Lula demite general Arruda do comando do Exército e nomeia Tomás Paiva

General Tomás

Carla Araújo e Lucas Borges Teixeira
Colunista do UOL e do UOL, em Brasília


O presidente Lula (PT) exonerou o general Júlio César de Arruda do comando do Exército hoje (21). O substituto será o atual comandante militar do Sudeste, general Tomás Miguel Ribeiro Paiva.

A informação foi confirmada pelo UOL por um general da corporação. A destituição se dá em meio a um momento delicado na relação entre o governo e as Forças Armadas, após os atos golpistas de 8 de janeiro.

Lula se reuniu com Arruda, o ministro da Defesa, José Múcio, e os outros dois comandantes das Forças Armadas na manhã de ontem (20) para, oficialmente, tratar da “modernização” das corporações.

Ao UOL, um general do alto comando afirmou que a decisão de Lula causa “estranhamento” já que ontem houve uma longa reunião e o presidente teria a oportunidade de demitir o comandante. “O método adotado é estranho”, disse, dado que Arruda teria saído da reunião falando que o resultado havia sido “ótimo”.

Hoje, por volta do meio dia, o Alto Comando fez uma reunião por videoconferência e o ainda comandante Arruda falou aos pares “sobre o que estava acontecendo”. No momento, o Exército diz que manifestações devem sair do Ministério da Defesa, que também não se pronunciou.

Segundo o UOL apurou, o principal motivo da destituição seria falta de confiança por parte de Lula com o comandante.

Arruda assumiu o cargo no dia 30 de dezembro, para ajudar a administrar a posse presidencial, mas teve a relação abalada com Lula depois de indícios de inação por parte do Exército durante os atentados.

O agora ex-comandante se mostrava resistente ao processo de desbolsonarização que Lula vem promovendo no governo, o que incomodava o presidente, chefe das Forças Armadas.

Agora, fontes militares do novo governo afirmam que o presidente ficou incomodado com a situação do antigo ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid, que assumiria, nos próximos dias, o 1º Batalhão de Ações de Comandos, em Goiânia.

Segundo um auxiliar de Lula, o ex-assessor de Bolsonaro “está subjudice” por contas das investigações que avançam contra o militar.

A nomeação de Cid para o posto já estava decidida desde maio do ano passado quando foi publicada a designação dele e de todos os outros comandantes nomeados para o biênio 2023-24.

Tomás Paiva, por sua vez, chamou atenção ao defender o respeito ao resultado das urnas e a democracia durante um discurso de cerca de 10 minutos para tropa, no quartel-general do Comando Militar do Sudeste, na última quarta (18).

O Exército ainda não comentou a troca. No momento, a corporação diz que manifestações devem sair do Ministério da Defesa, que também não se pronunciou.

Lula já vinha se mostrando abertamente o seu descontentamento com os ataques.

Além de fazer cobranças públicas em relação ao Exército, o presidente chegou a questionar se as portas do Planalto foram abertas por militares, dada a facilidade com os que terroristas invadiram os prédios.

Na madrugada dos atentados, o Exército impediu que a PM entrasse no acampamento em frente ao QG, em Brasília, e prendesse os envolvidos —mesmo depois que os terroristas haviam depredado as sedes dos três Poderes.

Segundo pessoas próximas ao governo, Arruda desautorizou pessoalmente o ministro da Justiça, Flávio Dino, a entrar no acampamento e prender os manifestantes, na frente de Múcio.

Os episódios fizeram com que Lula ficasse ainda mais desconfiado em relação à corporação e ao comando de Arruda. Desde então, o presidente não tem escondido o descontentamento com os militares, anunciando publicamente uma desmilitarização e desbolsonarização do governo.

Na última terça (17), o governo dispensou 40 militares que cuidavam do Palácio da Alvorada. Na quarta (18), mais 13 militares do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) que compunham a guarda do Planalto.

O presidente também tem se mostrado insatisfeito com o GSI (Gabinete de Segurança Institucional), responsável pelo CMP (Comando Militar do Planalto), e com seu comandante, o general Gonçalves Dias, de quem é próximo desde 2003, quando este último comandou a pasta na primeira gestão petista.

Segundo a imprensa revelou, ao menos 36 homens do Batalhão da Guarda Presidencial foram dispensados, por escrito, 20 horas antes de bolsonaristas invadirem e depredarem o Palácio do Planalto.

Quem é o novo comandante
Tomás Miguel Ribeiro Paiva é general desde 31 de julho de 2019 e estava à frente do Comando Militar do Sudeste. Ele participou das missões realizadas pelo exército brasileiro no Haiti e nos complexos da Penha e do Alemão, por ocasião do chamado processo de pacificação, em 2012.

Formado em 1981, Paiva iniciou sua carreira como oficial no no 7º Batalhão de Infantaria Blindado, em Santa Maria (RS). Depois disso, o militar serviu em quartéis nos estados do Rio e do Paraná e atuou como como assessor militar do Brasil junto ao exército do Equador.

Além disso, Paiva comandou o Batalhão da Guarda Presidencial em Brasília, Academia Militar das Agulhas Negras e a Escola Preparatória de Cadetes do Exército – entre outras unidades.

UOL/montedo.com

12 respostas

  1. Victor(21 de janeiro- 17:55) como vários aqui. Infiltrado da esquerda em sites/blogs/redes sociais de direita e/ou assuntos militares para “TENTAR” causar discórdia e desunião.
    Não passaram, o senhor perde tempo🥱, estamos atentos!!

    1. Pelo Fato De Eu Ser De Esquerda Não Posso Comentar Em Um Blog Militar? O Exército Brasileiro Pertence A Vossa Excelência? Ou é de monopólio da direita? Pensei Que Defesa Fosse Assunto De Interesse Da Nação, Não De Partido Político.

      1. Ordem e Progresso não combina com esquerda e comunista. Fome e miséria, além de 200 milhões de mortos, no decurso dessa malfadada teoria que só dá certo em ditaduras, na prática, aí sim, combina.

        1. E de Onde você tirou, oh Caro bozolóide Alucinado, que todas as pessoas da esquerda são comunistas? Se você Saísse do tiktok para estudar um pouco, saberia que o comunismo morreu no fim da década de 80. Assim não ficaria repetindo discurso de gente desconectada da realidade.

  2. Trilhando o caminho… da desonestidade.
    Caminhos dos fracassos: não ensinar o que se sabe; não praticar o que se ensina; e não perguntar o que s e ignora.
    Sem duvida, começa d e novo o replay do “circus do imperio romanus”… passar tempo, mentiras.
    Conciliar em lesar a Nação, ABOMINAVEIS.

    1. Bingo !!!! Na matéria do dia 21/01/2023 entitulada O comandante do Sudeste conclama ao Exército a respeitar as eleições, fiz um comentário a respeito do que aconteceria após a publicação do pronunciamento do Cmt Mil do Sudeste. Para mim foi um pronunciamento desleal para com seus pares, principalmente com seu comandante. Lamentável observar que vale tudo pelo poder. Como vai ficar o ambiente agora no alto Comando? Previ o que poderia acontecer, e aconteceu, tudo premeditado.

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