General demitido reúne Alto Comando e não deixa claro motivo da decisão de Lula

Alto Comando do Exército se reuniu na primeira semana de agosto, em Brasília - Divulgação/Exército

Segundo relatos, Arruda diz que Lula não discutiu crise durante reuniões na sexta (20)

BRASÍLIA – O comandante do Exército, Júlio César de Arruda, convocou reunião neste sábado (21) com o Alto Comando da Força para confirmar ao generalato a decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de demiti-lo menos de um mês após assumir o cargo.

Três generais que participaram da reunião virtual afirmaram à Folha que Arruda não deixou claro qual teria sido a principal motivação para sua demissão.

Ele disse, segundo os relatos, que, na sexta-feira (20), passou horas junto com Lula em reunião que foi considerada produtiva sobre investimentos em projetos estratégicos na área da defesa.

Arruda ainda afirmou que, na sexta, não chegou a ser questionado pelo presidente sobre os motivos que poderia ter levado à sua demissão. Ele atribuiu a decisão às críticas que o Exército tem recebido por uma suposta leniência com atos golpistas, que culminaram com o ataque às sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro.

A Folha apurou, no entanto, que o principal desconforto de Lula se deu com a notícia de que o tenente-coronel Mauro Cid, ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), seria investigado por movimentações suspeitas feitas a pedido do mandatário.

O caso foi revelado pela Folha em setembro. A Polícia Federal encontrou no telefone do principal ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL) mensagens que levantaram suspeitas de investigadores sobre transações financeiras feitas no gabinete do presidente da República.

Conversas por escrito, fotos e áudios trocados por Cid com outros funcionários da Presidência sugerem a existência de depósitos fracionados e saques em dinheiro.

Segundo pessoas próximas a Lula, o presidente teria ficado irritado com o fato de Cid ter sido escolhido para comandar um batalhão do Exército em Goiânia, como mostrou a Folha.

Arruda, segundo fontes do Palácio, havia se recusado a exonerar Cid do cargo para o qual foi colocado ainda no fim de 2022, quando o general Freire Gomes comandava a Força.

Na noite de sexta-feira, após a reportagem do Metrópoles, Lula teria pedido que o tenente-coronel fosse exonerado. O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, chegou a se reunir com Arruda para discutir a situação.

Diante da resistência, Arruda acabou demitido. O general Tomás Paiva, escolhido para assumir o comando do Exército, embarcou rumo a Brasília na tarde deste sábado para se reunir com Múcio.

Generais ouvidos pela Folha afirmaram que a demissão foi uma surpresa para o Alto Comando do Exército, já que, apesar das insatisfações verbalizadas por Lula após o 8 de janeiro, havia uma impressão de que a crise havia sido revertida por Múcio e os comandantes militares.

Na quarta-feira (18), Arruda havia promovido uma reunião com o Alto Comando da Força para discutir a atual situação do Exército. Foi o primeiro encontro entre todos os generais quatro estrelas após os ataques de 8 de janeiro.

Na conversa, o comandante falou sobre a importância de manter a hierarquia, a disciplina e o controle das tropas. Ele disse que há cobranças para que as Forças Armadas sejam despolitizadas.

Na reunião, a maioria dos generais afirmou que não há politização do Exército, que as tropas seguem controladas e que militares da reserva mancharam a imagem da Força com declarações públicas em tom golpista e contra Lula.

Segundo relatos de generais que participaram da reunião, foi repassada também a ordem para que militares que tivessem participado dos atos de 8 de janeiro fossem identificados e punidos.

Como a Folha mostrou, tratava-se de um esforço dos comandos das Forças Armadas para mostrar ao Palácio do Planalto que não haveria complacência com o golpismo entre os militares, no que foi chamado de fim do “precedente Pazuello”.

FOLHA/montedo.com

 

9 respostas

  1. O cargo de comandante é um cargo politico e de livre Nomeação pelo presidente da reoublica. Talvez o Arruda devesse ter agendido o pedido, Já que o comando De uma unidade e Também de livre Nomeação pelo comandante do EB. Faltou jogo de cintura ao Arruda. Boa sorte ao nosso novo comandante.

  2. Novo Comandante é ‘chegado’ dos:
    – vice presidente “Álcool-Em-Mim” (do sapo cachaceiro).
    – de FHC (Fernando Henrique Cardoso).
    – e do capiroto, do cão-tinhoso Xandão.
    Agora vai!

  3. Não se fez tanto alvoroço quando o capitão desajustado ‘expurgou’ sumariamente:
    – Todos Cmt’s da Força e ministro da Defesa.

    1. Certamente você não estava aqui na época e mais certo ainda você não sabe da história. Os 3 cmt’s saíram em apóio ao gen Azevedo (especialmente o brig Bermudez, homem honrado e inteligentíssimo a quem conheci e o Gen Pujol que merece todo o respeito por ser 01 em tudo que fez e ainda sim era discreto e humilde).

  4. O motivo da nomeação foi o discurso recente que encantou o Lulo.

    Lulo não gostou do General Arruda ter se recusado a desmontar o acampamento dos bolsonaristas ainda na noite do dia 8, como queria o ministro Flávio Dino Sauro.

    Aí aparece esse outro dizendo numa formatura que todos devem respeitar o resultado das urnas. Pronto. Foi amor à primeira vista do Lulo.

    Mas para satisfação da opinião pública criou-se esse “motivo” da recusa em exonerar o ex-ajudante de ordens do Bolsonaro.

    Simples assim.

  5. Mais Cabeças rolaram que desmoralização para nosso querido EB. estou com vergonha de Ter ostentado essa farda. Kd os genreais da antiga de saco roxo para dar um fim nisso.

  6. É uma mania feia de achar que as Forças Armadas tem autonomia. Os militares são servidores e devem agir como. Não concorda vai embora, ninguém é insubstituível… não é isso que falam internamente e de forma muitas vezes leviana? Por que seria diferente com os nossos chefes? E por que concordaram em assumir o cargo discordando de suas obrigações para com o mesmo cargo? Somos meros serviçais do estado e todas as OM ou comandos estão cheias de fotos de ex-comandantes que se foram na poeira do tempo…

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