Marinha força uso de escadas e limita ar-condicionado em escola após corte de verbas

Imagem: Marinha do Brasil

 

Restrições foram estabelecidas para atender metas de redução de despesas após cortes do governo federal

 

Cézar Feitoza
Brasília – Obrigada a cortar gastos administrativos para fechar as contas, a Escola de Guerra Naval da Marinha decidiu limitar o uso dos elevadores e de aparelhos de ar-condicionado em sua sede, no Rio de Janeiro.

Professores e alunos da escola recebem desde abril comunicados sobre novas regras de funcionamento. É uma tentativa de se encaixar nas novas metas de redução de custos após o governo federal congelar parte do orçamento do Ministério da Defesa.

Os elevadores só podem ser usados por pessoas com restrições físicas ou médicas e servidores que precisam transportar carga. Todos os demais são obrigados a subir e descer os seis andares da instituição pelas escadas.

O ar-condicionado só pode ser ligado se a temperatura na capital fluminense for igual ou superior a 27º C. Servidores foram orientados a deixar portas e janelas abertas durante todo o expediente para aumentar a circulação de ar.

“O militar escalado de Fiel de Avarias efetuará rondas para verificar o cumprimento dessas medidas e informará as discrepâncias observadas, que serão levadas ao conhecimento do Vice-Diretor”, diz trecho de um dos comunicados internos sobre as medidas de economia de recursos obtidos pela Folha.

Na quarta-feira (24), a direção da Escola de Guerra Naval enviou aos servidores um comunicado de que haverá recesso administrativo de 5 a 16 de agosto. “O maior ponto é a redução de gastos”, diz o informe.

A escola é um dos centros de altos estudos da Marinha. É lá que os oficiais fazem o mestrado militar, obrigatório para aqueles que querem chegar ao almirantado.

O arrocho na Marinha não se limita a questões administrativas e tem impactado projetos considerados estratégicos. Um exemplo foi a demissão de cerca de 200 funcionários ligados à construção de submarinos, em Itaguaí (RJ).

Em nota, a Marinha afirmou que sofreu uma redução de 54% no orçamento discricionário dos últimos dez anos. Com menos dinheiro, houve “atraso em projetos, perda de mão de obra especializada, comprometimento do desenvolvimento tecnológico, bem como impactos no Programa Geral da Manutenções”.

Para ajustar as contas deste ano, a Marinha diz ter feito ajustes nos gastos do Programa de Desenvolvimento de Submarinos, no Programa Nuclear da Marinha e no Programa de Obtenção de Navios-Patrulha.

“Administrativamente cabe pontuar o trabalho de implementação de medidas de economia com vistas às despesas de funcionamento e manutenção das Organizações Militares, em especial com a otimização do uso de equipamentos de alta demanda de energia”, disse a Marinha.

O Ministério da Defesa sofreu três cortes no orçamento deste ano que comprometeram programas estratégicos das Forças Armadas e a rotina administrativa.

Em janeiro, a pasta foi alvo de um corte de quase 70% na verba usada para custear o dia a dia de sua sede, como as contas de água, luz e café.

Novo congelamento de recursos foi feito em abril. A Defesa perdeu R$ 280 milhões e viu seu orçamento discricionário (de verbas não obrigatórias, como investimentos) diminuir ao menor volume em uma década.

O corte deixou a pasta com R$ 5,7 bilhões disponíveis em verba discricionária, sem contar com o dinheiro das emendas parlamentares e do Novo PAC. Em 2014, essa mesma fatia era de R$ 11,5 bilhões —valor que supera R$ 20 bilhões se considerada a inflação do período.

O terceiro bloqueio de recursos foi divulgado na terça-feira (30). A Defesa perdeu R$ 675 milhões de seu orçamento. Ao menos parte do valor pode ser devolvido para a pasta a depender do resultado das contas públicas até o fim do ano.

A gestão do ministro da Defesa, José Múcio, ainda decide como irá dividir o corte entre as Forças. A avaliação na Defesa é de que o bloqueio foi maior do que o esperado, o que deve impactar o andamento dos programas estratégicos militares.

As Forças Armadas gastaram 85% de seu orçamento de 2023 com o pagamento de pessoal, impulsionado pelas despesas crescentes com militares inativos e pensionistas. O perfil gastador com salários e benefícios distancia o Brasil de sua meta de modernização orçamentária, que usa a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) como modelo.

Os gastos com pessoal têm crescido em ritmo mais acelerado do que o orçamento total do ministério, e o resultado é um espaço cada vez menor para investimentos e custeio.

Os chefes militares tentam aprovar uma proposta no Congresso para fixar o orçamento da Defesa em 2% do PIB (Produto Interno Bruto), como resposta à crise.
FOLHA – Edição: Montedo.com

23 respostas

  1. Uma vergonha, um esculacho.
    Merecem ser pisados e humilhados.
    Enquanto isso, todo o funcionalismo publico com aumento.

    Pago pra ver um delegado da PF ou qualquer outro gestor ter essa brilhante ideia.

    São esses os individuos que se acham lideres. Lideram nem a própria casa. A maioria tudo galhado.

  2. Tem que cortar gastos com certeza , mas da para cortar e muito com medidas que empresas privadas adotam .
    Se a marinha fosse administrada como uma empresa privada , com certeza da para cortar muito gasto desnecessário de forma inteligente.
    Já fiz muito corte de gastos em empresas que dão certo e só saber fazer.

    1. Começar cortando viatura administrativa para qualquer um
      Cargos inúteis de PTTC, que todos sabem que nada agregam e apenas atrapalham as seçoes
      Viagens mil e movimentacoes de uns poucos poderosos.

      Ah meu amigo tem mta coisa para mexer antes do bem estar da tropa.

  3. O Lule durante a campanha falou que, não tinha medo dos Militares e que se ganhasse iria colocar os Milicos no devido lugar.
    Ao assumir falou que não confiava nas Forças Armadas.
    Temos que economizar para os artistas gastarem através da lei Rouanet.
    Só falta agora milicos comerem ração.

  4. Oba, vai tocar licença da fome direto.

    Só assim faturo fazendo bico de eletricista e de motorista por aplicativos.
    Temos que correr atrás, só salário de Mara não dar.

  5. uma piada essa notícia, corta gastos dos milicos e gastam mais em brasília com casas que nem usam, devem ter vários empregados que trabalham em tais casas, mas fantasmas. cortar banquete de formaturas de aniversário de cavalo, enquanto cortam nos quarteis, a primeira dama vai a paris fazer altas compras, e isso tudo graças ao falço mito.

  6. Militares continuam Dando o sangue pela Nação, sem notícias de reajuste, tudo quieto.
    Enquanto isto, os civis da União já estão com os bois pegos, tranquilos com o reajuste já acordado para Os Próximos Dois Anos.
    Tic, tac, Tic, Tac…. O Prazo Para Incluir No Orçamento Do Próximo Ano Está Se Esgotando…….

  7. Duvido qualquer outra autarquia fazer isso. Essa mentalidade de militar de cortar na própria carne enquanto os outros esbanjam é simplesmente ridícula

  8. Será que desligam o ar condicionado e elevadores do STF, Congresso Nacional, Presidência da República ou das Universidades Federais?
    Ou é só dos milicos pau mandados e borra botas?

  9. Eu quero é licença pra trabalhar de UBER.
    Obrigado lulinha por cortar das FFAA, corta mais, ainda tem uma gordurinha pra queimar, decreta logo licença ao meio dia.
    Bora quero fazer bicos.
    Meu salário de fome não consegue pagar minhas despesas.

  10. já passou da hora das Forças Armadas fecharem de vez as portas , só humilhação, as forças armadas estão no cabresto com o PT no comando.

  11. Não EGN, além do “Mestrado” também tem o “doutorado” militar e civil no PPGEM, além do curso de oficiais intermediários o que é gente a Bessa. O refeitório e alojamentos Dos alunos ficam, respectivamente no último e penúltimo andares, ninguém vai descer para não suar as fardas, imaginem esses lordes (Escola Naval) suados. Tenho uma fica para economia e não essa sacanagem aí, só cortar missão no exterior desse povo pós curso, a economia não vai ser porca, todavia é melhor cortar no mínimo para premiar no máximo e quem sofre? A Guarnição da escola.

  12. Quero é que cortem mais. Não teremos reajuste do soldo mesmo. Então, o jeito é ter meio expediente o ano todo. Só assim para o praça se dar bem.

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