Elton Hilton Herculano de Lima foi localizado no Maracanã, na Zona Norte do Rio, nesta sexta-feira
Isabelle Resende
Rio de Janeiro – A polícia localizou e prendeu na tarde desta sexta-feira o homem acusado de matar a médica capitã do Exército Rosângela da Silva Santos do Nascimento. O suspeito vinha sendo procurado pelas autoridades desde o último dia 4, quando a Justiça expediu um mandado de prisão contra ele. Elton Hilton Herculano de Lima, de 34 anos, é acusado de dopar e asfixiar a namorada. Ele foi detido enquanto caminhava na Avenida Maracanã, na Zona Norte e levado para a cadeia pública José Frederico Marques, em Benfica.
O suspeito foi localizado por policiais penais da Divisão de Busca e Recaptura da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária do Rio de Janeiro em conjunto com agentes da 25ª DP (Engenho Novo) após um trabalho de análise, baseado em coleta de dados e levantamento de informações provenientes do Disque Denúncia. O crime aconteceu em março do ano passado no apartamento onde a vítima morava. Na época, o então namorado da vítima alegou à polícia que a médica tinha cometido suicídio.
Segundo a família, Rosângela, que era capitã do Exército, namorava há pelo menos quatro anos o suspeito. A militar contava aos pais que já não suportava o relacionamento, mas tinha medo de terminar devido às ameaças que Elton fazia. À polícia, o pai da vítima relatou que a filha se queixava das atitudes do namorado, que frequentemente ele era grosseiro e violento. Segundo o boletim de ocorrência, no dia do crime, ao chegar no apartamento de Rosângela, Elton encontrou a namorada desacordada, caída no chão da sala e chamou o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Os socorristas ainda tentaram reanimá-la, mas sem sucesso.
De acordo com o laudo do Instituto Médico-Legal, o corpo de Rosângela apresentava marcas roxas no pescoço e no tórax, compatíveis com sinais de asfixia. Além disso, foram encontrados indícios de intoxicação no organismo da vítima: o exame toxicológico apontou o uso de duas substâncias — benzodiazepínico e opióide — que, associadas, levaram a depressão respiratória.
Imagens das câmeras de segurança do edifício da vítima mostram o suspeito chegando no apartamento da vítima por volta das 22h20. Elton carregava uma mochila e um saco plástico, que segundo a polícia, continha um sanduíche. Cerca de vinte minutos depois, ele entra no elevador novamente, desta vez sem camisa e apenas com o celular nas mãos. Ele se olha no espelho e segue até a portaria. Às 23h, o suspeito retorna com um paramédico. Enquanto os paramédicos estão no apartamento, ele vai para o corredor e aparece falando ao telefone celular andando de um lado para o outro.
O pai de Rosângela contou em depoimento que, por volta das 22h, recebeu um telefonema do celular da filha e que, ao atender, Elton pediu que ele fosse até o apartamento da médica. Ao perguntar o porquê, o suspeito desligou o telefone. Em seguida, Elton voltou a ligar e não disse o que estava acontecendo e desligou no telefone novamente. O pai de Rosângela conta que, somente na terceira ligação, Elton disse que era para ele ir ao local porque sua filha estava morta.
Ao chegar no prédio, o idoso ainda contou que foi impedido de subir pelo namorado da filha e que só depois de muita insistência ele conseguiu entrar no apartamento. No depoimento prestado à polícia, o pai de Rosângela disse que Elton não demostrava estar nervoso ou chocado com a situação.
Pouco depois do corpo da vítima ter sido removido, Elton voltou ao apartamento acompanhado de uma mulher, que segundo a família de Rosângela seria amante do suspeito. Os dois aparecem juntos subindo no elevador. Os familiares da médica contam que encontraram o apartamento todo revirado e que alguns pertences como joias e o celular da vítima desapareceram. Elton também é acusado de ter se apropriado dos cartões de crédito e do carro de Rosângela. Ele também fez saques de mais de R$ 10 mil da conta bancária de Rosângela.
Logo após o crime, o suspeito trancou a matrícula na Unisuam, em Bonsucesso, onde estudava Direito, e não foi mais localizado para prestar depoimento. A mulher que foi ao apartamento da médica após o crime também prestou depoimento, mas negou à polícia que tivesse um relacionamento íntimo com Elton.
Segundo a cunhada de Rosângela, Elton ainda compareceu ao enterro da capitã do Exército. Usando roupas prestas, ele ainda abraçou os familiares da namorada, ofereceu condolências e ainda chorou durante a cerimônia.
— Seus olhos inchados e o tom de voz abalado convenceram a maioria dos presentes de que ele estava devastado pela perda. Ele conseguiu manter a fachada de um namorado enlutado, fazendo com que ninguém suspeitasse de seu envolvimento no crime — conta Roberta Ferreira.
Uma resposta
Parabéns, policiais.
Antes que alguém fale “ain, mas eles lidam com bandidos, nós apenas fazemos formaturas e desfiles”, pergunto o que aconteceria se a vítima fosse PM de outro Estado, PRF ou PF, enfim, polícias sem atribuições para investigar um homicídio bárbaro desses…
Só lembro do sgt Cazuka, um FE muito querido, fizeram um “corridão de corpo presente” e deixaram o marginal homicida a cargo da PM, que o prendeu meses depois.
Ninguém respeita mais não.