Cargos ocupados por militares das Forças Armadas passaram de oito, em 2013, para 190, em 2021, segundo levantamento do instituto
Tácio Lorran
A quantidade de militares das Forças Armadas em estatais e empresas públicas federais cresceu 2.275% desde 2013, revela levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Em 2013, apenas oito militares ocupavam cargos em estatais. O número passou para 190 em junho de 2021.
Os dados foram publicados na nota técnica “Presença de Militares em Cargos e Funções Comissionados do Executivo Federal”, da pesquisadora Flávia de Holanda Schmidt.
Para fazer o levantamento, foram identificados no Sistema Integrado de Administração de Pessoal (Siape) cargos e funções comissionadas das empresas dependentes do Tesouro Nacional ou do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro).
O número de militares em estatais pode ser maior ainda, uma vez que estatais não dependentes desses órgãos não foram incluídas no estudo.
“Uma pesquisa nas páginas das Infraero, da Emgeron e da Casa da Moeda feita em maio de 2022 indicava a presença de oficiais generais ou superiores da reserva remunerada em posições de direção”, exemplifica a autora do levantamento, ao comentar a possível subnotificação dos dados.
Em números absolutos e percentuais, o maior aumento ocorreu em 2016, durante os governos Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (MDB), quando a quantidade de militares em estatais ou empresas públicas federais passou de 25 para 136. Ou seja, aumento de 444%.
No governo de Jair Bolsonaro, o número cresceu de 138 (em 2018) para 190 (em 2021), alta de 38%.
Na pesquisa, Schmidt destaca que a expansão mais significativa ocorreu na Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), que tinha apenas dois militares em 2013 e, agora, conta com 29. Hoje, a companhia é comandada pelo general de Exército Oswaldo de Jesus Ferreira.
A Empresa Brasileira de Comunicação (EBC) também registrou um forte aumento no período, de três para 13. Já a Nuclebrás Equipamentos Pesados (Nuclep) viu o número de militares crescer de dois para sete, enquanto a quantidade de cargos comissionados reduziu drasticamente.
Respostas
“Em 2017 a nova gestão reduziu o número de 69 cargos de livre provimentos, ou seja, cargos comissionados para 24, entre civis e militares. E em 2019 reduziu a quantidade de funcionários de 1071 para 764. As medidas adotadas reduziram a folha de pagamento da Nuclep em mais de R$ 100 milhões”, explicou a estatal, em nota ao Metrópoles.
A Ebserh enviou nota explicando que os números apresentados pelo Ipea contêm profissionais de saúde concursados com dois vínculos públicos, “atuando em instituições militares de saúde e em hospitais da Rede Ebserh. Somente 5 militares fazem parte da estrutura da administração central da empresa, todos da reserva”.
A empresa destacou o “crescimento significativo no número de hospitais universitários federais” e que, como consequência, “é natural que exista um crescimento anual de colaboradores contratados pela empresa e de profissionais de saúde que têm dois vínculos públicos. O crescimento gradual ano a ano, desde 2013, foi constatado pelo próprio estudo”.
A EBC também foi procurada, mas não se manifestou. O espaço segue aberto.
METRÓPOLES/montedo.com
8 respostas
Q bom q a sociedade está nos usando mais. Precisamos nos preparar melhor.
Pede ao povo se eles preferem militares ou guerrilheiros que saberá se isso está certo.
Tem algo errado, um estabelecimento de nível superior que não é avaliado pelo sisu em relação os conhecimentos dos alunos devido a especificidade da profissão, estão em todos segmentos de chefia civil ditando regras.
Quando valorização demais uma classe social causa o desprezo de outras, principalmente que a finalidade do cargo ser civil e não militar.
“Cargos de natureza civil”. Defina essa frase, por favor! Ou melhor, diga qual lei regula isso. Acho que esse é o famoso Rimprensa que vomita qualquer coisa e vcs compram.. Responda uma coisa: se médico é cargo de natureza civil, todos os médicos das FFAA deveriam, entao, serem civis, correto? E engenheiro? Tbm é “cargo de civil”? Então todos os engenheiros das FFAA tem que ser civis. E instrutor/professor? “Natureza civil” tbm? O instrutor de tiro nos quartéis então vão ter que ser civis tbm.
Quem garante que o cargo tem que ser civil? Por acaso a matemática é diferente para um civil e um militar? Não deveriam fazer um levantamento de quantos ex-narco guerilheiros terroristas ex exilados ocupavam cargos em estatais em 2013 e quantos ocupam agora. Qual teria sido a redução? Uns 10.000%?
Meu povo! tentem viver suas vidas da melhor forma possível, já é cultura universal, quando mais temos mais queremos: dinheiro, fama, posição social, etc… nunca muda e vai mudar. Quando perceberem que suas vidas estão chegando ao fim, é tarde demais.
Exército de burocratas
Mas na hora das enchentes vc quer ser salvo.