China e Rússia se unem contra expansão da Otan

Putin e Xi Jinping

Após reunião em Pequim, Putin e Xi pedem que aliança militar ocidental abandone “abordagens da Guerra Fria” e respeite a soberania, segurança e interesses de outros países.

Após encontro nesta sexta-feira (04/02), em Pequim, o presidente russo, Vladimir Putin, e seu homólogo chinês, Xi Jinping, demonstraram união frente ao Ocidente e contra uma expansão da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), desafiando a influência global dos Estados Unidos.
Numa declaração conjunta, os dois países afirmaram que sua nova relação é superior a qualquer aliança militar da era da Guerra Fria e pediram o fim da expansão da Otan para o Leste Europeu.
“Ambas as partes se opõem a uma expansão da Otan e pedem que a aliança do Atlântico Norte abandone suas abordagens ideológicas da Guerra Fria”, diz a declaração conjunta. O documento também pede que a Otan respeite a “soberania, segurança e interesses de outros países”.
Os EUA e a Otan estimam que mais de 100 mil soldados russos estejam estacionados perto da fronteira com a Ucrânia, o que gerou temores de uma invasão. A Rússia nega ter a intenção de investir contra o país vizinho, mas exige “garantias de segurança” da Otan.
Mais especificamente, Moscou pede que a Ucrânia não seja incluída entre os países que formam a aliança e que esta reduza sua presença militar no Leste Europeu – demandas que EUA e Otan rejeitaram.
Fundada em 1949 em Bruxelas, a Otan é uma aliança intergovernamental comandada pelos Estados Unidos e composta por 30 países, a maioria europeus. A principal prerrogativa do grupo é defender os territórios parceiros em caso de agressões militares causadas por terceiros.

Aproximação “sem precedentes”
Os dois líderes se encontraram pela primeira vez em dois anos, e sua reunião foi pautada pelas rixas crescentes dos dois países com os Estados Unidos.
Em meio à crise envolvendo Rússia e Ucrânia e as tensões relativas a Taiwan – cuja soberania é reclamada pela China –, Xi sublinhou que China e Rússia vão aprofundar sua coordenação estratégica “sem descanso”, e que também enfrentarão juntos o que chamou de “ingerências externas” e “ameaças à segurança regional”.
Putin, que chegou nesta sexta-feira a Pequim para comparecer à cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim, destacou que as relações bilaterais vivem uma aproximação “sem precedentes”, dizendo também que o país asiático é o parceiro estratégico “mais importante” da Rússia.

Um inimigo em comum
Ainda que a declaração conjunta não cite explicitamente os Estados Unidos ou a crise na fronteira russa com a Ucrânia, o texto denuncia que “um pequeno número de forças na comunidade internacional continua obstinada em promover o unilateralismo e em interferir nos assuntos de outros países”.
“O que eles estão fazendo é minar os direitos e interesses legítimos de outros países, bem como criar atritos e confrontos, o que impede o desenvolvimento. A comunidade internacional não aceitará mais isso”, diz a declaração.
Além da oposição à expansão da Otan, o texto mostra a preocupação do líder chinês com o acordo de defesa tripartidario Aukus, firmado por EUA, Austrália e Reino Unido e cujo foco é a região indo-pacífica.
Putin afirmou que o aprofundamento das relações entre China e Rússia tem como objetivo “defender seus interesses comuns”, mas que também é importante pela segurança “em todo o mundo”.
“Nenhum país deveria garantir sua segurança isolado da segurança global e à custa da segurança de outros países”, diz a declaração divulgada pelo Kremlin.

Cooperação econômica
Os dois mandatários também concordaram em traçar planos para conseguir “alta qualidade” no comércio bilateral, que atingiu o nível recorde de 150 milhões de dólares, assim como aumentar a cooperação em áreas como agricultura, economia digital e saúde.
“A cooperação energética aumentará com um maior fornecimento de gás natural da Rússia para a China”, disse Putin.
Os planos de Pequim de aumentar as importações de gás da Rússia acontecem em meio a preocupações de uma dependência excessiva da Europa do gás de Moscou.
O governo russo espera atualmente que a entrada em operação do gasoduto Nord Stream 2 seja aprovada para fornecer gás à Alemanha. O governo alemão, por seu lado, alertou que o gasoduto poderá nunca entrar em operação se a Rússia decidir invadir a Ucrânia.

Boicote diplomático aos Jogos de Inverno
A viagem de Putin à cerimônia de abertura dos Jogos de Inverno de Pequim é simbólica. Ele é considerado o convidado político mais importante da noite, com direito a uma homenagem como “amigo da China”.
Devido a tensões com Pequim por causa de violações de direitos humanos no país, países incluindo Estados Unidos, Reino Unido, Canadá e Austrália impuseram um boicote diplomático do evento. As equipes esportivas dos países participam dos Jogos, mas não haverá representantes políticos presentes.
rk/lf (Reuters, AFP, EFE, DPA)
DW/montedo.com

5 respostas

  1. Que se junte China e Rússia: Estados Unidos jamais serão derrotados, a história conta isso! O Americano do Norte tem amor ao seu País! e possui um poderio econômico enorme a ele se juntaram, Inglaterra, França, Itália, Alemanha etc e quiçá o Brasil. Os Estados Unidos segundo um Cel do nosso EB me confessou anteriormente, os USA aguenta duas Guerras sem problemas.
    Mas se tiver essa Guerra com que nós ficaremos? Pergunta bastante difícil de responder!

  2. A China é Rússia em uma possível conflito com os americanos vão estar em casa ou muito próximo. Já dizia Maquiavel em o Príncipe. – quem luta em casa vai estar sempre em casa, já o invasor vai estar sempre longe de casa.
    Se os americanos conseguirem conseguir colocar a Ucrânia na Otan basta a China e Rússia se aliarem com Cuba, daí as forças se equilibraram.

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