Segundo a Polícia Federal, enquanto estava no cargo, Robson Queiroz Mota obteve R$ 25 mil através de sua empresa, a RQM Consultoria
Rafael Soares
Rio de Janeiro – A investigação da Polícia Federal sobre a compra fraudulenta de coletes balísticos pelo Gabinete de Intervenção Federal (GIF) já conseguiu identificar um militar com cargo público que recebeu dinheiro para reverter a suspensão do processo de aquisição do produto. Trata-se do coronel do Exército Robson Queiroz Mota, que apesar de estar na reserva remunerada, foi nomeado assessor do chefe de gabinete do Comandante Militar do Leste na época da compra dos coletes. Segundo a PF, enquanto estava no cargo, Queiroz recebeu R$ 25 mil através de sua empresa, a RQM Consultoria, para fazer lobby pela consumação da compra.
Até agora, o pagamento feito a Queiroz foi o único identificado, na investigação da PF sobre a compra dos coletes, a um militar que detinha cargo público na época. O coronel trabalhou no CML como assessor de março de 2017 a novembro de 2019. Dois meses antes de ele ser exonerado, a empresa de consultoria de Queiroz recebeu R$ 25 mil pagos pelo doleiro Márcio Moufarrege, o Macaco, que também é acusado de participar do esquema de remessas de cocaína para a Europa dentro de aviões da Força Aérea Brasileira. No entanto, segundo a PF, o dinheiro pertencia ao coronel da reserva da Aeronáutica Glaucio Octaviano Guerra, apontado como mentor da fraude.
De acordo com a investigação, o pagamento a Queiroz foi precedido de uma negociação entre Glaucio — que atuava como “consultor” da CTU Security, empresa que venderia os coletes — e o general da reserva Paulo Roberto Corrêa Assis, apontado como parceiro comercial de Queiroz pela investigação. Após o GIF anunciar a suspensão da compra, Glaucio chegou a perguntar a seu irmão, o ex-auditor fiscal Glauco Guerra — que também teria participado da fraude, segundo a PF —, “se o General Paulo Assis foi quem denunciou eles”. Glauco confirmou e disse: “Agora ele quer tomar um dinheiro nosso”.
Numa mensagem enviada a Glauco, o general Assis explicou que trabalhava “em parceria com o coronel Queiroz” e poderia atuar para reverter a situação mediante um pagamento de R$ 300 mil — R$ 50 de entrada e R$ 250 mil pelo êxito da operação. Tudo seria divido entre Assis e Queiroz.
Numa mensagem enviada a Glauco, o general Assis explicou que trabalhava “em parceria com o coronel Queiroz” e poderia atuar para reverter a situação mediante um pagamento de R$ 300 mil — R$ 50 de entrada e R$ 250 mil pelo êxito da operação. Tudo seria divido entre Assis e Queiroz.
A PF confirmou, inclusive, que um contrato de consultoria foi feito entre Assis e Queiroz e a CTU Security. A entrada foi paga no momento da assinatura e, segundo o documento, os R$ 250 mil restantes seriam pagos assim que a empresa recebesse o pagamento do GIF pelos coletes. Segundo o relatório de investigação da PF, no entanto, “o objetivo da contratação do general Assis e do coronel Queiroz nunca foi a eventual expertise na atividade de consultoria de cada um, mas sim no poder de influência para que algum ato seja praticado por servidor público no interesse da organização criminosa”.
Após a assinatura do contrato, Queiroz passou a fazer lobby pela aprovação da compra. Em março de 2020, segundo uma mensagem obtida pela PF, o coronel pediu a Glauco Guerra que providenciasse uma passagem aérea do Rio de Janeiro para Brasília para que ele pudesse jantar com o general Walter Braga Netto — que havia sido interventor e ocupava o cargo de chefe do Estado-Maior do Exército na época.
Os irmãos Guerra se animaram com a atuação de Queiroz e com sua proximidade com Braga Netto: “Queiroz, Braga Netto e Sérgio (José Pereira, general do Exército) são da turma de 78, são amigos, tanto é que General Braga Netto foi nomeado interventor no Rio, quem foi o chefe de gabinete dele? General Sérgio. E quem era o assessor do General Sérgio? Coronel Queiroz. O Queiroz é o intendente do negócio, o cara que organiza as compras, o que faz as operações de orçamento, entendeu?”, disse Glaucio ao irmão num áudio interceptado pela PF.
Queiroz foi um dos alvos de mandados de busca e apreensão da Operação Perfídia, na última terça-feira, que apura os crimes de advocacia administrativa ilegal, dispensa ilegal de licitação e corrupção. Segundo o TCU, a compra dos coletes balísticos pela Intervenção — fechada em cerca de R$ 40 milhões — teve um sobrepreço de cerca de 4,6 milhões. Após a suspensão do contrato por conta da suspeita de falsificação, o valor foi estornado em setembro de 2019. Nenhum colete foi entregue. O GLOBO não conseguiu contato com a defesa de Queiroz.
11 respostas
Lobby é coisa normal em empresas privadas e publicas tanto para prestação de serviços quanto para venda de produtos, projetos de lei, licitações, merenda escolar, asfalto, remédios, mísseis, grades de cercado, grama, energia, etc.; sendo prestadores do serviço de lobby geralmente comissionados dependendo dos resultados e com uma renda fixa mínima.
Enquanto nao criarem uma quarentena para oficiais superiores, veremos muita coisa errada.
O cabra se “aposenta”, mantém seu “posto e prerrogativas”, conforme a lei, seus amigos estão na ativa, seus alunos viraram comandantes, 35 anos de amizade, e no dia seguinte o cabra põe um crachá e vai vender pro exército….
Para mim são apenas vendedores como qualquer um. Registrem tudo filmem tudo é o conselho que dou com 23 anos de serviço e 8 de salc.
São apenas representantes comerciais
Lobby não existe só no EB. Ocorre em todas as esferas politicas e privadas. Não existe isso de regular tudo. Se há probidade administrativa, no publico e no privado, o que manda é preço, prazo e qualidade. Licitações, por exemplo, deveriam ser publicas. Mesmo assim ainda há a possibilidade de combinação de preços, eu ganho aqui, perco ali, vc ganha ali e eu perco aqui. Só a consulta ampla ao mercado resolve isso.
Se não houve a compra pq foi identificado o sobrepeso qual o problema? Tráfico de influência, lobby ou outro nome para o que já existe em todo órgão público isso é mais velho que o descobrimento do Brasil, né Lule?
CP, Art. 14 – Diz-se o crime:
II – Tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente.
Pena de tentativa
Parágrafo único – Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços.
Meu comandante!
Só os militares são obrigados a viver num mundo de inocência, pureza e bondade.
No congresso não existe lobby, no STF não existe lobby, na PFnao Existe Lobby. Mundo e país puro são esses nossos. Só as FA não prestam.
Xandao com a mão muito pesada. Uma conspiração de adolescentes gente levar quase 20 anos de prisão.
Pior é ver parlamentares dessa merda de congresso pressionarem gente inocente pra falarem o que não devem.
Vida que segue…
Mas cada caso é um caso. Tem que ver o processo e a periculosidade do infrator a sociedade.
O ser humano não é tão altruísta de não se revoltar ao ver sua cadeira e roupas jogadas no meio de uma praça por baderneiros.
Mas tem que prender e julgar os agitadores políticos e não políticos que ficaram hospedados em hotéis cinco estrelas.
Esse dindin ele usou para fazer essa viagem da foto, tudo 0800. 💰💰🤮🤮
Os FEDERAIS não brincam em serviço.
Polícia Federal, orgulho nacional.
Ferro neles, CANAS. A lei é para TODOS.
Empurrem com gosto, agora é justiça civil julgando!!!!!!
Justiça civil julgando em tribunal constitucional o que não lhe compete? Não existe isso em nenhum lugar do mundo onde o Estado de Direito prevalece. Pensam que os embaixadores não estão atentos e reportando?