Em 1963, sargentos se levantaram contra inelegibilidade
Revolta militar por maior participação política se instalou em Brasília e foi debelada em poucas horas
LIZ BATISTA – O ESTADO DE S.PAULO
Os tanques da 11.ª Região Militar ocupam posição estratégica, enfileirando-se nas proximidades da praça dos Três Poderes, durante a Revolta dos Sargetntos em 12/9/1963. Foto: Acervo/Estadão Foto: Acervo/Estadão
Às 2 horas da manhã do dia 12 de setembro de 1963 o levante militar conhecido como Revolta dos Sargentos se instalou em Brasília. Cerca de 650 sargentos, cabos e soldados da Marinha e da Aeronáutica participaram da insurreição motivada pela decisão do Supremo Tribunal Federal de reafirmar a inelegibilidade dos sargentos para mandatos legislativos, prevista na Constituição de 1946. A resolução, que levou à cassação de mandatos dos sargentos eleitos, era contrária à demanda do setor que pedia por maior participação política e que em suas fileiras contava com apoiadores das chamadas reformas de base propostas pelo governo do presidente João Goulart
O Estado de S.Paulo- 13/9/1963 Foto: Acervo/Estadão
Liderados pelo sargento da Aeronáutica Antonio Prestes de Paula, os rebeldes ocuparam o edifício do Ministério da Marinha nas primeiras horas da manhã. O Exército agiu rápido. Tanques e tropas de paraquedistas foram deslocados para proteger o Congresso Nacional e formaram “uma barreira compacta de viaturas pesadas na Esplanada dos Ministérios”, dizia a cobertura Estadão. Pouco depois do amanhecer, tropas do Comando Militar de Brasília desalojaram os invasores do prédio da Marina e às 10h30 um comunicado do Palácio do Planalto foi emitido dizendo que todos os serviços públicos estavam restabelecidos e que na capital da República reinava “absoluta tranquilidade”. Um fuzileiro naval e um civil foram mortos durante o levante.
Um carro de combate toma posição, guarnecendo prédios federais em Brasília. A pronta ação das unidades blindadas e da Infantaria do Exército develou em poucas horas o movimento sedicioso deflagrado na manhã de 12/9/1963. Foto: Acervo/Estadão Foto: Acervo/Estadão
O presidente João Goulart não se encontrava em Brasília, cumpria agenda de compromissos no Sul do País. À noite retornou à capital, e realizou uma coletiva de imprensa assim que desembarcou. À imprensa, afirmou: “quero reafirmar nesta hora que o governo será sempre inflexível na manutenção da ordem e na preservação das instituições, respeitando e fazendo respeitar as decisões dos poderes da República. Neste propósito, não tolerarei a indisciplina nem a insubordinação, venham de onde vierem e qualquer que seja o pretexto em que se inspirem. Somente em clima de segurança e normalidade democrática pode o povo brasileiro concretizar as reformas institucionais que correspondam ás suas aspirações de progresso e justiça social.” O evento dividiu a opinião pública e conferiu munição à oposição que afirmava que o governo Goulart insuflara a ação dos rebeldes. No total 510 militares foram presos.
ESTADÃO/montedo.com
13 respostas
Foram os próprios sargentos que prenderam seus companheiros!!! pq sem os praças quem conteria esses 650 militares, quem e a massa nos quartéis são os praças a pena é que são acomodados, aceitam tudo e não se unem pra brigar por nada só aceitam.
Assunto de grande oportunidade,
Só lembrando! de quem é a máxima “dividir para conquistar”
Trazer assunto de 59 anos passados na tentativa de criar uma cisão, a quem interessa?
Hoje tecnicamente os blindados seria colocados em outros locais. e com as armas apontando para onde?
Velhas reportagens imprensa já bem conhecida.
Interessa a sua mente doentia.
Hoje seria difícil de controlar os praças são mais intelectuais que aquela época e tem as redes sociais a seu favor e hoje seria ao contrário nos tempos de hoje mesmo talvez não totalmente,mas com a maioria ampla já se viu o aconteceu por esse governo ter deixado o soldado para trás na lei 13:954. Pode ter lhe custado a reeleição.. Lembro o passado não se muda vírgula, viva o presente e o futuro pertence a Deus..o tempo é o senhor absoluto da razão.
Primeirão DECRÉSCIMO, o e senhor é muito fera.
Um estadista, quase um marechal-de-campo.
O Winston Churchill dos trópicos.
Primeirão DECRÉSCIMO para Cmt do Exército.
Se existe alguma pretensão de ilação entre ontem e hoje, não lograra êxito.
Como as coisas são hein! Se em 64 o Jango tivesse agido da mesma forma com agiu em 63 contra os marinheiros e fuzileiros navais talvez tivesse permanecido no cargo até o fim do seu mandato e adiado o 31 de março. A oposição sempre agi da mesma forma (em todos os países, seja de primeiro mundo ou em desenvolvimento) é incrível! O Jango agiu certo em 63 no q tange seu posicionamento a cerca do ocorrido e mesmo assim a oposição o acusou de ter agido errado! Essa disputa do vale tudo pelo poder entre os donos do poder só atrasa e atrapalha os cidadãos. Só lembrando aos pracinhas de hj q vários praças foram eleitos no pleito seguinte após este episódio mas aí veio os chefes em 31 de março e cassaram os mandatos dos pracinhas eleitos após tal ocorrido. Relembrar é viver!
Muita gente boa afiança ter sido a gota d’água para a decisão de intervenção civil-militar em 31 de março de 1964.
E essa percepção, desconfiança e suspeita de engajamento político de graduados e oficiais subalternos se prorrogou até final dos anos 80′.
Sempre havia integrantes do sistema lhe observando detrás das pilastras na caserna e fora muros do quartel.
Teve Unidades na Vila Militar do Rio que alguns sargentos eram proibidos de ministrar instruções e afastados do convívio com a Tropa.
Reuniões do tipo prática de uma mera “pelada” no campo de futebol do aquartelamento era vigiada (toda aglomeração era controlada).
“A Revolta dos Sargentos” gerou por muito tempo eternos fantasmas na psique do Cmdo de todas as frações.
Tremenda caça as bruxas.
Muitos graduados e alguns oficiais perseguidos, presos, investigados e excluídos das FFAA.
Por essa negativa experiência, sancionou-se a total e absoluta proibição de qualquer tipo de insinuações de manifestações politicas e partidárias por militares das FFAA.
Certamente o que garantiu a Ordem em nossos Quartéis em todo território nacional.
Brasil.
Os ex-militares “Prestes”.
O Sargento Antônio Prestes de Paula foi expulso da Aeronáutica e condenado a 20 anos de prisão.
Em maio de 1969, participou de uma fuga juntamente com outros presos e exilou-se do país.
Retornando de Paris depois na anistia política ocorrida em agosto de 1979.
Em analogia a outro “Prestes”, ator doutro levante, ‘Luís Carlos Prestes’, ex-capitão tenentista e político comunista brasileiro, não há entre ambos qualquer grau de parentesco.
Ideologicamente, talvez.
Retificando:
O Sargento Antônio Prestes de Paula na juventude militou no PCB (Partido Comunista Brasileiro).
Reza a lenda que o berço do comunismo em terras tupiniquins seria a cidade de Niterói-RJ, e por militares das FFAA.
Sim, no início do século passado havia muitos militares militantes da dita esquerda brasileira.
Há algumas reinvindicações da maternidade nacional do PCB e PCdoB.
Essa de Nikity-RJ é uma delas (fundado por militares).
Felizmente após intenso trabalho em EE (Estabelecimentos de Ensino) em todas as Forças, essa mazela, essa chaga, hoje, só é história.
“Só é história”?
Tomara
Historiadores chegam a sugerir que o último ato que levou a ditadura de 64 foi o movimento “Sargentista” na Avenida Presidente Vargas com a participação do presidente Jango no pleito de melhores salários e direitos suprimidos.