Marta Nogueira

O Exército brasileiro estuda lançar um programa de proteção de instalações estratégicas, em terra, com a integração de todos os organismos responsáveis pela segurança do país. O projeto, em fase piloto, batizado de Sistema Proteger, está orçado em R$ 9,94 bilhões, para investimento em 12 anos, e ainda precisa da aprovação da presidente Dilma Rousseff. O montante prevê a compra de equipamentos, como embarcações, viaturas e armamentos, e o treinamento de 85 mil integrantes das forças militares. O projeto recebeu o nome de Sistema Integrado de Proteção das Estruturas Estratégicas Terrestres (Sistema Proteger).
Além do Sistema Proteger, outros dois são considerados pelo Exército de maior importância e já estão em implantação: o Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (Sisfron), com investimentos de R$ 11,992 bilhões, em dez anos, e o Centro de Defesa Cibernética (CD Ciber), cujo investimento não foi divulgado. Os três programas integram um grupo de sete, que tem como objetivo reformar o Exército e aumentar o poder de atuação das forças militares.
O Brasil tem cerca de 13.300 dessas estruturas no país, que, segundo avaliação do Exército, respondem por 92% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. São instalações, serviços, bens e sistemas cuja interrupção ou destruição, total ou parcial, provocará sério impacto social, ambiental, econômico, político, internacional ou à segurança do Estado e da sociedade, como geradoras, distribuidoras e transmissoras de energia, refinarias e terminais.
O general de brigada José Fernandes Iasbech, gerente do sistema Proteger, afirmou que o Brasil é o único dos Brics (grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) que não tem esse sistema integrado de proteção. “O que mais nos preocupa é que, caso haja necessidade, nós temos que estar treinados e dispor de meios para chegar a tempo para atuar antes que haja dano para este patrimônio tão valioso do Brasil”, disse o general, que aguarda para apresentar resultados do projeto piloto para a presidência.
O governo liberou, este ano, R$ 120 milhões para colocar em prática o piloto, na Brigada de Cascavel, Paraná. O treinamento no local trabalha com prioridade para atender a usina hidrelétrica de Itaipu e as Subestações de Furnas e Ivaiporã. Do valor liberado, R$ 75 milhões foram empenhados em aparelhamento, como a compra de equipamentos individuais e de proteção para 500 integrantes do Exército, 200 viaturas e 800 barracas. As encomendas, feitas no Brasil em março e abril, já começaram a ser entregues.
Segundo o general, no próximo ano o Exército planeja avançar na capacitação e aparelhamento de tropas para a proteção de estruturas estratégicas situadas em São Paulo e Rio de Janeiro. As prioridades deverão ser a usina de Ilha Solteira, Terminal de São Sebastião, subestações de Bauru e de Ibiúna, Terminal de Cabiúnas, Refinaria de Duque de Caxias (Reduc) e Usinas Nucleares de Angra dos Reis.
“A cooperação que o Exército hoje empresta a outros órgãos de governo é episódica. A ideia é que passe a ser permanente”, disse o general. “O Brasil cresce vertiginosamente. O patrimônio cresce vertiginosamente. Precisamos adequar nossas tropas e o nosso treinamento para que se for determinado pelo governo federal possamos agir com presteza e eficácia.”
Com base no desenvolvimento do Proteger, o major do Exército e especialista em análises e operações de inteligência e contra-inteligência Nixon Frota desenvolveu um trabalho que propõe ao Exército a inclusão do setor elétrico nas questões de segurança e defesa da América do Sul. A ideia é que os países integrantes da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) tenham uma estratégia de defesa conjunta das suas instalações energéticas.
“Cada vez mais as instalações de energia, como linhas de transmissão, estão interligadas”, disse o major, que vai apresentar a pesquisa durante o VI Encontro Nacional da Associação Brasileira de Estudos de Defesa (Abed), que será realizado entre os 6 e 9 de agosto, em Brasília. “Certamente, os resultados da integração fortaleceriam a segurança energética sul-americana, possibilitariam a criação de sinergias transparentes e democráticas, permitindo o desenvolvimento político, econômico, social e militar”, disse Nixon.
DefesaNet/montedo.com
Respostas de 4
Rapaz, é tanto projeto… só falta o projeto "Proteger vencimentos". Esse nunca sai da planilha de estudos.
Engraçado que os caras querem defender pontualmente o "sistema" elétrico nacional. Para isso, prezados amigos, teriam de colocar um Soldado em cada torre de transmissão do território, pois qualquer um sabe que Itaipu transmite para o sudeste em uma linha única, basta que se derrube uma torre, que se destrua 1 metro das linhas de transmissão, que o parque industrial de São Paulo fica às escuras.
Quanto ao terminal de São sebastião, o óleo sai de lá por oleoduto até Paulínia. Vão colocar um Soldado a cada 100m de oleoduto?
Quanto à Angra, a Cia DQBN é a responsável por sua segurança, pelo menos é a única que treina anualmente lá. Para quê treinar mais gente, se a Cia DQBN já é responsável por esta missão (basta transferir mais gente p/ a Cia DQBN , ou até transformá-la em Batalhão com sede em Angra dos Reis, ao invés de criar quartel rolha em Ji Paraná-RO).
Ou seja, mais um projeto rolha para consumir milhões e que não vai dar em P… nenhuma, a não ser a promoção mais rápida desse Major aí…triste!
Presidente Dilma! Faça uma coisa REALMENTE boa pelo Exército: Vete integralmente esse projeto rolha e transfira os milhões que gastariam com essa rolha para dar o merecido reajuste aos militares.
aíiii… gostei. Vc resumiu bem, bem mesmo, o que é este projeto! Só falta chegar nas mãos da Dilma através de alguém influente da Escola Superior de Guerra.
É a primeira vez que ouço falar no Exército que há um militar especialista em análises de inteligência e contra-inteligência. caramba, quem lê isso acha até que o cara é o "cara", o "pica das galáxias" do Exército. Mal sabe o leitor que qualquer cidadão formado em Geografia ou leitor assíduo de jornais e outros periódicos chegariam às mesmas conclusões e fariam as mesmas análises que a nata da inteligência do Exército. Os inteligentes do Exército acham que alguma força inimiga iria pôr tropas em terra para atacar os "pontos sensíveis" quando seria muito mais fácil atacar pelo ar diante da defasagem numérica e tecnológica da nossa defesa aérea, inclusive com a nossa já falecida artilharia anti-aérea? Esses caras estão brincando, só pode.
Matéria bem interessante a desta jornalista, assim como o são os projetos em voga no EB.
Infelizmente, o mesmo já não ocorre com os comentários aqui postados.
Proteger o sistema não significa guardar cada parafuso dele. É óbvio!!!
Ademais, especialista, para Houaiss, é o indivíduo que possui habilidades ou conhecimentos especiais ou excepcionais em determinada prática, atividade, ramo do saber, ocupação, profissão, etc.
Os comentários fazem-me crer que o "x" da questão não é a proteção do sistema elétrico, mas sim uma baita dor de cotovelo por alguma razão que desconheço.
Precisamos de foco… Atacar o major que estudou e especializou-se em algo está no contra-azimute. Assim como, proteger-se de eventual sinistro ou ataque QBN, valendo-se de um poncho, não me parece sugestão de especialista.
Fica para reflexão dos leitores…