Marinha e FGV traçam novos rumos para ensino de IA em aplicações militares
Marcelo Barros
Em um encontro realizado na última quarta-feira (25), a Marinha do Brasil e a Fundação Getúlio Vargas (FGV) discutiram os próximos passos para o ensino da inteligência artificial (IA) em aplicações militares. A reunião, que contou com a presença do Comandante-Geral do Corpo de Fuzileiros Navais, Almirante de Esquadra Carlos Chagas Vianna Braga, e do presidente da FGV, Carlos Ivan Simonsen Leal, marcou a continuidade da parceria, iniciada em 2024, que visa capacitar militares e civis no uso da IA para otimizar processos e decisões no campo militar.
A parceria inédita entre Marinha e FGV
A colaboração entre a Marinha do Brasil e a Fundação Getúlio Vargas (FGV), estabelecida no início de 2024, deu origem à primeira pós-graduação lato sensu em Inteligência Artificial para Aplicações Militares do país. O curso, realizado na FGV no Rio de Janeiro, trouxe uma abordagem inovadora ao capacitar tanto militares quanto civis no uso de inteligência artificial (IA) e ciência de dados, áreas de crescente importância no cenário de defesa global.
Com dez alunos, sendo cinco Oficiais do Corpo de Fuzileiros Navais e cinco civis da FGV, o curso incluiu disciplinas voltadas para o desenvolvimento de habilidades críticas, como estatística, probabilidade, robótica, programação e gestão de bases de dados, elementos essenciais para operações militares que dependem cada vez mais da automação e da análise de grandes volumes de dados.
O programa visou equipar os participantes com as ferramentas necessárias para melhorar a tomada de decisões e otimizar o uso de recursos nas operações militares. O Comandante-Geral do CFN, Almirante de Esquadra Carlos Chagas Vianna Braga, destacou que a presença dos Oficiais na academia da FGV foi uma oportunidade única para absorver conhecimento de especialistas renomados, levando o nível de competência dos militares brasileiros a patamares superiores.
Avaliação do curso e resultados alcançados
Durante o encontro, os alunos da pós-graduação tiveram a oportunidade de compartilhar suas experiências diretamente com o presidente da FGV, Carlos Ivan Simonsen Leal, e o Comandante-Geral do CFN. Entre os destaques, o Capitão-Tenente João Paulo de Souza, um dos alunos militares, afirmou que os ensinamentos adquiridos no curso serão cruciais para melhorar a tomada de decisões dentro das Forças Armadas, uma vez que a IA facilita o processamento e análise de informações complexas em alta velocidade.
Os alunos também destacaram o valor de aprender sobre como outras forças armadas ao redor do mundo estão utilizando a IA para otimizar suas operações. Essa troca de conhecimento permitiu aos oficiais brasileiros uma compreensão mais ampla de como a inteligência artificial pode ser aplicada em diversos cenários militares, desde a automação de tarefas até a análise de dados em situações de combate.
O Almirante Carlos Braga expressou sua satisfação com os resultados alcançados até o momento, afirmando que o nível de debate entre os alunos sobre IA superou as expectativas. Ele reforçou que, antes da criação do curso, não havia treinamento formal desse tipo no Brasil para aplicações militares, e que agora os Oficiais brasileiros estão capacitados para discutir e implementar soluções inovadoras no campo da defesa.
Próximos passos e a importância da IA no setor militar
O encontro também foi uma oportunidade para discutir os próximos passos na colaboração entre a Marinha e a FGV. O presidente da FGV, Carlos Ivan Simonsen Leal, destacou que o uso da IA não é uma novidade, já que essa tecnologia tem sido empregada há mais de 60 anos. No entanto, o que mudou é a capacidade de processamento, que hoje permite que grandes volumes de dados sejam analisados em frações de segundos. Essa governança de dados será um foco crescente para as próximas edições do curso, buscando otimizar como as informações são coletadas, processadas e armazenadas no âmbito militar.
A inteligência artificial tem um papel cada vez mais relevante nas operações militares modernas, permitindo uma automação de tarefas críticas e melhorando a eficiência dos processos operacionais. Nas Forças Armadas, a IA pode ser utilizada para aumentar a capacidade de resposta em operações de combate, gerenciar logísticas complexas, analisar grandes volumes de dados em tempo real e até mesmo auxiliar na tomada de decisões estratégicas. O curso da FGV, com essa proposta inovadora, posiciona o Brasil entre as nações que estão investindo seriamente no uso dessas tecnologias para fins de defesa.
Com o sucesso da primeira edição do curso, a Marinha do Brasil e a FGV já discutem a expansão do programa para outras áreas das Forças Armadas, promovendo uma integração maior entre o aprendizado acadêmico e as necessidades estratégicas do setor militar. O Almirante Carlos Braga enfatizou a importância de continuar a evoluir essa parceria, garantindo que o Brasil se mantenha à frente no uso da inteligência artificial em um cenário de defesa global cada vez mais digitalizado e interconectado.
Com informações e imagens da Agência Marinha/ Imagem: Marinha do Brasil
DEFESA EM FOCO – Edição: Montedo.com