Carta das Forças Armadas respaldou atos contra poderes, diz Mauro Cid

Acampamento QG do Exército 2

Conversa gravada com o então comandante do Exército traz a declaração
André Richter
Um áudio encontrado pela Policia Federal (STF) durante as investigações do Inquérito do Golpe mostra uma conversa na qual o tenente-coronel Mauro Cid, ajudante de ordens do então presidente Jair Bolsonaro, diz que uma carta divulgada pelas Forças Armadas serviu como respaldo para o aumento das manifestações contra os Três Poderes.

A declaração de Cid consta de uma das conversas com o então comandante do Exército, general Gomes Freire, e se referia aos manifestantes que estavam acampados em frente ao quartel do Exército, em Brasília, no final de 2022.

Os áudios não estão mais em sigilo e foram divulgados pela Polícia Federal (PF). Parte das acusações já era de conhecimento público desde o ano passado, quando Bolsonaro foi indiciado pela corporação.

No dia 11 de novembro de 2022, o Exército, a Marinha e a Aeronáutica divulgaram uma carta conjunta na qual reafirmaram “compromisso irrestrito e inabalável com o povo brasileiro.” Segundo Cid, os acampados passaram a se sentir seguros para “dar um passo à frente”.

“Eles entenderam nessa carta que os movimentos vão ser convocados de forma pacífica e eles estão sentindo o respaldo das Forças Armadas. Eles vão colocar o nome deles no circuito para aparecerem lideranças que puxam o movimento para o STF [Supremo Tribunal Federal] e para o Congresso à frente disso aí. O medo deles é retaliação por parte do [ministro do STF] Alexandre de Moraes. No entendimento deles, essa carta significa que as Forças Amadas vão garantir a segurança deles. Manifestação pacífica é livre. Então, se eles forem lá e forem presos, as Forças Armadas vão garantir a segurança deles”, comentou.

Minuta do golpe
Em outro áudio que faz parte da investigação, Mauro Cid confirmou que Jair Bolsonaro tinha conhecimento e editou a chamada minuta do golpe, documento que estaria pronto para ser assinado para decretar o estado de defesa na sede do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

“Ele ainda tá naquela linha que vem sendo conversada com os comandantes e com o Ministério da Defesa. Ele entende as consequências do que pode acontecer. Hoje, ele mexeu naquele decreto, mexeu bastante, fez algo mais direto, objetivo de curto e limitado”, disse Cid.

Denúncia
Na semana passada, Bolsonaro e mais 33 investigados foram denunciados ao STF.

A denúncia será julgada pela Primeira Turma do Supremo, colegiado composto pelo relator, Alexandre de Moraes, e os ministros Flávio Dino, Cristiano Zanin, Cármen Lúcia e Luiz Fux.

Se a maioria dos ministros aceitar a denúncia, Bolsonaro e os outros acusados viram réus e passam a responder a uma ação penal no STF.

Pelo regimento interno da Corte, cabe às duas turmas do tribunal julgar ações penais. Como o relator faz parte da Primeira Turma, a acusação será julgada pelo colegiado.

A data do julgamento ainda não foi definida. Considerando os trâmites legais, o caso pode ser julgado ainda no primeiro semestre de 2025.

Defesa
Mais cedo, o advogado Celso Vilardi, representante do ex-presidente Jair Bolsonaro, disse que vai pedir a anulação da delação premiada do ex-ajudante de ordens Mauro Cid.
Agência Brasil

Respostas de 6

  1. Golpe? É as ruas do nosso amado Brasil sendo tomadas da cor vermelha do sangue dos brasileiros, vitimados pelos assassinos. Golpe? É a classe política covarde e omissa diante do holocausto que assola o nosso povo. Golpe? É a formação de uma geração de alienados, acomodados e covardes, que não reagem à escravidão moral, intelectual e opressora, imposta aos brasileiros pelos esquerdistas e corruptos da classe política.

    1. Você já serviu em alguma organização militar? Você já viu como os militares, especialmente os oficiais, tratam seus subordiados e o dinheiro público? No Exército, costumamos dizer que somos os mais completos, pois até o inimigo nós temos dentro da Instituição. Lá, o teu dinheiro é esbanjado com formatura, desfile motorizado e obras desnecessárias, por que algum cacique achou que a cor da seção não estava boa ou que o muro que o comandante anterior mandou erguer não combinou com a arquitetura do pavilhão. Pense no seguinte: nós não conseguimos nem administrar nossos quartéis, então imagine o que esses estrelados fariam com o país. Forças Armadas não nasceram para dar golpes de estado ou se envolver em política. Infelizmente nosso povo é burro e não sabe votar, depois não adianta esperar que uma Instituição que não consegue resolver os problemas que ela mesma cria venha resolver os problemas de um país tão grande como o nosso.

      1. Camarada, você foi cirúrgico. Se a população descobre, como usamos o dinheiro dos impostos, ela manda fechar os Quartéis. A sorte é que a população não participa das reuniões administrativas.

  2. A confusão teve origem na interpretação equivocada do art 142, da CF, de que os militares poderiam intervir nos Três Poderes para manter a lei e a ordem. Essa leitura distorcida da Constituição fez com que muitos militares acreditassem estar agindo dentro da legalidade. Além disso, uma parcela significativa da sociedade aderiu a essa crença, manifestando-se em frente a quartéis e clamando por uma intervenção das Forças Armadas. No entanto, todos foram manipulados por oportunistas com interesses político-partidários.

    ‘Xxxxxxxxx

    O Supremo Tribunal Federal (STF) fez 11 votos a 0 a favor da interpretação de que as Forças Armadas não podem intervir sobre os Três Poderes da República, a partir de preceitos da Constituição Federal. A decisão contou com o aval dos ministros André Mendonça e Kassio Nunes Marques. Os dois magistrados foram indicados à Corte pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que sugeriu, em diversas ocasiões, que poderia usar os militares para solucionar impasses entre as instituições sem sair das “quatro linhas” da Carta Magna.

    https://www.google.com/amp/s/noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-estado/2024/04/08/stf-decide-por-11-a-0-que-artigo-142-da-constituicao-nao-da-poder-moderador.amp.htm

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