Furto em arsenal do Exército para abastecer tráfico não é caso isolado

Fontes de armas do crime incluem empresas de segurança e, desde Bolsonaro, os registrados como CACO desvio de 21 metralhadoras de grosso calibre do arsenal do Exército em Barueri, na Região Metropolitana de São Paulo, foi o maior furto de armas de um quartel desde março de 2009, quando sete fuzis foram levados de um posto de sentinela de Caçapava, no Vale do Paraíba, também em São Paulo. Na ocasião, a Polícia Civil recuperou o armamento e prendeu suspeitos, entre eles um militar. Parece lógico que só é possível driblar o sistema de segurança de um quartel com ajuda interna.

No caso de Barueri, o Exército já manteve aquartelados no local 480 militares. Quando foi constatado o desaparecimento das armas, na última terça-feira, eram 160. As investigações se concentram em três, mas não surpreenderá se houver mais gente envolvida no transporte para fora do arsenal de armamentos que pesam ao todo meia tonelada. Sobretudo se levarmos em conta onde foram parar: 13 metralhadoras do lote furtado foram oferecidas à maior facção criminosa do Rio de Janeiro por R$ 180 mil cada (ou R$ 2,3 milhões o lote), segundo noticiou o portal g1. Na quarta-feira, oito das 21 armas foram resgatadas na comunidade Gardênia Azul, na Zona Oeste do Rio, numa área controlada pelo tráfico, mas disputada com milicianos. Outras nove foram encontradas num lamaçal em São Roque, perto de São Paulo.

O furto de armas para oferecer a traficantes e milícias não é caso isolado. A mais importante fonte de abastecimento dos paióis do crime são empresas de segurança privadas. Em 2019, uma delas, instalada nas cercanias da favela Caixa d’Água, no Cangaíba, Zona Leste de São Paulo, registrou queixa do furto de 41 revólveres e espingardas. A empresa funcionava nas proximidades de uma comunidade de onde saíram chefes de uma organização criminosa. Os policiais suspeitam que as armas foram simplesmente repassadas ao crime.

A CPI sobre armas instalada em setembro de 2015 na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) constatou que, entre 2005 e aquele ano, haviam sido desviadas quase 19 mil armas: 700 saíram de quartéis da PM, 900 de delegacias da Polícia Civil e 17 mil de empresas de segurança que atuavam no estado. Cerca de 30% do armamento dessas empresas foi parar nas mãos do crime. Mesmo diante do descalabro, menos de 3% dos inquéritos instaurados pelo Ministério Público foram concluídos.

A partir de 2019, as armas em circulação aumentaram devido ao afrouxamento da regulação no governo Jair Bolsonaro, com destaque para a distribuição sem critérios de registros de Colecionadores, Atiradores Desportivos e Caçadores (CACs). A aquisição de armas e munições de forma legal para fornecer ao crime também se tornou um negócio. O novo governo baixou um decreto em julho para restringir o acesso a armas e limitar os CACs. É preciso que as novas normas sejam cumpridas, não fiquem apenas no papel. Por fim, é necessário haver também controle efetivo dos arsenais das Forças Armadas, das polícias e das empresas de segurança. Essa também é uma forma de combate ao crime organizado.

O Globo

Uma resposta

  1. Armas saíram das mãos …mas até hoje nunca havia saído 13 metralha.50.
    Hoje em dia para fazer segurança pública, da podem condecorar qualquer pracinha ( soldado linha de frente dos Estados) como combate de guerra,. principalmente no RJ onde granadas e fuzis se encontra em qualquer esquina.

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