Nomeado por Lula tenta barrar homenagem ao Almirante Negro, líder da Revolta da Chibata. Adalberto Cândido se recusou a ler documento que classifica o caso de 1910 como episódio ‘vergonhoso’
Lucas Altino
São João de Meriti (RJ) – Após o comandante da Marinha, Marcos Sampaio Olsen, se posicionar contra o projeto que inclui João Cândido Felisberto, o “Almirante Negro”, no livro oficial de Heróis da Pátria, o único filho vivo do líder da Revolta da Chibata disse que seu pai não era um herói da Marinha, mas sim “um herói do povo”. Adalberto Cândido, que se recusou a ler a carta de Olsen na íntegra, disse que o episódio de agora é apenas mais um capítulo da perseguição que sempre foi imposta a seu pai.
— Se fizesse um plebiscito, uma eleição para saber sobre o reconhecimento, ele (João Cândido) ia ganhar — afirmou Adalberto, o Candinho, de 85 anos, o caçula dos sete irmãos e morador de São João de Meriti, município onde seu pai terminou a vida. — Não quero que meu pai seja um herói da Marinha, ele é um herói popular. Quero que meu pai seja um herói do povo.
“Seu Candinho”, como é conhecido na vizinhança, disse que seus familiares precisaram lhe contar sobre a carta. Ele não teve coragem de ler o texto, que classificava a Revolta da Chibata, de 1910, uma rebelião liderada por João Cândido contra os castigos físicos sofridos pelos marinheiros, a maioria negros, como “episódio vergonhoso” e “deplorável”. Olsen ainda chamou os marinheiros participantes do movimento de “abjetos”.
— Meu pai está na história do país. Ele é conhecido internacionalmente. O que um oficial da Marinha representa perto do João Cândido? — questiona Candinho, que admitiu que não seria “cordial” em um suposto encontro com Olsen. — Deveriam agradecer aos marinheiros de 1910 pela Marinha que existe hoje.
O filho do Almirante Negro, eternizado com esse “título” em célebre canção de João Bosco e Aldir Blanc, e enredo do último carnaval da Paraíso do Tuiutí, diz que seu pai tinha perfil “reservado”, e não contava muito sobre o movimento que liderou. Candinho nasceu após a revolta, mas conviveu com os atos de perseguição, como a tentativa frustrada de seu pai trabalhar na Marinha Mercante, e também da proibição de instalação de um busto em homenagem em Porto Alegre (João Cândido nasceu no Rio Grande do Sul).
Expulso da Marinha em 1912 e após décadas de esquecimento, João Cândido teve sua imagem resgatada a partir do livro “A Revolta da Chibata”, de Edmar Morel, lançado em 1958, conta Candinho.
— Meu pai sempre foi perseguido. De 1910 a hoje a Marinha mantém rancor, um ranço danado contra meu pai. Porque não achavam que marinheiros teriam capacidade em organizar aquele movimento, e pelas mortes ocorridas no confronto — afirma Candinho, que relembra do racismo que ditava a instituição. — Não tinha disciplina e hierarquia. Os pais colocavam os filhos rebeldes na Marinha e os oficiais eram filhos de fazendeiros. Teve a Lei Áurea, mas a escravidão continuava na Marinha.
O único filho do Almirante ainda luta pela obra de um museu na cidade em memória à luta do pai. No ano passado, Candinho participou de uma reunião para construção da Casa de Memória Marinheiro João Candido, projeto da Fundação de Artes do Estado do Rio de Janeiro (Funarj) com a prefeitura de São João de Meriti. Apesar dos esforços, o projeto segue engavetado:
— Continuamos na luta pelo seu reconhecimento. Leia mais.
O GLOBO – Edição: Montedo.com
18 respostas
Pouco importa o que esses almirantes pensam. As instituições republicanas pertencem ao povo e não a eles, embora eles usem o pronome possessivo para tudo.
O povo, por meio do seu congresso, quer. E assim será.
Respondendo ao filho do Almirante Cândido, um oficial da marinha representa apenas uma coisa, um peso para o orçamento que em breve será também discutido pelo povo pagante
A chibata continua sendo utilizada nos dias atuais não só na marinha, mas também no Exército e na Aeronáutica!!!
Mas não são açoites com chicote que hoje recebemos os castigos!!!
A Chibata moderna é aplicada por meio de um código penal militar arcaico, um regulamento disciplinar que favorece o oficial em detrimento ao praça.
A Chibata moderna é aplicada também pelo governo quando propõe uma PEC que acaba com direitos políticos dos Praças e quando arrocha os salários na Caserna e não propõe algum índice de reajuste como tem feito com as Carreiras Civis!!!
O risco é que surjam novos “Joãos Candidos”!!!!
A História de João Cândido corre muito em paralelo com o que acontece no Haiti. A História de João Cândido Vocês ja Conhecem. O Haiti, foi o primeiro pais da america a declarar Independência depois dos EUA. Os americanos estimulavam Que todos os Países do continente fossem independentes. E como Reconhecer a Independência de uma revolta de escravos, que Mataram todos os brancos da ilha e tomaram o poder. A França ate meados da Década de 80 ainda cobrava do Haiti Reparação dos Prejuízos da Independência.
A chibata nos praças hoje estaria para com as condições de trabalho e os baixos salarios.
Fingimento e descaso com os estamentos inferiores.
Para mim, deveria ser “reanistiado” e promovido post Mortem. Foi preso e maltratado na cadeia, sobrevivendo a Pão e agua, além de ter Sido expulso da MB sem qualquer beneficio como pária da historia, ta na hora fo Reconhecimento daquele que lutou pelos Direitos Humanos dos militares em detrimento de Custódio, Saldanha da Gama e Wandenkolk que lutava pelos seus interesse e da oficialidade em manter seus Benefícios contra a República. O MPF está requerendo reparação igual a que foi feita na ditadura.
Sou militar da Marinha, neto de um negro que entrou na marinha em 1913, 3 anos somente depois da Revolta da Chibata e dois da Reforma militar de 1911 que acabou com os castigos fisicos na Marinha. Agradeço ao Almirante Negro por ter dado a chance ao meu avô de ter uma carreira honrada que o levou A 1Ten (Sim, naquela epoca um praça seguia a carreira ate onde pudesse, podendo galgar ao oficialato sem precisar prestar outro concurso). Incrível a Hipocrisia da Marinha. Há alguns anos antes, na revolta da armada, nomes como Custódio de Melo e Saldanha da Gama tentavam depor presidentes juntando-se até a revolta Federalista e o João Candido é que o subversivo pq queria acabar com os castigos fisicos da escravidão que já tinha sido Abolida desde de 1888. Viva a ao Almirante Negro e obrigado. Sem vc, talvez nem eu pudesse ser dessa Marinha Preconceituosa que é até hj.
O chamado “tenente Tererê”. O militar era oficial de sua Própria especialidade (armamentista, sinaleiro, paioleiro, etc) acabaram com isso justamente para a Praça nao ser oficial, mantendo o AA apenas para aquele que fosse “babas” para que tivesse Indicação, Mesmo não sendo o melhor.
O comandante da Marinha, Marcos Sampaio Olsen, continua aplicando a chibata em João.
O herói do Olsen é o geoestratega Mullah do mensalão, do petrolão, da Lava Jato, da picanha internacional e agora das viagens internacionais com rombo de R$ 288 bilhões em 2023 e aumento da divida publica em mais de R$ 1 trilhão.
O herói do Garnier, ex cmte da Marinha, era o presidente anterior; golpista, incompetente, negacionista, extremista de direita e fanático religioso. Muda alguma coisa?
Muda sim, muda tudo. Fatos são fatos. Rótulos e narrativas não são fatos.
O Mestre-Sala Dos Mares
Há muito tempo, nas águas da Guanabara
O dragão do mar reapareceu
Na figura de um bravo feiticeiro
A quem a história não esqueceu
Conhecido como o Navegante Negro
Tinha a dignidade de um mestre-sala
E ao acenar pelo mar, na alegria das regatas
Foi saudado no porto pelas mocinhas francesas
Jovens polacas e por batalhões de mulatas
Rubras cascatas
Jorravam das costas dos santos entre cantos e chibatas
Inundando o coração do pessoal do porão
Que, a exemplo dos feiticeiros, gritava, então
Glória aos piratas
Às mulatas, às sereias
Glória à farofa
À cachaça, às baleias
Glória a todas as lutas inglórias
Que através da nossa história, não esquecemos jamais
Salve o Navegante Negro
Que tem por monumento as pedras pisadas do cais
Mas salve
Salve o Navegante Negro
Que tem por monumento as pedras pisadas do cais
Mas faz muito tempo
So lembrando que o Almirante Alexandrino foi amotinado, lider da revolta da armada, exilado e depois anistiado e promovido a almirante.
Qual a diferenca?
A diferença é que o atual alto Comando aliado a administração Lula promove, sob pretexto da culpa em Bolsonaro, o escárnio dos Praças e suas famílias….isso Sim!!
Viva o Almirante Negro!!
João Cândido é um Herói. Fez mais pelas praças, mais que qualquer Almirante.
O Candinho com essa fala, colocou mais lenha na fogueira, pois a tradição da Armada não mudará em favor de João Cândido. Essa “ladainha” continuará até o inferno congelar e o capeta morrer congelado.
No entanto, que continue as tentativas em favor da mudança da Armada, favorável ao “Almirante Negro.”
“As carnes de um servidor da pátria só serão cortadas pelas armas dos inimigos, mas nunca pela chibata de seus irmãos. A chibata avilta.” – (João Cândido, entrevista ao Correio da Manhã durante a rebelião de 1910).
João Cândido, o eterno Almirante Negro.
A chibata hj é financeira.