Moraes poupou a Tomás o constrangimento de ter de dizer a Bolsonaro e a Braga Netto que não são bem-vindos no palanque das autoridades
MARCELO GODOY
No dia 7 de março, o ministro Alexandre de Moraes registrou no inquérito das milícias digitais uma decisão inédita na história das Forças Armadas: proibiu a presença de generais e de um ex-presidente em suas solenidades. A decisão do ministro atinge 22 suspeitos de participação na tentativa de golpe contra o resultado das eleições de 2022.
Eles foram proibidos de comparecer a cerimônias, festas ou homenagens no Ministério da Defesa, na Marinha, na Aeronáutica, no Exército e nas PMs. Entre os atingidos estão Jair Bolsonaro e os generais Braga Netto, Paulo Sérgio de Oliveira, Estevam Theophilo e Mário Fernandes. Ou seja, um ex-presidente, dois ex-ministros da Defesa (Oliveira e Braga Netto), um ex-chefe de Operações Terrestres (Theophilo) e outro de Operações Especiais (Fernandes) não podem pisar nos quartéis nem mesmo no Dia do Soldado.
Para Bolsonaro, não há nenhuma novidade. O capitão indisciplinado já havia amargado uma temporada como persona non grata nos quartéis quando Leônidas Pires Gonçalves e Carlos Tinoco, então ministros do Exército, proibiram-no de entrar nas casernas. Ou ainda na ocasião em que o general Zenildo Lucena ameaçou prendê-lo quando o então deputado quis fazer um de seus espetáculos em frente ao quartel-general do Exército.
Desde a intentona do dia 8 de janeiro, Bolsonaro deixou de comparecer às cerimônias militares. No fim de 2023, Braga Netto esteve sozinho no Comando Militar do Leste, quando o general André Luis Novaes passou o comando ao general Kleber Nunes de Vasconcellos – ainda não eram públicos seus ataques ao general Freire Gomes e ao atual comandante do Exército, Tomás Paiva. Este e o futuro chefe do Estado-Maior do Exército, Richard Nunes (assumirá o cargo em 26 de abril), foram difamados por bolsonaristas que tentavam transformá-los em melancias a fim de – no plano golpista – incentivar que fossem ultrapassados por coronéis em razão de se oporem ao golpe.
Moraes poupou a Tomás o constrangimento de ter de dizer a Bolsonaro e a Braga Netto que não são bem-vindos no palanque das autoridades. Não só pelas ofensas, mas para evitar que a presença seja interpretada como a permanência da política no quartel, desvirtuando o caráter cívico das solenidades.
Em 2023, Bolsonaro trocou o Exército pela PM paulista. Não deixava de comparecer às comemorações da Rota. Em 16 de outubro, foi homenagear os policiais que participaram da mortífera Operação Escudo. Moraes, que foi secretário da Segurança de São Paulo, acabou com a festa. E, ao mesmo tempo que fez um favor a Tomás, lançou um alerta ao governador Tarcísio Freitas: a politização dos quartéis nunca tem um final feliz.
ESTADÃO – Edição: Montedo.com
10 respostas
Olha só a diferença.
O ex ministro do Exército, Zenildo de Lucena, ia mandar prender Bolsonaro se ele fizesse manisfestações em frente ao QG.
O atual vai pedir ao ministro do STF para proibir o Bolsonaro e alguns oficiais generais de dar as caras nos quarteis em solenidades.
Eis a grande diferença de homens.
Ou seja, no passado tínhamos “general raiz” que não tinha medo de usar sua autoridade. Hoje, os nossos “nutelas” se escondem atrás de civis.
Lembrando da declaração do ex comandante do Exército sobre o acampamento em frente ao QG. Afirmou que estava aguardando uma decisão da justiça.
Deus nos livre de uma guerra!!
Excelente Comentário
quem tem limite é municipio!
Divisa é entre Estados e Fronteira entre países, muito bem lembrado…
E teu cérebro
Ai… Ui… O Bozo pode isso, o Bozo não pode aquilo… ai… ui… Sabe com quem está falando? Eu prendo e arrebento! Ai… Ui…
Pois é Bolsonaro, as Praças e Pensionistas das Forças Armadas te recebiam bem, te apoiava, reelegia o Sr e seus filhos. Na primeira oportunidade que o Sr teve, traiu todos e se juntou aos oficiais. O tempo cobra, sua hora chegou.
As RP’s agradecem. Menos otoridades para bajular…
Nada mais justo, quartel não é lugar de bandido, esses caras devem comparecer na papuda e ficar por lá pelas Próximas décadas!!
Cuidado com acusações sem provas, nos tempos atuais, hein!
Repitta as acusações, só pra ver um negócio aqui.