O Paraguai está em processo de fortalecimento dos contingentes militares nas fronteiras com Brasil, Argentina e Bolívia, afirmou hoje o comandante das Forças Militares do Paraguai, contra-almirante Cíbar Benítez.
“Há escassez de pessoal nos destacamentos fronteiriços” e a intenção do alto comando militar paraguaio “é ter um número mínimo (de efetivos) em cada um” desses postos, disse.
O chefe militar explicou aos jornalistas que o presidente do Paraguai, Fernando Lugo, como comandante-em-chefe das Forças Armadas, deu as primeiras instruções para aumentar as tropas, principalmente nos afastados postos fronteiriços com a Bolívia.
Lugo visitou na semana passada o forte Gabino Mendoza, no extremo norte do país, onde falou com militares paraguaios e bolivianos do outro lado da fronteira, e, ao voltar, informou que esse destacamento militar aumentará de sete para 20 efetivos.
Benítez destacou que as Forças Armadas de seu país enfrentam a necessidade de renovar seu equipamento, que data dos anos 80, embora depois tenham sido feitos investimentos, mas na compra de veículos de transporte, disse.
O anúncio do comandante das Forças Armadas ocorre depois que o chanceler paraguaio, Héctor Lacognata, exigiu na reunião do Conselho de Defesa da União de Nações Sul-americanas (Unasul), realizada ontem, em Quito, o “fim da corrida armamentista na região”.
A imprensa local questionou a ambiguidade do Governo paraguaio em relação ao assunto, se for levada em conta a postura de Lacognata e as recentes declarações do chefe de Estado sobre uma compra de armas anunciada pela Bolívia.
Lugo minimizou o programa militar boliviano, que motivou uma reunião de chanceleres e ministros da Defesa dos dois países na semana passada, em Assunção, para debater o assunto, que também chegou ao Congresso paraguaio.
As comissões de Relações Exteriores e de Defesa da Câmara dos Deputados convocaram Benítez e o ministro da Defesa, Luis Bareiro, para informar dos detalhes dessa reunião.
“Levantamos nossa voz de alerta e pedimos a Fernando Lugo que não minimize mais o tema do equipamento em armas que está ocorrendo na Venezuela e na Bolívia”, afirmou o deputado Carlos Liseras, do Partido Colorado, principal força da oposição.
Apesar de o Governo paraguaio ter expressado sua satisfação com as explicações oferecidas pelos ministros bolivianos Wálker San Miguel (Defesa) e David Choquehuanca (Exteriores), outras personalidades da oposição manifestaram suas dúvidas sobre a intenção do país vizinho. EFE