Ministro da Defesa quer retomada de PEC que limita a atuação de militares da ativa na política e reforça necessidade de mudanças para as eleições de 2026
Cleber Lourenço
Durante a primeira reunião ministerial de 2025 ocorrida na segunda-feira (20), o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, destacou a necessidade de retomar a PEC dos militares, enfatizando que o texto deve prever que integrantes das Forças Armadas que disputarem cargos eletivos não retornem à caserna após as eleições. Segundo Múcio, o “vai e volta” de militares entre a política e os quartéis compromete o funcionamento interno das Forças Armadas. O ministro reforçou que muitos militares da ativa apoiam a proposta e que a medida deve ser implementada já nas eleições de 2026.
A proposta enviada pelo governo ao Senado, conhecida como PEC 42/2023, inclui a transferência obrigatória para a reserva de militares que optarem por disputar eleições, mas com alcance limitado.
Projetos na Câmara tratam sobre o mesmo assunto
O texto do governo deve enfrentar um longo debate na Câmara dos Deputados, onde há outros dois projetos mais abrangentes sobre o tema. Um deles é de autoria do deputado Carlos Zarattini (PT), em conjunto com o deputado Alencar Santana (PT), que propõe que militares que ocuparem cargos civis sejam obrigados a ir para a reserva. A proposta também busca reescrever o problemático artigo 142 da Constituição e acabar com as operações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO).
Outro texto em tramitação na Câmara, de autoria da ex-deputada Perpétua Almeida (PCdoB), foi apresentado em 2021 e proíbe que militares da ativa ocupem cargos de natureza civil na administração pública. Além disso, inclui policiais militares e bombeiros militares na regulamentação, algo que não está claramente contemplado no texto do governo.
Em conversa com a coluna, Zarattini afirmou que, caso a proposta do governo avance no Senado e chegue à Câmara, trabalhará para que seu projeto seja incorporado à PEC 42/2023. “Se o texto chegar à Câmara, meu objetivo será incluir as propostas já trabalhadas em meu texto para fortalecer as regras”, declarou o deputado petista.
Situação no Senado
O senador Rogério Carvalho (PT-SE), que assumirá a liderança da bancada petista no Senado em fevereiro, afirmou, por meio de sua assessoria, que ainda não foi procurado pelo ministro José Múcio para tratar do tema. Segundo o senador, as questões relacionadas à PEC devem começar a ser debatidas apenas a partir do dia 2 de fevereiro, com o retorno dos trabalhos legislativos.
A coluna também conversou com o senador Jorge Kajuru (PSB), relator do texto no Senado, que confirmou que o ministro não o procurou para discutir a PEC. O texto está parado no plenário do Senado desde agosto de 2023, aguardando votação.
Já o líder do governo no senado, o senador Jaques Wagner (PT), através de sua assessoria, confirmou que a PEC deve avançar. Segundo ele, foi um desejo expresso pelo ministro da Defesa, com apoio dos comandantes militares. Jaques também esteve presente na reunião ministerial.
Avanços e desafios
A PEC dos militares reflete um esforço do governo para limitar a politização das Forças Armadas e reforçar a separação entre as esferas militar e política. Contudo, as divergências entre o texto do governo e os projetos mais abrangentes de Zarattini e Alencar Santana destacam as dificuldades em alcançar um consenso que contemple diferentes interesses.
Essas diferenças refletem duas abordagens distintas: o texto do governo é mais sintético, evitando mudanças estruturais e chegando a ser apelidado de “PEC do faz-de-conta.” Por outro lado, os textos na Câmara buscam enfrentar o problema de maneira mais profunda e efetiva. Segundo parlamentares, tanto no senado quanto na Câmara, ouvidos pela coluna, a PEC do governo foi elaborada com o objetivo de esvaziar o debate sobre os textos mais rígidos.
Tanto Zarattini quanto Santana, ambos da base do governo e do partido do presidente, afirmaram, na ocasião, que ficaram sabendo do texto do governo apenas pela TV.
Com a retomada das atividades legislativas em fevereiro, as negociações entre Senado e Câmara serão cruciais para definir o alcance final da proposta. O prazo para implementar as mudanças até 2026 aumenta a pressão sobre os parlamentares e o governo para avançar rapidamente.
FÓRUM – Edição: Montedo.com
Respostas de 9
PQP o cara não fala de aumento de jeito nenhum. Mas culpa é dos tres patetas que não reclama.
Que venha logo o novo ministro, uma esperança de que seja alguém com senso de justiça, estamos mal representados faz tempo.
Os militares merecem por sua passividade e covardia, os descasos e revanchismo.
Representatividade zero.
Ninguem assume, ninguem cobra, ninguem reclama.
Vc ve que nem uma Postagem os inativos e pensionistas fazem.
Tem que se fuder mesmo.
Muita aceitacao, passividade e o FUMO com forca no rabo deles.
Infelizmente tenho que concordar com sua posição, pois a cúpula com 73 por cento, décimo terceiro bem gordo, mais diárias e outras benesses e os inativos e pensionistas na “M” e poucos se manifestam, presumo que estejam com um Ás na manga ou são covardes mesmo.
E eles vão reclamar para que? Para se indisporem com o PresidentO?
Só de diárias já estão com os bolsos cheios. Então que se dane a tropa.
Para a tropa vale a máxima: a carreira militar é um sacerdócio. Quem optou por ela sabia que não ficaria rico.
Simples assim.
E esse boneco de Olinda vai embora não.
Vai timbora carniça.
Esse é o Ministro Toquinho da maldade.
Ledo engano.
A verdadeira e nociva politização nas FA continuará leve, livre e solta.
Refiro-me às visitas de parlamentares em quarteis e eventos das FA. Esses encontros são usados por muitos comandantes para carimbar seu nome na agenda dos parlamentares e, assim, descolar uma carguinho de comissão quando na Reserva.
Vide diversos coroneis e oficiais generais titulares de secretarias de governos Estaduais ou municipais de prefeituras de capitais de Estados.
Essa é a verdadeira politização, pois se utiliza da estrutura das FA para fins pessoais de alguns estrelados.
Detalhe: oficialmente falam que essas visitas são para estreitar os laços entre as instituições.
Sei…
Estreitar laços, o contribuinte que paga as medalhas! A Marinha não conseguiu justificar porque concedeu para certos políticos.