Militares peitam Bolsonaro para defender instituições

barra torres - fernuando - silva e luna

Integrantes influentes das Forças Armadas enfrentam o presidente, no maior movimento de fardados contra as pretensões autoritárias de Bolsonaro desde o início da gestão.
O chefe da Anvisa, o comandante do Exército, o presidente da Petrobras e até o ex-ministro da Defesa adotaram posições que contrariam o mandatário. Por trás disso está o desejo de preservar as instituições

Ricardo Chapola
As ações irresponsáveis de Bolsonaro estão custando caro a ele e já colocam em xeque até mesmo o pouco apoio que tinha dentro das Forças Armadas. O recado chegou ao mandatário da pior forma possível: por militares de alta patente que compõem o governo. Quem puxou o movimento foi o diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o contra-almirante e médico Antonio Barra Torres, ao enviar uma dura carta em resposta às insinuações feitas por Bolsonaro de que o órgão tinha interesses escusos na vacinação de crianças contra a Covid. Evocando sua carreira de militar, disse que o presidente deveria determinar uma investigação, sob risco de cometer prevaricação. “Se o senhor não possui tais informações (indícios de corrupção), exerça a grandeza que o seu cargo demanda e se retrate”, dizia a carta.
Irritado, Bolsonaro se queixou, mas evitou criticar o chefe da Anvisa, dizendo apenas que não havia falado a palavra “corrupção”. No seu entorno, especula-se que ele tinha receio de atrair ainda mais militares contra si caso peitasse o contra-almirante. Barra Torres não baixou o tom e ainda retrucou. “Não é razoável, não é justo dizer que a Anvisa está com algum tipo de intenção. A agência não tem intenção, não tem opinião. A Anvisa decide e oferece o resultado da decisão ao ministério, que escolhe”, disse. Aproveitou para reclamar dos ataques aos seus subordinados em razão das ameaças feitas pelo mandatário de que divulgaria publicamente os nomes daqueles que trabalharam para autorizar a imunização de crianças.
O movimento é simbólico, já que ocorre após militares importantes terem se embrenhado totalmente no bolsonarismo e tido que lidar, calados, com frustrações patrocinadas pelo capitão. Em março do ano passado, Bolsonaro provocou a maior crise militar desde a redemocratização ao realizar a troca arbitrária na cúpula das Forças Armadas. Apesar da discrição dos militares que saíram, ficou patente que eles se recusavam a politizar os quartéis.

Foto: Marcelo Carmargo/Abr/Arquivo

A bronca do contra-almirante a Bolsonaro acontece ao mesmo tempo em que o comando do Exército – justamente o mesmo escolhido pelo capitão em 2021 – também fez questão de marcar posição contra o mandatário. Sob a batuta do comandante Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, o Exército divulgou novas orientações com 52 diretrizes para combater a pandemia na caserna, incluindo o uso de máscaras, a vacinação de militares antes do retorno ao trabalho presencial, o distanciamento social e a punição para aqueles que divulgarem notícias falsas – exatamente o contrário de tudo aquilo que Bolsonaro defendeu até aqui. As medidas do comandante irritaram bastante o mandatário, que até tentou intervir para que a cúpula do Exército publicasse uma nova versão do documento, com recomendações mais alinhadas ao governo. Uma das mudanças que o Planalto exigia no novo documento era retirar do texto a exigência de vacinação de militares como condição para que retornassem ao trabalho. As ações do capitão, porém, não tiveram sucesso, uma novidade na rotina de Bolsonaro que, antes, não enfrentava tanta resistência das Forças Armadas diante de suas ordens.
Outro militar influente do governo que passou a manifestar publicamente divergências a Bolsonaro é o presidente da Petrobras, o general Joaquim Silva e Luna. Ele está há 9 meses no cargo e chegou até lá por indicação do mandatário, que desejava controlar diretamente a maior estatal brasileira. O objetivo era manipular o preço dos combustíveis. O presidente da Petrobras refutou a tese de que isso seja uma questão que possa ser gerida pelo governo. E disse que o papel da estatal “não é fazer política”, em uma crítica pouco sutil ao seu chefe, acostumado a instrumentalizar os órgãos federais com o objetivo de conseguir aquilo que deseja. “O que regula o preço é o mercado. Ainda há pessoas que consideram, por desinformação ou outro motivo, que a Petrobras deva ser responsável pela redução do preço. Ela não tem condições de fazer isso”, afirmou o general. “A Petrobras tem responsabilidade social e procura cumpri-la. Mas ela não pode fazer política pública. Ela coloca recursos nas mãos de quem pode fazer”.
Outra frente de ataque veio exatamente do ex-ministro da Defesa demitido em 2021. Substituído por Bolsonaro junto com os três comandantes das Forças Armadas em março passado, o general Fernando Azevedo e Silva resolveu garantir a lisura das eleições defendendo as urnas eletrônicas, que foram o principal alvo de Bolsonaro no Sete de Setembro. A partir deste ano, em que ocorrem eleições presidenciais, o general passa a desempenhar a função de diretor-geral do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), órgão bastante atacado pelo capitão no ano passado, quando levantou suspeitas sobre o sistema de votação. O general já indicou que sua chegada ao TSE tem a ver com uma tentativa de neutralizar as contestações do resultado das urnas no ano em que o capitão disputa a reeleição. Em outras palavras, desconsiderando o linguajar técnico próprio da caserna, vai impedir que Bolsonaro tente melar as eleições contestando os resultados, como Donald Trump fez nos EUA.
Todas essas iniciativas simbolizam o maior movimento de distanciamento dos militares de Bolsonaro desde o início do mandato. É como se tivessem traçado uma linha em defesa da democracia e das instituições justamente quando o processo eleitoral começa a esquentar. “A diferença desses militares que se manifestaram para os outros que também pertencem ao governo, mas estão calados, é a coerência. A lealdade ao presidente dos que estão em silêncio supera e muito a coerência que deveriam ter à frente de seus cargos”, afirmou um importante general da reserva que já foi muito próximo ao mandatário. Com mais esse desembarque de aliados fardados, Bolsonaro se mostra cada dia mais isolado e incapaz de reverter o cenário que aponta para sua derrota na disputa que se avizinha neste ano.
ISTO É/montedo.com

51 respostas

    1. Que papinho furado esse da reportagem, quem tá atrapalhando o presidente são as instituições e as traições, STF está atrapalhando e eles quem são autoritários e ditadores, e os generais são uns frouxos melancias

    2. tem muito militar inocente q tá achando q a volta do lula é a salvação. Eles já estão dizendo o q vão fazer, resumindo: vão jogar p b….da de todos, repito TODOS os militares e não vai adiantar dizer q era contra ou q fez cartinha dando esporro no bolsonaro. A esquerda vai ser impiedosa com todos nós. Vamos acordar!!!

  1. Desde o primeiro dia pertubamm o governo dia e noite atrapalhando o Brasil. O inútil Zé Dirceu pregou isso: Ganha mas não governa. E um monte de imbecis alienados não vê isso e ficam criticando sem ter a mínima noção da realidade.

    1. Quero ver se esse bozó perder o que será dos bananas de pijama. Adoram mordomias e adoram ser bajulados. Mais se o bozó perder irão sair com o bolso cheio de dinheiro porque só de diárias não gastam nem o próprio salário.

  2. Os maiores traidores da Nação são os militares melancias que ficaram calados nos últimos 30 anos de corrupção e saqueamento dos cofres públicos. Onde estavam alienados ?
    Querem a volta dos ladrões terrorista porque ?

  3. Falo sério pessoas influentes das forças armadas? Falo sério esse generais todos traíram seus subordinados na tramitação do PL 1645 deixando as pensionistas e veteranos com decrescimos no salário e a inflação nas alturas e vem alguém falar que esses senhores só pensaram no seu bolso na tramitação do PL 1645 e agora lei perversa 13:954 … Outubro está vão ver as influências que esse pessoal tem…… Kkkkk. Não devem nem conseguir mandar em casa.. Adeus Bolsonaro traitor das pensionistas e veteranos a maioria da reserva… Adeus generais, coronéis, major, oficiais no cargo eletivo e finalmente praça aprendeu a votar e praça vota em praça.,. Um QE na próxima ministro da defesa e vão mostrar como se faz as coisas justas e não só pensar no bolso.

    1. Bem feito, foi confiar em quem não se pode confiar, traindo os praças que sempre estiveram ao seu lado durante anos e várias eleições. O traidor sentindo na pele, ser deixado para trás, a alta cúpula nunca teve consideração com ele. Meu voto nunca mais, decepcionante.

    2. Como confiar e acreditar nesses generais !!! Aparecem nas OM com polpudas diárias, mordomias e com muita bajulação e não estão nem aí para as injusticas da MP do Mal e da Lei do Mal.
      Nas formaturas se dirigem a tropa sem se preocupar com aqueles que estão em forma e suas famílias.
      Porque não fazem levantamentos junto ao CPEx da quantidade de militares e pensionistas com empréstimos nas diversas entidades consignatárias???

      MEU PIRAO PRIMEIRO. SEMPRE FOI ASSIM.

  4. Por trás disso está o desejo de preservar as instituições ou institutos, modos de operação, sem transparência, arbitrárias, como faz o STF rasgando a Constituição e legislando e governando e o Congresso Nacional omisso?

  5. Penso, que os maiores erros das escolas militares ou seja de formação de oficiais e Sgts, foi o afrouxamento geral, permitindo o aparecimento de nutellas ou geração de militares fracos ou civis fardados.
    Outra foi a não manutenção de disciplinas como: guerrilha, contra guerrilha, comunismo, etc …

  6. Frouxidão geral. Na época da quadrilha petista aceitaram tudo: Comissão da Anistia, revogação da data festiva de 31 Março e perseguição aos militares machos do passado. Nojo viu !!!

    Agora ficam de mi mi mi pra apoiar o Presidente que luta sozinho, contra legiões de canalhas corruptos e não patriotas. Pqp !!!

  7. Defender as instituições para não ficarem fracas e a mudança de governo se aproxima juntamente com as boquinhas do triplex ,ou seja já cultivar uma nova horta ….

  8. Não quero nem saber, pode vir seja lá quem for. Não voto em Lula e em nenhum candidato de esquerda, mas em Bolsonaro e em outros militares jamais votarei novamente. Fui para a reserva em 2003, fui prejudicado pela MP 2215, perdí uma graduação a mais, perdí os 28,86% e fui prejudicado com a Lei da Reestruturação. Temo que ainda me tirem o que restou.

    1. Você se aposentou em 2003?

      Vc tem 28% só de cota de anuenio.

      Eu nao tenho nenhuma.

      A lei de reestruturação reestabeleceu a paridade entre ativa e reserva

        1. Os SO/ST de antes da MP 2215 tem um salário, com um posto/grad acima, os que vieram depois da MP 2215 até 2019, tem outro salário, só que menor, e os mais modernos, depois da Lei da Reestruturação de 2019, tem outro salário, só que maior. Voce chama isso de paridade?

  9. Influentes???
    Vendidos, traíras quem sabe?
    A quê se prestam?
    Com a evolução genética, agora traíras se parecem muito com aqueles peixes ornamentais, mas quando sai a tinta, o que resta? só velhas carcaças.
    Então os abutres festejam.

  10. “Militares peitam Bolsonaro para defender instituições” tá bom , e aonde estavam quando o Brasil era saqueado pela esquerda , agora com os bolsos cheios resolvem agir ,até parece algo combinado ,mas tudo bem, vamos fazer que acreditamos nessa estória .

  11. Dentro da disciplina Direito Administrativo existe a figura da Captura das Agencias Reguladoras que é uma cópia das Agencias Americanas, aqui elas foram criadas na esteira das privatizações dos Tucanos com o fita de fiscalizar e regular o mercado que foi criado. Ocorre que como tudo no Brasil é avacalhado as AR foram capturadas pelos agentes do mercado que em tese deveria ser fiscalizados por ela. Anvisa foi capturadas pelos Grandes Laboratórios e defender os interesses privados em detrimento ao do povo brasileiro. Anac foi capturada pela grande companhias aérea que nos faz ter as taxa aeroportuárias mais caras do mundo… ANP capturada pela cartel dos postos de combustíveis; Anatel foi capturada pelas Telefônicas; Anel pelas grande geradoras de energia elétrica…

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