Equipe de Bolsonaro delega área de infraestrutura a grupo de generais da reserva

O general Hamilton Mourão, vice de Jair Bolsonaro – Danilo Verpa/Folhapress

Equipe de Bolsonaro delega área de infraestrutura a militares da reserva
Guru econômico do presidenciável se reuniu nesta semana com grupo em Brasília para tratar do tema

Talita Fernandes , Mariana Carneiro e Julio Wiziack 

BRASÍLIA – O candidato Jair Bolsonaro (PSL) decidiu entregar a militares a área de infraestrutura do governo
caso seja eleito presidente. Na última segunda-feira (17), o guru econômico do presidenciável, Paulo Guedes, teve seu primeiro encontro com o chamado Grupo de Brasília, que reúne militares da reserva interessados em ver suas propostas
implementadas em um governo Bolsonaro.
As reuniões, realizadas a portas fechadas no hotel Brasília Imperial, na capital federal, foram a primeira tentativa de
unir as equipes que orbitam ao redor de Bolsonaro e que, faltando poucos dias para a eleição, ainda trabalham
desarticuladas.
O senso de urgência de consolidação de um projeto de governo se deu diante da melhora de desempenho nas
pesquisas. Além da área de infraestrutura, as equipes trabalham na construção de um plano mais amplo como
base de um eventual governo.
O primeiro diagnóstico é que, para o desenvolvimento de grandes projetos, a crise fiscal tem que ser enfrentada
imediatamente e, por isso, estão sendo detalhadas propostas de reforma da Previdência e tributária, alem de
desestatizações. Essas iniciativas estão sendo desenvolvidas sob liderança de Guedes.
Os militares, por sua vez, assumiram a liderança nas áreas de infraestrutura e regulação.
Os temas vinham sendo discutidos separadamente por Guedes e pelo Grupo de Brasília. Mas, depois da reunião
da última segunda, o tema passou às mãos do grupo liderado pelo general da reserva Osvaldo Ferreira, do qual
também fazem parte os generais Augusto Heleno e Aléssio Ribeiro Souto, além do professor da UnB
(Universidade de Brasília) Paulo Coutinho.
Uma sala de eventos do hotel tornou-se uma espécie de QG do grupo, que intensificou as reuniões depois que
Bolsonaro foi hospitalizado. Eles avaliam que, com o afastamento do capitão reformado, as ações propositivas
ficaram paralisadas, e passou a ser necessário municiar o candidato a vice, o general da reserva Antônio Hamilton
Mourão, em suas aparições.
Ferreira, cotado para assumir o Ministério dos Transportes caso Bolsonaro vença, trabalha no programa
de infraestrutura desde setembro do ano passado. Formado na Academia Militar, desempenhou funções de
engenharia durante sua passagem pelo Exército, principalmente em obras na Amazônia.
O grupo tem como meta terminar projetos em andamento e colocar em análise as cerca de 3.000 obras do governo
federal que, segundo seu diagnóstico, estão paradas.
A pretensão é partir do plano de obras e concessões já pronto, elaborado pela EPL (Empresa de Planejamento e
Logística), para concluir panejamento já feito por técnicos do governo federal.
O mantra da equipe é que tudo o que está paralisado merece ser continuado. São exemplos de projetos que receberão atenção a BR163, que liga o Centro-Oeste a Santarém, a Transnordestina, a Ferrovia Norte-Sul e Angra 3.
O grupo também pretende converter concessões em autorizações, como forma de acelerar desestatizações. O
processo funcionaria principalmente para rodovias, que seriam leiloadas em bloco para a administração privada.
A navegação de cabotagem e o setor de telecomunicações são outros que estão na linha de frente. A equipe de
Bolsonaro pretende acelerar a tramitação no Congresso das regras de devolução de ativos à União, pelas empresas
de telefonia que obtiveram concessões nos anos 1990.
A avaliação é que isso está freando investimentos na área e impedindo o desfecho de uma solução para a Oi.
Também sob o guarda-chuva de Ferreira estão os planos para as agências regulatórias.
A ideia é que o programa de privatização tenha como estratégia ampliar a venda de ativos de estatais, como
subsidiárias de Banco do Brasil, Caixa e Petrobras, sem se desfazer do controle das empresas.
O economista também coordena a área tributária, em que a criação de um imposto único nos moldes de uma nova
CPMF foi proposta.
Após reação política à proposta, Guedes cancelou participação em eventos, como um do banco Credit Suisse, nesta quinta (20). Pessoas ligadas a Bolsonaro dizem que há estudos também de uma alternativa menos drástica, de unificar apenas tributos federais para a criação de um IVA (imposto sobre valor agregado), que reuniria PIS, Cofins,
IPI e CSLL. O norte das mudanças, dizem, é a simplificação tributária.
FOLHA DE SÃO PAULO/montedo.com

5 respostas

  1. Tudo dentro da normalidade e das expectativas de um possível governo militarizado. A julgar pela superficialidade das propostas nas áreas da saúde, da educação, da segurança pública e da economia, pelo amadorismo, haja POSTOS IPIRANGAS para resolver os problemas do Brasil.

    Alguém, da ativa ou da reserva, se lembrou daquelas infindáveis reuniões de COMANDO em que não se resolvia nada e saíamos mais confusos do que tudo. Daquelas decisões que colocavam as hierarquias acima do interesse comum para a caserna? Das decisões que as tarefas mais difíceis ficavam para os subordinados, mesmo estes não tendo recursos de pessoal ou material para resolver a contento as missões delegadas?

    Estamos vivenciando a transformação do país numa grande caserna, e tomara que não venhamos a ter escândalos como temos acompanhados aqui mesmo neste site de militares condenados por desvio de dinheiro, esquemas fraudulentos etc, senão teremos trocado uma “máfia petralha” por uma “máfia verde-olive” e ai senhores, quem sairá perdendo novamente será o nome e a história das FORÇAS ARMADAS, que está custando para curar as feridas deixadas pela insanidade de um grupo pequeno de generais que mancharam a honra e a reputação de nós militares. Lembro-me que quando andava fardado no pós 85, tinha a sensação que os olhares nas ruas eram aqueles: Será um torturador? Será um sequestrador? Será um golpista?

    Brasil acima de Tudo, acima, INCLUSIVE dos interesses escusos e particulares de um GRUPO SELETO DE GENERAIS.

    ALIÁS, TIRANDO O SUB TENENTE QUE ESTÁ TENTANDO LIMPAR A BARRA DO BOLSONARO NA QUESTÃO DO RACISMO, ALGUÉM CONHECE ALGUM PRAÇA ENVOLVIDO NESTE PROJETO DE GOVERNO?

    SERÁ QUE O SUB TERÁ UM LUGAR AO SOL?

    Questões que me fazem pensar……

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