Pentágono inicia retirada imediata de até mil militares transgêneros do Exército dos Estados Unidos

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Segundo Pentágono, 8.500 soldados poderiam ser acionados em curto prazo

A Suprema Corte permitiu esta semana que o presidente Donald Trump implementasse sua proibição de pessoas transgênero servirem nas forças armadas
O Globo com agências internacionais — Washington, Estados Unidos
O Departamento de Defesa dos Estados Unidos iniciou o processo de desligamento dos cerca de mil militares que se identificaram abertamente como transgêneros, conforme nova diretriz emitida nesta quinta-feira. A ordem também especifica que aqueles que ainda não se manifestaram publicamente sobre sua identidade de gênero terão 30 dias para deixarem voluntariamente as Forças Armadas.

Contexto: Suprema Corte dos EUA autoriza governo Trump a proibir militares transgênero nas Forças Armadas
A medida segue a decisão da Suprema Corte, tomada na última terça-feira, que autorizou o governo de Donald Trump a restringir a presença de pessoas trans no serviço militar. Em resposta, o Pentágono anunciou que analisará prontuários médicos em busca de integrantes diagnosticados com disforia de gênero que ainda não tenham se declarado oficialmente.

Segundo uma estimativa da rede CNN, citando fontes do Pentágono, até 9 de dezembro de 2024 havia 4.240 militares com diagnóstico de disforia de gênero em serviço ativo, na Guarda Nacional e na reserva — número que representa uma pequena fração dos cerca de 2 milhões de militares em serviço, embora o próprio governo reconheça que o total real pode ser maior.

A diretriz divulgada nesta quinta-feira é semelhante a um memorando enviado em fevereiro, que havia sido suspenso temporariamente por ações judiciais. Na ocasião, o Pentágono ofereceu um prazo de 30 dias para que os militares se identificassem como transgêneros. Desde então, aproximadamente mil pessoas se manifestaram.

Em nota oficial, o porta-voz do Pentágono, Sean Parnell, confirmou que esses militares “iniciarão o processo de desligamento voluntário” das Forças Armadas. Já o secretário de Defesa dos Estados Unidos, Pete Hegseth, deixou clara sua posição após a decisão da Suprema Corte que autorizou a exclusão de militares transgêneros do serviço ativo.

— Chega de trans no Departamento de Defesa — escreveu Hegseth em uma publicação na rede social X (antigo Twitter).

Mais cedo, durante uma conferência de forças especiais em Tampa, antes mesmo da decisão da Corte, o secretário já havia sinalizado mudanças na política da pasta.

— Estamos deixando para trás o politicamente correto e a fraqueza — declarou. — Chega de pronomes. Chega de caras de vestido. Estamos encerrando essa palhaçada.

Briga na Justiça
Como ocorre com a maior parte das determinações do governo Trump 2.0, a ordem executiva foi questionada nos tribunais, sob alegação de que viola o princípio constitucional de que todos são iguais perante a Lei.

Em um dos sete casos apresentados à Justiça, a comandante Emily Shilling, da Marinha, cita seu histórico de 19 anos de serviço, incluindo missões de combate no Iraque e Afeganistão. Ela serviu de exemplo para uma ordem, emitida em março pelo juiz federal Benjamin Settle, do estado de Washington, que barrou os planos de Trump em âmbito nacional.

Segundo a decisão, “nenhuma alegação ou evidência de que ela seja, ou tenha sido, um prejuízo para a coesão de sua unidade, ou para a letalidade ou prontidão das Forças Armadas, ou que ela seja mental ou fisicamente incapaz de continuar seu serviço”. Ele completou dizendo que a política de Trump era “de exclusão sem fundamento, dramática e aparentemente injusta”.
O GLOBO – Edição: Montedo.com

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