da fronteira com o Brasil diante de um alto fluxo migratório. A Venezuela vivia, à época, uma crise política marcada pela autoproclamação de Juan Guaidó como presidente.

Além disso, uma das alegações do vídeo é a de que “nos últimos dias, a situação na fronteira entre Brasil e Venezuela vem se deteriorando rapidamente”. Desde as eleições gerais venezuelanas em agosto deste ano, ocasião em que o Brasil exigiu do país vizinho a divulgação de atas eleitorais para atestar a confiabilidade do pleito, as relações políticas entre os dois países foram tensionadas, mas não há nenhuma informação sobre atritos na região fronteiriça.

Na quinta-feira, 31 de outubro, a Polícia Nacional Venezuela fez uma publicação, em perfil no Instagram, com a mensagem “Quem se mete com a Venezuela se dá mal” e uma imagem da bandeira nacional brasileira. O Ministério das Relações Exteriores do Brasil afirmou, em nota, que constatou com surpresa o tom ofensivo adotado pelas autoridades venezuelanas.

Em outro episódio, o Procurador-Geral da Venezuela, Tarek Saab, disse que o presidente Lula (PT) era um agente da CIA (Central Intelligence Agency, a agência de inteligência dos Estados Unidos) e que foi cooptado por um “sistema globalista ocidental”, alegação desmentida pela Lupa.

Lupa – Edição: Montedo.com

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