Cúpula do Exército minimiza ação de Theophilo em plano de golpe

Na imagem, general Theophilo (à esq.) recebe a passagem de comando da 10º Região Militar em Fortaleza (CE), de Freire Gomes (à dir.)

 

Para generais do Alto Comando, o general, ex-comandante de operações terrestres, não tinha “poder” de movimentar tropas, como diz a PF

CAIO VINÍCIUS

A cúpula do Exército, composta por generais de último grau hierárquico, avalia como positiva a quebra de sigilo dos depoimentos de militares alvos da operação Tempus Veritatis. Segundo integrantes do Alto Comando da Força ouvidos pelo Poder360, a divulgação das oitivas permitem identificar os militares que foram simpatizantes diretos dos ideais golpistas durante o governo de Jair Bolsonaro (PL) e, a partir disso, projetar possíveis cenários de condenações.

Para os generais, contudo, há um grupo de militares que teria sido levado ao centro das discussões golpistas em razão do cargo que ocupavam à época. Segundo eles, seria o caso do ex-comandante do Exército Freire Gomes e do general Estevam Theophilo, ex-chefe do Coter (Comando de Operações Terrestres).

Segundo os generais ouvidos por este jornal digital, o general Estevam Theophilo, ex-comandante de operações terrestres, não tinha autoridade de movimentar tropas, como diz o relatório da PF (Polícia Federal). Isso foi mencionado pelo militar em depoimento à corporação. Eis a íntegra do depoimento (PDF – 548 kB).

Além disso, o ex-chefe do Coter seria um amigo de Freire Gomes e teria participado de algumas reuniões por ordem dele. Ex-comandante do Exército, negou informação em depoimento à PF.

Outro fator que afasta a participação voluntária de Theophilo, segundo generais ouvidos pelo Poder360, é o fato de o militar ter histórico familiar com a instituição −6 familiares integram altos postos na Força. A família Gaspar de Oliveira tem presença no Exército desde da época do Império.

Segundo a investigação da PF, o ex-chefe do Coter teria consentido com a adesão ao golpe e é mencionado como “responsável operacional” pelo emprego dos militares, caso fosse concretizada a intervenção federal para manter Bolsonaro no poder.

OPERAÇÃO TEMPUS VERITATIS
A PF deflagrou em 8 de fevereiro de 2024 a operação Tempus Veritatis (do latim, “Tempo da Verdade”) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e aliados por uma suposta tentativa de golpe de Estado para mantê-lo na Presidência da República.

Relatório da PF encaminhado ao STF afirma que Bolsonaro recebeu uma suposta minuta pedindo a prisão dos ministros Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes, além do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). A minuta teria sido o objeto das reuniões convocadas por Bolsonaro no Palácio da Alvorada com integrantes do seu governo e militares da ativa.

PODER 360

16 respostas

  1. Somente porque não tinha “poder” não é justificativa para nada e todos os civis que foram condenados eles tinham poder? De qualquer forma tinha o poder de influenciar seus comandados, mesmo que poucos, e outros. Isso não é justificativa plausível para passar a mão nesse golpista.

    1. Poder de influência zero. No entanto, essa narrativa de golpe já cansou, narrativa porque do ponto de vista técnico não há sustentabilidade.

  2. Aqui na roça meu vizinho diz que escuta as vacas sob anonimato para não haver perseguição popular. São tantas as vacas que ele não sabe de onde vem as vozes. Depois ele conta as histórias que as vacas lhe contam no anonimato. Ele quer fazer um blog para contar suas narrativas.

  3. Supondo por suposição que uma suposta tentativa não tentada e não deflagrada de um suposto plano de Golpe de Estado ainda em planejamento e, tendo como base artigos da constituição federal de 1988 em uma suposta minuta e que, supostamente, teria que ser enviado ao Congresso Nacional e ao Conselho da Republica para apreciação, pergunto: É golpista a Constituição de 1988?

    1. A questão é que não vivemos num momento de normalidade jurídica e nem de validade da norma constitucional. A constituição de 1988 agora é uma norma hipotética e relativa.

    2. A Constituição de 1988 não é golpista, mas os criminosos que quiseram golpear, apulharar a patria pelas costas são golpistas e devem morar na cadeia junto com o ladrão de joias, articulador da minuta e principal interessado em ter o poder e o cofre público ao seu dispor a qualquer custo.

  4. É Lamentavel ver uma figura abjeta, falsa, traidora, se encrupulos com medalhas no peito. Que foi isso General? Foi a sua covardia ou a perfídia que vc cometeu.

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