Número de militares em estatais cresce 2.275% desde 2013, diz Ipea

Formatura de oficiais da Marinha: cargos nos conselhos de estatais turbinam remunerações de militares Foto: Domingos Peixoto/08-12-2018

Cargos ocupados por militares das Forças Armadas passaram de oito, em 2013, para 190, em 2021, segundo levantamento do instituto

Tácio Lorran
A quantidade de militares das Forças Armadas em estatais e empresas públicas federais cresceu 2.275% desde 2013, revela levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Em 2013, apenas oito militares ocupavam cargos em estatais. O número passou para 190 em junho de 2021.
Os dados foram publicados na nota técnica “Presença de Militares em Cargos e Funções Comissionados do Executivo Federal”, da pesquisadora Flávia de Holanda Schmidt.
Para fazer o levantamento, foram identificados no Sistema Integrado de Administração de Pessoal (Siape) cargos e funções comissionadas das empresas dependentes do Tesouro Nacional ou do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro).
O número de militares em estatais pode ser maior ainda, uma vez que estatais não dependentes desses órgãos não foram incluídas no estudo.
“Uma pesquisa nas páginas das Infraero, da Emgeron e da Casa da Moeda feita em maio de 2022 indicava a presença de oficiais generais ou superiores da reserva remunerada em posições de direção”, exemplifica a autora do levantamento, ao comentar a possível subnotificação dos dados.
Em números absolutos e percentuais, o maior aumento ocorreu em 2016, durante os governos Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (MDB), quando a quantidade de militares em estatais ou empresas públicas federais passou de 25 para 136. Ou seja, aumento de 444%.
No governo de Jair Bolsonaro, o número cresceu de 138 (em 2018) para 190 (em 2021), alta de 38%.
Na pesquisa, Schmidt destaca que a expansão mais significativa ocorreu na Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), que tinha apenas dois militares em 2013 e, agora, conta com 29. Hoje, a companhia é comandada pelo general de Exército Oswaldo de Jesus Ferreira.
A Empresa Brasileira de Comunicação (EBC) também registrou um forte aumento no período, de três para 13. Já a Nuclebrás Equipamentos Pesados (Nuclep) viu o número de militares crescer de dois para sete, enquanto a quantidade de cargos comissionados reduziu drasticamente.

Respostas
“Em 2017 a nova gestão reduziu o número de 69 cargos de livre provimentos, ou seja, cargos comissionados para 24, entre civis e militares. E em 2019 reduziu a quantidade de funcionários de 1071 para 764. As medidas adotadas reduziram a folha de pagamento da Nuclep em mais de R$ 100 milhões”, explicou a estatal, em nota ao Metrópoles.
A Ebserh enviou nota explicando que os números apresentados pelo Ipea contêm profissionais de saúde concursados com dois vínculos públicos, “atuando em instituições militares de saúde e em hospitais da Rede Ebserh. Somente 5 militares fazem parte da estrutura da administração central da empresa, todos da reserva”.
A empresa destacou o “crescimento significativo no número de hospitais universitários federais” e que, como consequência, “é natural que exista um crescimento anual de colaboradores contratados pela empresa e de profissionais de saúde que têm dois vínculos públicos. O crescimento gradual ano a ano, desde 2013, foi constatado pelo próprio estudo”.
A EBC também foi procurada, mas não se manifestou. O espaço segue aberto.
METRÓPOLES/montedo.com

8 respostas

  1. Tem algo errado, um estabelecimento de nível superior que não é avaliado pelo sisu em relação os conhecimentos dos alunos devido a especificidade da profissão, estão em todos segmentos de chefia civil ditando regras.

    Quando valorização demais uma classe social causa o desprezo de outras, principalmente que a finalidade do cargo ser civil e não militar.

    1. “Cargos de natureza civil”. Defina essa frase, por favor! Ou melhor, diga qual lei regula isso. Acho que esse é o famoso Rimprensa que vomita qualquer coisa e vcs compram.. Responda uma coisa: se médico é cargo de natureza civil, todos os médicos das FFAA deveriam, entao, serem civis, correto? E engenheiro? Tbm é “cargo de civil”? Então todos os engenheiros das FFAA tem que ser civis. E instrutor/professor? “Natureza civil” tbm? O instrutor de tiro nos quartéis então vão ter que ser civis tbm.

    2. Quem garante que o cargo tem que ser civil? Por acaso a matemática é diferente para um civil e um militar? Não deveriam fazer um levantamento de quantos ex-narco guerilheiros terroristas ex exilados ocupavam cargos em estatais em 2013 e quantos ocupam agora. Qual teria sido a redução? Uns 10.000%?

  2. Meu povo! tentem viver suas vidas da melhor forma possível, já é cultura universal, quando mais temos mais queremos: dinheiro, fama, posição social, etc… nunca muda e vai mudar. Quando perceberem que suas vidas estão chegando ao fim, é tarde demais.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Pular para o conteúdo