Escola de Sargentos: após aceitar mudar vila militar de lugar, Exército diz que chegou ao limite e pode deixar Pernambuco

PROJETO ESA

Força já havia alertado que impedimentos ambientais ou judicialização poderiam prejudicar Escola de Sargentos em Pernambuco

Jamildo Melo

O general do Exército Joarez, indicado diretamente pelo Ministro da Defesa José Múcio Monteiro para cuidar da implantação da Escola de Sargentos do Exército em Pernambuco (ESA), em entrevista exclusiva ao Blog de Jamildo, revela que as Forças Armadas aceitaram realizar novas mudanças no projeto original, reduzindo a necessidade de supressão vegetal, mas que as essas mudanças representam um limite, que se ultrapassado significará a perda do empreendimento em Pernambuco.

Impacto econômico positivo
O general observou que uma das vantagens da ESA é que ela vai criar desenvolvimento e ficar por muitos anos.

“Discutir os aspectos dos benefícios econômicos e sociais são importantes, eles são inquestionáveis, pois agregam valor à região de Abreu e Lima. Não há desacerto aqui, todos sabem que a localidade escolhida pode ser um polo de desenvolvimento”, afirma.

“O complexo é um empreendimento extremamente positivo porque vai operar no ambiente educacional. Não é como uma fábrica, que traz benefício, mas não tem garantia de permanência. Só fica enquanto tiver lucros (como benefícios fiscais). A Escola de Sargentos é permanente”, frisa.

Benefícios da permanência do Exército
O militar cita que a área da APA em questão só esta preservada até hoje porque está sob os cuidados das Forças Armadas.

“Um dos principais benefícios da ESA é a permanência do Exército. A área preservada que temos hoje está nas mãos do Exército, enquanto existem outras áreas dentro da mesma APA que não foram preservadas ao longo dos anos. Foi o caso da cidade de Araçoiaba e Chã de Cruz, foi o caso dos condomínios horizontais de Aldeia”, cita, antes de demonstrar empatia com os questionamentos dos ambientalistas.

“Existe outra verdade que precisa ser dita. Este é o limite. Além disto, não tem como permanecer no Recife”.
General Joarez, coordenador do projeto da Escola de Sargentos

“A supressão de área que o Exército precisa é pequena, se comparada com à área total. E nós vamos repor, vamos fazer a compensação ambiental até mesmo maior do que exige a lei. O que acontece é que, nesta área ambiental, muita coisa é tratada e não é cumprida. Com o Exército é diferente. Já vimos fazendo isto sem obrigação nenhuma. Vamos fazer com mais primor ainda. Estamos tratando a questão com muita responsabilidade”, descreve.

Chute com número de árvores e mata original
O blog de Jamildo perguntou qual seria a base do número de supostas 300 mil árvores a serem destruídas para a implantação do projeto, citada pelos grupos contrários à escola. O general Joarez explicou que as Forças Armadas não trabalham com chute e o número final de supressão será definido pelo tamanho do projeto.

“Não existe estudo técnico definitivo que diga o número final de supressão vegetal, o que pode haver são essas estimativas genéricas. Vai depender da área. (outra falácia…) não é mata nativa, é uma mata regenerada, que já havia sido desmatada para virar plantações de cana no passado, antes que o Exército tomasse conta”

Redução da área a ser desmatada e busca de acordo
O general Joarez revela que, no final de novembro, o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, recebeu um ofício com propostas de mudança do Fórum Social de Aldeia e que a partir dessas discussões foram feitas alterações no projeto.

“Toda vez que acontece um ruído aqui [em Pernambuco], os estados do Rio Grande do Sul e Paraná entram em contato e se oferecem, se colocam como parceiros para sediar a escola.”
General Joarez, coordenador do projeto da Escola de Sargentos

“Como se sabe da sensibilidade do tema, hoje temos um novo estudo, com uma proposta acordada pelo Fórum Social. Precisávamos de 200 hectares, agora este número vem caindo. Com a retirada da vila dos militares, que vai ser transferida e recolocada ao longo da estrada de Mussurepe (PE 048), serão 90 hectares de supressão vegetal. O documento está pronto e a nossa expectativa é que se chegue a um bom termo”, compara.

“(Em paralelo às novas concessões), … existe outra verdade que precisa ser dita. Este é o limite. Além disto, não tem como permanecer no Recife. Temos todo amparo legal, agimos dentro da legalidade e já cortamos na carne (com as sucessivas mudanças no projeto original). Assim, infelizmente, eu repito, infelizmente, se ainda tivermos resistência, vamos ter que partir para outras opções fora de Pernambuco. Existem outras áreas que não oferecem esta resistência e podem atender ao que precisamos”

“Toda vez que acontece um ruído aqui, os estados do Rio Grande do Sul e Paraná entram em contato e se oferecem, se colocam como parceiros para sediar a escola”. Até a cidade de Campina Grande já procurou o MD se apresentando como alternativa.

Busca de soluções para o Meio Ambiente
“A questão ambiental é a preocupação dela (Raquel Lyra). O Exército está buscando a solução e não o impedimento… Há sim a necessidade do posicionamento explícito de que o governo do Estado é parceiro no empreendimento”, disse.

“Se se olhar este tema sem paixão, sem desinformação, todos verão que o impacto ambiental é positivo. Vamos fazer muito mais do que as compensações exigidas por lei. Os discursos emocionais sobre a problemática ambiental geram impacto, ganham aplausos, mas aqui os dados da realidade são outros. O fato concreto é que a Escola de Sargentos será o grande guardião da preservação da APA”, declara.

“Por isto que nós acreditamos que a governadora tem que explicitar esta parceria no empreendimento… a questão ambiental não é (ou deveria ser) desgastante. Haverá ganhos ambientais expressivos.”

Contrapartidas equacionadas
“Estamos negociando as contrapartidas e hoje não há controvérsia. Elas tem prazo para sair. Temos reunião agendada em meados de janeiro e acreditamos na efetividade deste trabalho.”

Blog de Jamildo – Edição: Montedo.com

17 respostas

  1. O ex Ministro da Defesa disse que o efetivo das Forças Armadas vai diminuir, pra quê construir outra escola?
    Nossas Forcas Armadas só vivem de aparências, formaturas e pintura de meio fio.

  2. Já deveriam deixar Pernambuco há muito tempo.implantar a Escola de Sargentos no Rico Estado do Paraná, perto de tudo, ondes os familiares possam visitar os filhos, numa lugar menos violento, . Não sei porque o Exército essta insistindo para construir Escola de Sargentos ,no Nordeste,, ok não falta é opções na Região Sul do Brasil.

    1. Onde os familiares que moram no sul sudeste do País possam visitar seus filhos. Certo? A família Mal pode ir para três corações, quanto mais para santa Maria.

      Se esse fosse o motivo, a melhor cidade seria Formosa/GO, 80km de Brasília.

  3. Menos custoso seria o exercito promover junto ao MEC cursos técnicos nos Institutos Brasil afora, e contratar temporariamente para diversas especialidades, mantendo em menor número, Sargentos de carreira concursados e mais bem remunerados (palicando algum adicional diferenciado, por essa condição). Assim, nivelaria por cima o nível dos concursados, ao mesmo tempo que abriria mais empregos técnicos oara a população em geral.

  4. Melhor ficar em Minas gerais, estrutura pronta, tradição na cidade, política a favor, abre o TG em Pernambuco, assim eles ficam com uma nova unidade do EB também, e haverá redução de custos e desgaste político

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