Militares tentam se descolar de Braga Netto e dizem que TSE não afeta Forças Armadas

Foto: Rafael Menezes

General da reserva foi condenado à inelegibilidade por uso eleitoral de comemoração do 7 de Setembro
BRASÍLIA – A cúpula do Exército tenta descolar a imagem da corporação da do general da reserva Walter Braga Netto, ministro da Defesa no governo Jair Bolsonaro (PL) e declarado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) inelegível por uso eleitoral do 7 de Setembro do ano passado.

Três generais consultados pela Folha afirmaram sob reserva que o revés de Braga Netto na Justiça Eleitoral, no julgamento concluído na terça-feira (31), não afeta diretamente as Forças Armadas.

Eles afirmam, porém, que há um desgaste nas corporações com a sequência de decisões desfavoráveis e investigações que atingem militares que participaram do governo Bolsonaro.

Segundo o relato dos oficiais, Braga Netto deixou de frequentar o Quartel-General quando saiu do governo e só mantém relação com amigos e colegas da sua turma, sem influir nas discussões ou decisões da Força.

Braga Netto, candidato a vice de Bolsonaro no ano passado, é general da reserva, tendo deixado a ativa da Força em 2020. Em sua trajetória de oficial, foi comandante militar do Leste e interventor na Segurança Pública do Rio em 2018, que tinha sido determinada pelo então presidente Michel Temer.

No governo Bolsonaro, foi ministro da Defesa e chefe da Casa Civil.

O ex-candidato foi condenado pelo TSE, por 5 votos a 2, pelo uso eleitoral das comemorações do Bicentenário da Independência. O general era o vice na chapa derrotada pelo presidente Lula (PL) na eleição do ano passado. Além da inelegibilidade por oito anos, Braga Netto terá de pagar uma multa de R$ 212 mil.

O ministro Alexandre de Moraes deu um voto duro contra os dois candidatos. Ele classificou os atos do 7 de Setembro do ano passado como de caráter eleitoral e eleitoreiro e criticou fortemente o fato de o Exército ter cancelado o tradicional desfile militar no centro do Rio para engrossar o ato bolsonarista em Copacabana.

Ele disse que o tribunal não poderia fazer “a política do avestruz” e ignorar os atos ilícitos praticados nas comemorações da data. Além disso, afirmou que Bolsonaro instrumentalizou as Forças Armadas para mudar os desfiles e transformá-los num “showmício”.

Generais que participaram das organizações do 7 de Setembro do ano passado disseram à Folha que os atos demandaram esforço e recursos, por marcarem os 200 anos da Independência do Brasil.

À época, militares já lamentavam reservadamente que o dia tenha ficado marcado pelo comício de Bolsonaro, com gritos de “imbrochável” em cima de um carro de som logo após o encerramento do desfile cívico-militar coordenado pelo Exército em Brasília. Apesar disso, não houve críticas públicas aos atos de Bolsonaro.

Após a decisão do TSE, Braga Netto afirmou nesta quarta (1º) que discorda da inelegibilidade.

“No dia de ontem, uma decisão do Tribunal Superior Eleitoral nos julgou inelegíveis por 8 anos, com aplicação de multas. Eu discordo da decisão e iremos utilizar, como sempre fizemos, de todos os meios judiciais e democráticos para provar e comprovar a lisura de nossas ações”, escreveu o general da reserva numa rede social.

Braga Netto lembrou que ocupa o cargo de secretário nacional de relações do PL e disse que tem trabalhado diuturnamente “no projeto de ampliar o número de prefeitos e vereadores em 2024 e a disseminação dos valores que devem nortear as pessoas que acreditam na defesa de nossas liberdades, do direito à vida desde a sua concepção, da defesa da propriedade e dos valores conservadores”.

A decisão ainda impôs um freio nas tratativas internas do PL para a definição de quem será o candidato do PL à Prefeitura do Rio de Janeiro. Braga Netto era um dos postulantes à vaga e disputava com o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ).

Com a inelegibilidade, Braga Netto só poderá se candidatar em 2030, quando terá 73 anos.

FOLHA

 

11 respostas

  1. …As pessoas que acreditam na defesa de nossas liberdades, do direito à vida desde a sua concepção, da defesa da propriedade e dos valores conservadores? Onde? Apesar do usufruto desses valores a maioria não quer mais, quer depender do Estado. É melhor assim, depender, sem produzir, vida boa, sem preocupações que trazem ansiedade e depressão.

  2. O maior problema, conforme declarações de Rui Costa Pimenta do PCO é a justiça soltar milhares de terroristas presos em 09/01, manicures, donas de casa, vendedores de bandeirolas, vendedores de algodão, etc. que tentaram dar um golpe de Estado. E se resolverem prosseguir com a sanha de tomar o poder do Zé Dirceu, do Zé Genoíno e do Gilberto Carvalho?

    1. Bancando o Esperto…pensa que o leitor do blog é analfabeto. Se não tivéssemos uma democracia os Subversivos já teriam uma cova funda ou nem isso. Então se aproveitam desta mesma democracia para nela cuspir e andar em Pune, até agora.

  3. Manda um pix para seu ex presidente inelegível, pois quem trabalha não tinha tempo de ficar acampado e usar a baderna e ainda flertar com um golpe e bem feito aos generais. Aqui se faz aqui se paga, tudo isso Deus está mostrando a eles que deixaram o soldado para trás e pensaram só no próprio umbigo. Porque simplesmente Deus está dando o troco e pode ter certeza que Deus não dorme. Por isso tem o ditado. Aqui se faz aqui se paga. O tempo é o senhor absoluto da razão.

  4. Está certo essa manchete?? Os militares? Ou os altos coturnos militares e alguns puxa sacos??. Porque quem não deve não teme. É somente uma mera opinião minha e uma observação achando que a manchete esteja distorcido só isso.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Pular para o conteúdo