Entre funcionários sancionados estão comandantes das forças de segurança acusados de repressão, membros do Judiciário que certificaram a eleição e promotores que inabilitaram María Corina
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, condecorou neste sábado quatro oficiais das Forças Armadas que foram sancionados esta semana pelo Departamento do Tesouro dos Estados Unidos por suposto envolvimento na proclamação “ilegítima e fraudulenta” da vitória do chavista na eleição de 28 de julho. O ditador venezuelano classificou as medidas, que alcançaram 16 autoridades do seu país, como uma “agressão” do governo de Joe Biden.
Segundo o Tesouro dos EUA, as sanções são direcionadas a funcionários públicos, militares, agentes do setor de inteligência, da Suprema Corte e da autoridade eleitoral venezuelana — o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), pivô da crise ao declarar a reeleição de Nicolás Maduro horas após o fim da votação, sem divulgar as atas detalhadas por seção eleitoral, conforme o critério de transparência definido para o pleito.
O pacote de sanções americanas inclui o congelamento de ativos financeiros de cada um dos indivíduos, estejam eles direta ou indiretamente nos EUA, assim como a proibição de que qualquer empresa americana faça negócios com eles. Em paralelo, o Departamento de Estado também anunciou que toma medidas para “impor novas restrições de visto” aos funcionários do regime.
Maduro homenageou neste sábado o general comandante Domingo Hernández Lárez, o major-general Elio Estrada Paredes, o major-general Johan Hernández Lárez e o major-general Asdrúbal Brito Hernández.
de Estado também anunciou que toma medidas para “impor novas restrições de visto” aos funcionários do regime.
Maduro homenageou neste sábado o general comandante Domingo Hernández Lárez, o major-general Elio Estrada Paredes, o major-general Johan Hernández Lárez e o major-general Asdrúbal Brito Hernández.
Domingo Hernández Lárez
Desde 2021, é comandante estratégico operacional da Força Armada Nacional Bolivariana (FANB), alinhada a Maduro, tendo atuado anteriormente como comandante da Região Estratégica de Defesa Integral da Capital (REDI Capital). Sob seu comando, a FANB reprimiu fortemente os protestos contra a reeleição do chavista, incluindo prisões arbitrárias e ameaças, segundo relatos da imprensa.
Em 2019, ele já havia sido denunciado por um defensor de direitos humanos como autor de diversos atos de repressão em nome de Maduro. À frente da REDI de Caracas, foi registrado um aumento da repressão e assédio sistemático contra dissidentes por parte de agências de inteligência e segurança que comandava.
Elio Estrada Paredes
Comandante da Guarda Nacional Bolivariana (GNB), controlada pelo chavismo, desde 2023. Na posição, ele lidera a Diretoria Antiterrorista da GNB, responsável pelo trabalho de inteligência para detectar e capturar envolvidos em supostos planos de desestabilização do governo e outros crimes.
Sob o comando de Paredes, a GNB perseguiu e deteve venezuelanos suspeitos de apoiar a oposição liderada por María Corina Machado e Edmundo González Urrutia na campanha eleitoral, de acordo com a imprensa local. O militar também deu ordem para a prisão de milhares de manifestantes contrários ao resultado eleitoral de 28 de julho. Hoje, mais de 2,5 mil estão presos.
Johan Hernández Lárez
Atual comandante da REDI Capital da Guarda Nacional Bolivariana (GNB), responsável pela repressão em Caracas. Antes, foi major-general da Zona de Defesa Integral do Estado Miranda, comumente conhecida como ZODI Estado Miranda.
Asdrúbal Brito Hernández
Diretor de Investigações Criminais da Direção Geral de Contrainteligência Militar (DGCIM), agência de inteligência ligada a Maduro e que já foi definida como um órgão de tortura pela ONU. Antes, foi diretor de contra-inteligência do destacamento da Presidência.
Relatórios das Nações Unidas identificam Hernández como um dos torturadores do regime, segundo denúncias da imprensa venezuelana. Sob seu comando, a DGCIM realizou a campanha coordenada “Operação Toc Toc”, que assediou e prendeu arbitrariamente membros da oposição e da sociedade civil durante as manifestações anti-governo depois do pleito de 28 de julho.
Brito é identificado como torturador em relatórios da ONU e, de acordo com vários artigos da imprensa, a DGCIM liderou uma campanha coordenada da “Operação Toc Toc” para assediar, deter e prender arbitrariamente membros da oposição e da sociedade civil após as eleições. Leia mais.
O GLOBO – Edição: Montedo.com