Como ganhar o respeito e a confiança dos subordinados

Carlos Alberto Pinto Silva*

Sem integridade, os comandantes não têm poder, porque não apoiam suas palavras com atos e, deste modo, não podem inspirar confiança.

Liderança pode ser definida como a capacidade de transformar e conduzir um grupo por intermédio de ações inteligentemente manejadas, capazes de motivar e influenciar seus integrantes para que de forma espontânea e entusiástica contribuam para a conquista de objetivos antecipadamente estabelecidos pelo líder ou pela organização da qual fazem parte.
Comando, por sua vez, pode ser delineado como a competência instituída para, por meio do exercício de autoridade e da obediência, dirigir pessoas com a finalidade, também, de alcançar objetivos previamente traçados.
A diferença básica entre liderança e comando, pretende-se, consequentemente, com essas definições, ser estabelecida nas premissas de que enquanto um é cumprido por hábeis manobras que originam mudanças de comportamento e levam ao engajamento voluntário a determinado empreendimento, o outro é desempenhado pela submissão hierárquica do subordinado ao superior, da mesma forma que leva, ainda, à conclusão que líder nem sempre é comandante e que este necessariamente não necessita ser líder.
Contudo, no complexo e específico ambiente em que se sustentam os valores militares, quando subordinados e superiores professam suas condutas e suas atitudes de acordo com os juramentos prestados, liderança e comando se entrelaçam e se transformam em um elemento único na conquista e consolidação de objetivos das mais diversas naturezas.

Os grandes Comandantes percebem que precisam ser capazes de se relacionar com seus comandados. Os subordinados não o seguirão de boa vontade se desconfiarem que este comandante não se importa com eles.

Procedendo de acordo com esses preceitos e tendo subordinados que agem da mesma forma, o comandante, líder institucional e, conseqüentemente, de direito, passa a ser líder natural, ou seja, de fato. É neste contexto, portanto, que o exposto a seguir, copilado de pensamentos de estrategistas e de estudiosos do assunto é fundamental para o exercício do comando militar, que, como já foi ressaltado, nada mais é do que cumprir seus juramentos e levar os subordinados a seguir os seus.
A maior conquista que um Comandante pode obter é ganhar o respeito e a confiança de sua Instituição e fazer com que todos cheguem ao lugar a que deveriam chegar por iniciativa própria, para isso é preciso conhecer o caminho.
“O caminho é o ideal, o princípio orientador ou meio de atingir metas coletivas, aquilo que subentende a ordem e o moral de uma Instituição. É aquilo pelo qual as vontades dos que estão por cima e dos que estão por baixo são unidas.”

Se o comando considera que os populares são merecedores e os impopulares nada merecem, aqueles que tiverem muitos adeptos progridem, enquanto que aqueles com poucos adeptos ficam para trás. Se for assim, os velhacos estarão em todas as partes, obscurecendo os merecedores; os administradores leais serão demitidos sem terem cometido delitos, enquanto burocratas traiçoeiros irão assumir os postos por meio de uma representação falsa.

“Os verdadeiros Comandantes não são aqueles que obrigam os outros a segui-los, mas aqueles que conseguem harmonizar as vontades de outros e unificar a direção geral de suas energias, aqueles que conhecem o caminho.” (Sun Tzu II – a Arte da Guerra).
Grandes Comandantes geram em sua Instituição um senso de liberdade, voluntariedade e valor comum, criam o sentimento de vinculação, o saber confiar um no outro e a convicção de cada um poder cofiar em todos os outros, o que induz o homem a todos os sacrifícios pela a ideia de camaradagem, levando a formação de uma entidade coletiva única.
Ver a Instituição como essa entidade é gerar espaços para Comandantes subordinados com objetivos estimulantes; é acreditar que os subordinados guiados pelo espírito de corpo usarão a liberdade para alcançar os objetivos compartilhados.
A conquista de apoio leva, naturalmente, ao sucesso, mas a desarmonia e a falta de integridade dentro de um círculo interno de comando irão solapar a eficiência.
Os grandes Comandantes percebem que precisam ser capazes de se relacionar com seus comandados. Os subordinados não o seguirão de boa vontade se desconfiarem que este comandante não se importa com eles.
Há necessidade de conhecimento da profissão, para que haja confiança, possibilitando, portanto, a coesão.
Os comandantes têm de ser justos. Justiça também significa dever. Os comandantes que não são justos e não exigem justiça não têm dignidade; se lhes faltar dignidade, irá faltar-lhes o carisma; se lhes faltar o carisma, seus soldados não irão enfrentar a morte por eles e não terão medo de ser indisciplinados.
Não devem dar uma aprovação arbitrária e não devem rejeitar só para fazer oposição. Aprovação arbitrária significa perda de disciplina, enquanto recusa significa exclusão.
Como podem fazer com que os subordinados cumpram ordens como se fosse uma coisa perfeitamente natural?
A integridade é o alicerce sobre o qual construímos o edifício do sucesso do comando de uma Força Armada. Os comandantes devem ter integridade. Sem integridade, os comandantes não têm poder, porque não apoiam suas palavras com atos e, deste modo, não podem inspirar confiança. Se não tiverem poder, não poderão conseguir que suas forças se esforcem ao máximo.
Os comandantes devem ser dignos de confiança; se não forem dignos de confiança, suas ordens nem sempre serão cumpridas. A confiabilidade cimenta o relacionamento do comandante com a força.
“Seja digno de confiança como sendo uma coisa perfeitamente natural, para isso:
– Olhe os subordinados com os olhos do mundo e não haverá nada que você não irá ver.
– Ouça os subordinados com os ouvidos do mundo inteiro e não haverá nada que você não irá ouvir.
– Pense com a mente dos seus subordinados e não haverá nada que você não saiba.”
Se o comando considera que os populares são merecedores e os impopulares nada merecem, aqueles que tiverem muitos adeptos progridem, enquanto que aqueles com poucos adeptos ficam para trás. Se for assim, os velhacos estarão em todas as partes, obscurecendo os merecedores; os administradores leais serão demitidos sem terem cometido delitos, enquanto burocratas traiçoeiros irão assumir os postos por meio de uma representação falsa.
Disciplina, solidariedade e confiança não se improvisam, exigem uma coesão moral, que nas Forças Armadas, devido às características de sua estruturação, constituem laços que devem se alongar, e para que não se partam, cumpre que sejam fortes.
“Com laços fortes com seus subordinados, o Comandante obterá sucesso, e suas Forças farão crescer a fé e o orgulho, antes que passem os dias amargos e que o espirito do tempo volte a ser favorável. Com o vento endireita a árvore após tê-la curvado, os paradigmas serão quebrados para alcançarmos o nosso objetivo.”
Fontes:
– O Fio da Espada – Charles de Gaulle.
– Sun Tzu II – A Arte da Guerra – Os Documentos Perdidos – Thomas Cleary.
– A Pílula da Liderança – Ken Blanchard e Marc Muchnick.
– Clausewitz e a Estrtégia – TihavonGhyczy,Bolko von Oetinger e Christopher
Bassford.
– O Líder do Futuro – Peter F Drucker.
– Jack Wech Os Segredos da Liderança – Robert Slater.
*General de Exército da reserva, xx-comandante do CMO /CMS e COTER
DefesaNet/montedo.com

17 respostas

  1. Prezado Montedo.
    O Gen Pinto Silva, o "GPS", quando Cmt Mil do Sul e do Oeste institui o cartão do combatente do CMO e do CMS. Consistia em um cartão levado no bolso superior da gandola que tinha que ter os resultados dos últimos TAF e TAT, com respectivo nº do Boletim Interno que publicou o teste… Observa-se que quando membro do Alto Comando do EB fez muito para os seus subordinados… (uma piada)… Esse Sr agora vem falar de liderança… As palavras estão muito bem escritas pelo militar intelectual, entretanto, seus feitos foram muito poucos se comparados ao que escreveu. Lembrando: liderar também é dar o exemplo, é servir… faltou apenas servir aos seus subordinados… passamos pelo menos 30 anos no EB… quando temos a oportunidade de fazer algo para a tropa não conseguimos, pois o tempo é curto de um Cmt para as necessidades da tropa… Pois então, parem de criar coisas pequenas e que não levam a nada e tratem realmente de cuidar dos interesses da tropa no Poder Legislativo e no Judiciário, pois no Executivo os Sr estão buscando vantagens. Pena né Sr Pinto Silva. Na reserva, escrever é o que lhe resta, ou esperar ser lembrado pelo Governo Dilma para um cargo… falar ou tratar publicamente os problemas da tropa, na ativa e na reserva, o Sr pouco fez.

  2. Belo Texto, pena que ele só veio a aprender tudo isso que hoje ensina na reserva, sei que é muita pretensão mas seria muito bom se alguns generais da ativa lessem e aplicassem o conteúdo do texto. sten art 90

  3. Sinceramente, meus respeitos à opinião do cidadão que escreveu esse artigo, mas, na boa, do lado de cá, do lado feio e pobre da linha que separa os militares de primeira dos de segunda categoria, vejo que os comandantes estão se lixando pra sua "liderança". Querem mesmo é manter tudo sob controle pra poder ascender na carreira, fato já admitido por almirante em rede nacional (procure entrevista concedida à BAND). Escrever sobre isso nada mais é do que uma maneira desse general tentar aplacar sua culpa, sua consciência, agora que está na vala comum da reserva remunerada. Só lamento, mas não caio nesse papo…

  4. Olha, fui subordinado desse oficial no CMS. Tudo muito bonitinho no texto, mas na ativa pouco fez por seus subordinados. Deve ter mudado muito, ao ingressar na reserva, pois quando na ativa, seu comportamento era outro.

  5. Quem sabe faz. Quem não sabe manda fazer. Mas, esse cartão para levar no bolso superior, parece algo de suma importância. Só mesmo um General de Exército para criar algo assim…

  6. Chegar ao generalato, com todas as honras e prerrogativas que isso lhe confere e ter como resultado de seu trabalho o CARTÃO DO COMBATENTE, é realmente um êxito sem par. Quem teve a faca e o queijo na mão e só conseguiu se preocupar com besteira, deveria agora por obrigação calar-se.

  7. Após 19 anos de serviço no Exército eu só me deparei com Comandantes, ainda não vi um líder. O nosso Exército hoje é um Exército burocrático onde liderança não faz diferença para o militar que almeja somente ganhar promoções e conquistar benefícios pessoais na ativa.
    Num Exército altamente burocrático pode comandante pançudo, comandante mondrongo (fisicamente fraco), comandante que não vai ao estande atirar junto com a tropa, comandante que não sabe pegar em arma, comandante que não corre com a tropa, comandante que fica sob a cobertura do palaque enquanto a tropa fica na chuva durante a formatura… enfim, num Exército que não participa de conflitos bélicos reais não faz falta líderes, basta ser comandante (mandar, assinar papéis, fazer reuniões para impor suas ideias sem ouvir os outros, decidir arbitrariamente sem ouvir os dois lados de um conflito, etc).
    O Exército só saberá o quanto faz falto os líderes quando participarmos de uma guerra de verdade.

  8. Como ganhar o respeito e a confiança dos subordinados?
    Só faltou o ponto de interrogação, fora a retórica, nenhum de nossos coMANDANTES sabe ainda a resposta.

  9. infelizmente os nossos oficiais não estão nem aí para os seus subordinados, isso desde os aspira até os gen 4 estrelas, a regra é essa, pode até ser que tenha alguma exceção, mas é exceção MESMO. Não acredito que façam alguma coisa para nos ajudar, é o caso do auxílio moradia, auxílio transporte, 28 %, PNR, diárias, etc. não sai do papel pq simplesmente não atinge quem tem poder de decisão ou o canal de acesso para interferir pela tropa. a verdade é essa.

  10. Esse senhor deveria sentir vergonha de colocar seu nome em um texto que não executou na ativa. NUNCA SEQUER CUMPRIMENTAVA PRAÇA. Na época que o recebia na OM como reles Oficial de Dia, esse (..,) senhor vivia praguejando a guarda…era incapaz de se dirigir a um subordinado e dizer um bom dia sincero.
    FRANCAMENTE MONTEDO VC NEM DEVERIA PUBLICAR ESSAS "COISAS".
    LUGAR DE GEN É NA ILHA DA FANTASIA!

  11. Generais, Vossas Excelências não contam mais com a confiança da tropa! Nós aturamos Vossas Excelências apenas da boca pra fora, no nosso íntimo nós não enxergamos exemplos nos senhores. Toda vez que os senhores vão às formaturas nós cagamos e andamos para o que os senhores falam, pois sabemos que no mundinho de vcs impera o "faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço".
    Não adianta os senhores fazerem discursos, palestras e reuniões para ganhar as nossas mentes e os nossos corações: NÓS NÃO ACREDITAMOS MAIS EM VOSSAS EXCELÊNCIAS !!!!!!!!!!!! Já perderam o ponto em que vcs poderiam reverter a desmotivação e desilusão que afeta a tropa. Recolham-se à incompetência de vcs e deixem de ficar visitando quartel para cobrar faxina, cobrar imobilidade se os senhores NÃO FAZEM A PARTE DE VCS !!!!!!!!!! Mais uma vez eu repito NÃO ACREDITAMOS MAIS NOS GENERAIS!!!!!

  12. "A maior conquista que um Comandante pode obter é ganhar o respeito e a confiança de sua Instituição e fazer com que todos cheguem ao lugar a que deveriam chegar por iniciativa própria, para isso é preciso conhecer o caminho." general, o sr. deixa cair a mascara, ate para uma crianca, neste trecho… conquistar o respeito e confianca da instituicao eh fazer o trabalho sujo, e o caminho para isso eh a bajulacao e a subserviencia aos politicos, em especial a presidente e seu partido, que nao por acaso e mantida, pela ultima constituicao, como chefe suprema das FA… Coisa q o sr. fez com grande desenvoltura durante a carreira… No mais, esse texto soh eh obvio para aqueles que sabem ler funcionalmente.. tenha piedade de nos e curta a sua aposentadoria sem encher nossa paciencia!

  13. General, toda essa literatura pra chegar a conclusão de que o ponto mais alto da carreira de um comandante e qd consegue agradar o patrão??? O Sr deve ter abusado da leitura de sun tzun e colocou o restante só pra encher linguica … pois ele sim, ensinava que Subordinado q não agrada, perde a cabeca! Com certeza ele morreu pelas maos dos próprios subordinados na primeira guerra real que enfrentou… não importa o que a biografia oficial diga… kkkk

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