Paulo Maluf recebeu informações sobre a saúde de Tancredo Neves
Deputado diz que votou contra as diretas a pedido de José Sarney.
Entrevista foi ao ar no sábado, às 21h (Foto: Globo/ Aldrin Luciano Gazio) |
Trinta anos depois, o ex-governador de São Paulo, Paulo Maluf revela cenas dos bastidores da última eleição indireta realizada para a Presidência da República: ele enfrentou o ex-governador de Minas, Tancredo Neves, no Colégio Eleitoral. Em entrevista ao Dossiê GloboNews, Maluf diz que teve acesso antecipado a informações confidenciais sobre problemas de saúde enfrentados por Tancredo Neves e foi aconselhado a usá-las na campanha, mas se negou. “Quero ganhar ganhando, não quero ganhar com os outros perdendo”, explica.
Paulo Maluf, que não votou a favor das eleições diretas, disse que se arrepende da decisão: “Se eu conhecesse a história futura, diria que me arrependo. Mas quem me pediu para votar contra as diretas – e você pode conferir com ele – foi o presidente do PDS, José Sarney. Vou contar uma coisa que ninguém sabe: o presidente do Senado, Moacyr Dalla, recebeu uma ligação telefônica de Tancredo Neves – que pediu que não fossem votadas as eleições diretas no Senado, já que ele, Tancredo, já tinha ganhado as indiretas…. Ou seja: quem não queria as diretas foi Tancredo Neves, foi José Sarney. Aquilo tudo foi uma armação, uma falsidade para eleger Tancredo e Sarney”.
Maluf é personagem de uma briga judicial que envolve uma das mais notórias figuras do regime militar: o general Newton Cruz, ex-chefe da agência central do Serviço Nacional de Informações, o SNI. Ele quer resolver, na justiça, uma polêmica: o general disse que Maluf pediu a ele que algo fosse feito para evitar a posse de Tancredo Neves na Presidência da República.
O General Newton Cruz era o comandante militar do Planalto em 1985 (Foto: Carlos Namba) |
Em entrevista a Geneton Mores Neto em 2010, o general falou sobre o encontro: “De repente, ele apareceu na minha casa, na residência do Comando Militar do Planalto. Eu sabia, o Brasil inteiro sabia que Tancredo ia ganhar. Ele sabia. Por isso, foi à minha casa. Conversou comigo, numa conversa de joão-sem-braço: que era preciso fazer alguma coisa, para evitar que Tancredo tomasse posse…”.
O deputado federal nega que tenha feito tal pedido. “Digo olho no olho que o general Newton Cruz – que estava completamente afastado da mídia – pregou uma grande mentira para poder aparecer: agrediu Paulo Maluf. Com todo respeito, general Newton Cruz: o senhor é um mentiroso!”. E completa: ”Quero ver o general condenado na Justiça”.
Paulo Maluf respondeu também a perguntas sobre as repetidas denúncias de superfaturamento em obras públicas quando era prefeito de São Paulo. Num momento de irritação, disse que o repórter Geneton Moraes Neto poderia ficar com todo o dinheiro que por acaso fosse encontrado em nome de Maluf no exterior.
A entrevista exclusiva com o ex-governador, ex-prefeito, ex-candidato à Presidência da República e atual deputado federal Paulo Maluf foi ao ar no ‘Dossiê GloboNews’ sábado, às 21h, na GloboNews. Assista.
GloboNews/montedo.com
11 respostas
Falar sério Sr Maluf? O senhor chamando os outros de mentiroso! rsssss
Um velho comandante dizia: Quem muito abaixa acaba mostrando os fundos!! Essa postura das Forças Armadas de aceitarem tudo caladas, leva um sujeito sem moral alguma como esse a chamar um general de mentiroso.
Só aqui mesmo no Brasil, um marginal "procurado" pela INTERPOL, tem a cara de pau de falar besteiras. Maluf não pode deixar o Brasil porque pesa contra ele uma ordem de prisão expedida pelos Estados Unidos, onde é réu em processo que apura a movimentação de dinheiro ilícito.
Paulo Maluf, se o verbo malufar é sinônimo de mentir, quem poderá levar a sério alguma manifestação sua? A mídia ainda dá ouvidos a esse cidadão? Depois que você joga seu próprio nome no lixo nada mais que você diga ou faça poderá ter algum valor. Sua imagem já morreu, melhor calar-se.
Aqui em Recife esse tipo de gente é conhecida como "alma sebosa". E haja sebo!!!
Esse Newton Cruz, foi um Fanfarrão, responsável por passar uma péssima imagem do EB, pela qual nós pagamos até hoje!
Duas figuras polêmicas. Será que ainda tem alguém que acredita no que o Maluf fala? Uma coisa é certa, o general não está na relação da INTERPOL.
O sujo falando do mal lavado, é a tipica expressão que poemos dizer desta situação…
Chama interpol que ele rapidinho fica quieto!
Todo meliante quando é preso ou recebe uma "prensa", mente, mente e mente descaradamente. Para ele não ter sido pego até hoje, deve haver um mistério(?) ou o poder do dinheiro, até do desviado. Se deixassem o FBI, como no caso da CBF, investigar, aí sim, já estaria preso.Mas estamos no Brasil onde gente ruim, bandidos e assassinos fogem e vem para cá viver tranquilamente… até que a polícia e Justiça estrangeira venham buscá-los.
Continuo dizendo, que o grande problema do militar é falta de leitura, e acreditar em tudo que passa na televisão, jornais e revistas, sem fazer uma analise profunda sobre o assunto e seus interesses. Então vamos por um pouco de luz sobre a história.
O governo do Presidente Figueiredo, esta em série crise econômica, com forte recessão, não tinha reserva cambial, ou seja, manter o regime militar por mais alguns anos seria inviável por falta de apoio popular. A vontade do Pres. Figueiredo, era que fosse feito um acordo no Congresso, por mais dois anos de mandato e depois eleições diretas para presidente. O governador Leonel Brisola tentou lançar esse balão de ensaio na época, mas não deu certo. Se na convenção do PDS fosse indicado o então Cel Mario Andreazza que concorreu com o Maluf o resultado seria o mesmo, vitória do Tancredo. Só que nas ruas tinha sido lançado o movimento das diretas já, e o grande nome de todos os comícios pelo Brasil afora era o nome do então governador do Rio de Janeiro, Leonel de Moura Brisola. Então não era interessante para o governo militar apoiar as eleições diretas que seriam vencidas facilmente por Brisola, a oposição que era o PMDB percebeu que não tinha o apelo popular que o Brisola tinha nas ruas, e preferiu então deixar as eleições indiretas onde conseguiria controlar o congresso, na união do PMDB com o PDS, chegou-se ao nome de consenso que agradaria tanto aos militares, quanto aos PMDbistas e ao PDS, não podemos nos esquecer que Tancredo Neves foi nomeado primeiro ministro no governo de João Gourlart, o nome forte do PMDB e oposição era Ulisses Guimarães. A história do Brasil sempre tudo foi negociado. O grande mérito de Maluf foi ter mantido a sua candidatura até o fim, uma vez que se renunciasse antes do pleito poderia ser achada uma solução militar. E para finalizar como tudo foi arranjado, na época existia fidelidade partidária e ninguém do PDS que votou em Tancredo perdeu o mandato ou foi expulso do partido.