Haitianos tentam fugir da anarquia de gangues enquanto vizinhos reforçam forças armadas

 

Ação de gangues violentas já fez milhares de vítimas e força milhões de pessoas a enfrentar fome aguda
Harold Isaac e Gilbert Bellamy
Porto Príncipe – Sem sinais de que o prometido conselho de transição que traria tropas internacionais e ajudaria a restaurar a ordem será implementado, os haitianos que podem já tentam fugir do país.

Gangues violentas tomaram o controle da maior parte da capital, mataram milhares de pessoas e forçaram milhões de pessoas a enfrentar a fome aguda.

“Todo dia é questão de vida ou morte”, afirmou Pierre Joseph, trabalhador de 34 anos da instituição de caridade Save the Children, segundo comunicado da própria organização.

A instituição relata que o colaborador foi forçado a deixar dois lares diferentes com a mulher e um bebê de seis meses, e que tem tido dificuldade para encontrar suprimentos básicos.

“Pela primeira vez estamos enfrentando uma crise na qual nada funciona, onde o governo simplesmente não está funcionando”, afirmou, acrescentando que o fornecimento de alimentos e energia colapsaram.

“Todos estão com medo e deixando o país.”

O aeroporto e portos de Porto Príncipe estão fechados há um mês devido à atividade das gangues, embora o aeroporto da cidade de Cabo Haitiano, no norte, tenha retomado os voos para Miami na semana passada, levando muitos dos que podem a tentar sair do país.

Países vizinhos elevaram a segurança na fronteira, incluindo a República Dominicana, único que possui divisa terrestre com o Haiti. A nação vetou o estabelecimento de campos de refugiados em seu território e deportou dezenas de milhares de pessoas.

Nesta quinta-feira, o ministro das Relações Exteriores dominicano, Roberto Alvares, afirmou à BBC que cerca de 10 mil militares foram destacados para os 400 km de fronteira, a um “alto custo” para o orçamento nacional e prejudicando o comércio internacional.

O Haiti não possui representantes eleitos e foi rebaixado a um Estado de anarquia, com gangues expandindo quase totalmente seu controle na capital.

O primeiro-ministro do Haiti, Ariel Henry, anunciou sua renúncia no dia 11 de março, com a piora da violência impedindo seu retorno do exterior. A condição para sua saída era a instalação de um conselho de transição formado por líderes regionais, que escolheriam seu substituto.

Em 2022, Henry pediu que uma força internacional ajudasse a polícia a restaurar a ordem, mas o processo atrasou e foi suspenso até que o conselho seja instalado.

Soldados das Bahamas e de Belize viajaram para a Jamaica no mês passado para serem treinados por uma força-tarefa canadense para apoiar o envio de tropas da Comunidade do Caribe para o Haiti.

“Essa é apenas mais uma iteração nos esforços contínuos para garantir que as forças regionais sejam proficientes, integradas e preparadas para quaisquer contingências que possam surgir na região”, disse o tenente-coronel da Força de Defesa da Jamaica, Kevron Henry.

Alvarez disse que a inteligência militar sugere que muitos recrutas foram forçados a entrar nas gangues por necessidade econômica e ameaças de violência.

O novo conselho provisório precisaria garantir “dinheiro vivo” para financiar a inteligência e os equipamentos da polícia no Haiti, acrescentou.

“Eu certamente não disse que seria fácil, mas acredito que é possível; a polícia nacional ainda existe”, disse.

Apesar de centenas de milhões de dólares em promessas internacionais, pouco foi entregue ao fundo fiduciário da missão de segurança da ONU. Enquanto isso, as gangues se beneficiam da extorsão, do pagamento de resgates e do suposto apoio de elites corruptas que lhes permitiram acumular vasto arsenal.

REUTERS

6 respostas

  1. “A preservação da supremacia civil sobre a militar é essencial ao Estado democrática de Direito.”

    Que essa supremacia se realize no Haiti, na Nicarágua, Venezuela, Coreia do Norte, Bolívia, Vietname, entre outros, também na Rússia de Putin.

    1. Papo de papagaio de pirata. o que se tem de ter é forças armadas e Instituições que cumpram as Leis de um Pais. Não é o nosso caso.

  2. A alguns anos um ser iluminado chamado Aristides, de esquerda, teve a brilhante ideia de acabar com o exercito do Haiti, deu nessa anarquia. Igual ao um pais mais ao sul das americas, onde o pessoal de esquerda prega acabar com as FFAA E pM. vai vendo Brasil…o Haiti é logo aqui.

    1. Pois é, mas alguns povos não se ajudam. Haiti e Afeganistão, por exemplo, foram países que receberam grandes montantes em ajuda financeira e material, mas veja o que aconteceu: no caso do Haiti, bastou a ONU sair que o país virou uma anarquia. Já o Afeganistão Recebeu recursos e ajuda de toda ordem. Suas Forças Armadas foram, na medida do possível, bem treinadas e bem equipadas, mas bastou os EUA saírem de lá que um bando de estupradores de cabras saídos Da idade média (entenda-se Taleban) levou poucos dias para voltar ao poder. O Brasil não é muito diferente: olha quantas riquezas que nós temos, mas Até hoje somos uma nação pobre, financeira e Intectualmente. Hoje podemos estar em melhores condições Que os dois países supramencionados, mas se as coisas continuarem Como estão, logo seremos nós o Haiti.

      1. Aquele povo dos talebans realmente um povo da idade media não precisou nem de dias.
        Eu vi um documentário e eles ficaram esperando o ultimo aviao decolar, na mesma hora tomaram o controme de tudo. Estavam na porta esperando.
        Que Deus tenha misericordia daquele povo, principalmente das mulheres

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Pular para o conteúdo