Múcio chama postagem da Venezuela de “provocação” e defende anistia pelo 8/1

Múcio e comandantes no ato de um ano do 8 de janeiro

 

“Graças às Forças Armadas, nós não tivemos um golpe”, diz Múcio
Em entrevista à UOL News, ministro da Defesa se posicionou sobre a relação do Brasil e Venezuela

 

Ricco Viana
A imagem divulgada pela polícia venezuelana pode ser lida como uma ameaça na sua análise?
“Esse assunto da Venezuela é um assunto ligado à diplomacia brasileira. A gente sabe que cada um tem uma posição sobre a relação do Brasil com a Venezuela. Eu, por exemplo, meu trabalho foi fechar a fronteira, aumentar o número de soldados, colocar blindados quando eles ameaçaram invadir. Esse foi o trabalho da Defesa combinando com o Ministério de Relações Exteriores. Evidentemente, eu fico satisfeito com essas coisas porque eles estão mostrando verdadeiramente o que são. Isso aí já é uma opinião pessoal. Eles estão agora mostrando o que são, e não há mais o que contestar o destino que eles tomaram. Cabe a nós ter cuidado.”

Mas o senhor entende como uma ameaça?
“Isso é mais uma provocação (a postagem da Polícia Nacional Bolivariana da Venezuela com uma foto com a bandeira do Brasil a qual aparece a mensagem: “Quem se mete com a Venezuela se dá mal”). Hoje com a rede social qualquer pessoa pode criar um símbolo desse, colocar na rede social pode não ter sido uma coisa oficial. Gosto sempre de tirar por menos. Agora, é uma provocação e que não nos causa medo, não nos causa nenhuma preocupação. Lamentamos pelos caminhos que eles escolheram, que não são os nossos.”

Como o senhor encara isso do ponto de vista da segurança?
“Com relação à segurança da nossa integridade territorial, nós estamos absolutamente confortáveis porque, lá atrás, quando ele (presidente da Venezuela, Nicolas Maduro) fez aquela ameaça logo depois das eleições, nós reforçamos a fronteira muito, nós dobramos o número de blindados. Nós estamos lá com um reforço que nunca foi usado, mas que estamos lá para qualquer tipo de eventualidade e qualquer tipo de insanidade que venha a acontecer. O reforço continua lá, nós não vamos mexer, aquilo ali, nós estamos tratando como se não fôssemos mexer mais nunca até que eles tomem juízo.”

O senhor acredita na possibilidade de guerra entre Brasil e Venezuela?
“Não acredito. Nem nós somos afeitos a isso. A mediação é a grande arma que o Brasil sempre usou. Esses conflitos de fronteira sempre existiram, mas as diplomacias sempre se resolveram e não vai haver absolutamente nada. Evidentemente vai ficar esse bate-boca, cada um quer dizer que é mais bravo que o outro, mas vai continuar tudo do mesmo jeito.”

As Forças Armadas brasileiras têm um poderio maior que as forças armadas venezuelanas?
“Nós temos um poderio maior (em relação à Venezuela). Eles têm uns jatos modernos comprados dos russos, mas soube que nem todos operam, porque esses jatos requerem uma manutenção muito cara e muito precisa e muito presente, e que não houve essa manutenção. A gente sabe que equipamento de defesa tem que estar…helicóptero, por exemplo, você voa uma semana e para três dias. Para ter um helicóptero você tem que ter dois. Então, o equipamento de defesa é um equipamento que requer muita manutenção, e nós não temos o que temer.”

O que acha desse contraste do comportamento do Exército e do Congresso, que trata sobre anistia sobre o 8 de janeiro? As Forças Armadas estão preparadas para prováveis sentenças?
“São dois cenários completamente diferentes. O Congresso quer anistiar aqueles que depredaram, que quebraram móveis, que atentaram contra o patrimônio público. Isso é uma história. A outra história são esses oficiais que incitaram a indisciplina dentro dos quartéis, eles jogaram as tropas contra os comandantes. Aí é uma coisa gravíssima. Foi julgado agora, mas, desde o início, o general Tomás abriu inquérito. Isso é a segunda resposta. A terceira, com relação a esses julgamentos, para nós, é importantíssimo. A pior coisa do mundo é dizer o Exército fez isso. Quem do Exército fez isso? Quem cometeu indisciplina? Quem cometeu arbitrariedade? Então, eu quero que a suspeição saia do CNPJ das armas e vá para o CPF. Eu quero que cada um se responsabilize por sua iniciativa, porque não foi iniciativa das Forças. Nós devemos as Forças Armadas não ter tido uma coisa muito complicada no dia 8 de janeiro. Graças às Forças Armadas, nós não tivemos um golpe.”

Perguntando agora a sua pessoa, ao seu CPF, o senhor é a favor da anistia?
“Eu acho que você deve graduar as penas (dos envolvidos nas manifestações de 8 de janeiro), sabia? Você deve ver quem organizou, é uma pena, quem foi a marionete foi a outra coisa. Eu sou a favor. Evidentemente que eu não sou advogado, estou achando ótimo que você está perguntando ao meu CPF. Eu acho que quem quebrou uma cadeira não pode ser o responsável por quem fez outras coisas. Devemos graduar. Agora, não devemos politizar isso. Isso não pode ser instrumento político. Isso tem que ser uma ação da justiça.”

Mas o senhor é a favor da anistia?
“Sou a favor da anistia nos casos leves.”

Isso significa o Bolsonaro?
“Não.”

UOL – Edição: Montedo.com

4 respostas

  1. Pelas falas ele não é a favor da anistia, pelo contrário e sim graduação das penas, no entanto deve-se levar em conta que o crime não se trata de quebrar uma somente uma cadeira, um vaso ou outro bem, pois tais fatos foram produzidos em concurso com a tentativa de abolição do Estado de direito. Tem pessoas que se usam de sutilezas e mnemônicos para fazerem crer em outras coisas. Para terminar o Bozo quer porque quer anistia, pois é um perdão generalizado e se for condenado também iria se safar também, não tá preocupado com velhinho, tia do açaí, tia do banheiro, etc.

  2. O prejuízo para a imagem da Força é inegável. A ponto de parte da população desacreditar da atuação em atividades subsidiárias. Essa é parte da população que acha que o EB devia ter dado um golpe e se acovardou, melancias etc. Outra parte acha que o EB é golpista, está sempre considerando a hipótese de tal. Ora, alguma liderança do EB deveria ter deixado claro que a Força não tem esse poder. Não o fizeram, o resultado é esse que aí está. Isto não é uma republiqueta qualquer que a qualquer momento o general X derruba o governo.

  3. Quando leio os comentários do blog fico intrigado, quando a gente para para interpretar, conclui que o Sr que senta na cadeira da presidência é um injustiçado e que o outro senhor inelegível é o bicho papão, só que, isso não e verdade, pode acusar o Presidente que saiu do que desejarem, mais, esse Senhor que habita a presidência continua descondenado e por juízes togados de instância superior é considerado culpado, simples assim, 2026 está chegando que escolhemos o melhor para a Nação e para nós.

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