A troca iminente no Ministério da Defesa levanta debates sobre soberania, democracia e o papel das Forças Armadas em um Brasil cada vez mais exposto às ambições geopolíticas e aos desafios institucionais.
Mara Luquet *
Se Donald Trump, em suas ambições geopolíticas, fosse além de suas ideias mirabolantes como comprar a Groenlândia, dominar o Canal do Panamá ou até mesmo anexar o Canadá, e decidisse incluir o Brasil em sua lista de desejos, o que seria de nós? Sob o olhar voraz de Trump, nossas riquezas naturais e estratégicas – da Amazônia ao agronegócio – poderiam ser vistas como peças valiosas em um grande tabuleiro global. Mas, além do saque às nossas riquezas, como ficariam nossa soberania e nossa democracia? Um Brasil hipoteticamente sob as ambições de Trump expõe não só a fragilidade de nossos recursos frente a interesses estrangeiros, mas também o quanto a nossa autonomia, na prática, pode ser vulnerável.
E aí surge a pergunta inevitável: quem, afinal, manda na defesa brasileira? Com Múcio já tendo pedido para sair, fica o questionamento sobre quem de fato está disposto – e preparado – para resguardar os interesses do Brasil. Na bolsa de apostas para suceder Mucio estão dois generais, Edson Pujol e Santos Cruz, ambos já serviram ao governo Bolsonaro e pediram para sair porque se recusaram a entrar no jogo político do ex-presidente com as Forças Armadas e ataques ao sistema democrático. Há também um brigadeiro, Francisco Joseli Camelo, hoje ministro do Supremo Tribunal Militar, e que já serviu como piloto da ex-presidente Dilma e do próprio presidente Lula. Muitos civis também são alvos de especulação para o cargo, inclusive o vice-presidente Alckmin. E dessas apostas pode sair tudo, inclusive nada, porque o presidente Lula gostaria muito que Mucio permanecesse.
A mudança no Ministério da Defesa traz uma reflexão importante e uma coisa é fundamental: que o novo ministro consiga restabelecer a ordem institucional e dê continuidade ao trabalho que vem sendo feito. A saída do atual ministro é mais resultado do fogo amigo do que de problemas em sua gestão. Mucio está cansado da artilharia petista e prefere desfrutar de sua aposentadoria em Recife. Não julgo. Entendo bem.
Fosse o escolhido um militar da reserva com perfil de bom entendimento político e liderança militar, seria uma marca fortíssima de valorização institucional, de reforço do profissionalismo, reforçaria a imagem da instituição militar internamente e também junto à sociedade, isolaria e desarmaria os radicais extremistas da direita e da esquerda. Acontece que o comportamento dos generais Braga Neto e Paulo Sérgio como ministros da Defesa foi muito politizado e “bolsonarizado”; isso queimou a chance de militares no Ministério da Defesa.
Por isso, há o sentimento de que o presidente tenha preferência por um civil. Tem gente muito bem preparada, mesmo que seja um nome do PT, dependendo do perfil, será aceito normalmente. O próprio Aldo Rebelo, que sempre foi comunista, foi um ministro da Defesa com ótima aceitação. Já o vice-presidente Geraldo Alckmin seria um sinal de prestígio para os militares.
O problema é que, como disse Ricardo Cappelli, ex-ministro interino do Gabinete de Segurança Institucional da presidência, tem setores da esquerda que acham que é possível ter um país livre, altivo e soberano sem as Forças Armadas. “Tem uma parte da esquerda financiada por ONGs bilionárias que querem atacar a soberania do nosso país. Eu defendo as Forças Armadas, defendo o Exército brasileiro, não há registro no mundo de país livre e soberano sem Forças Armadas fortes”, disse Cappelli recentemente no programa Segunda Chamada no canal MyNews. A íntegra está aqui. e o trecho você conferi aqui.
É bom ficar de olho no discurso de posse do novo ministro da Defesa. Seria interessante ele contemplar alguns pontos como:
- separação, perfeita distinção entre o direito civil da livre escolha política, eleitoral e as obrigações institucionais;
- conhecimento e compreensão das características dos sistemas de governos, regimes, correntes políticas e a importância da neutralidade, da não participação institucional na prática política;
- defender os princípios da democracia e o compromisso com os princípios e não com a prática política e o discurso político circunstanciais;
- mostrar os projetos que nasceram e/ou que são apoiados pelo governo – tem muitos projetos e aquisições excelentes de tecnologia moderna como drones, mísseis etc. Esse tipo de discurso e esses exemplos mostram consideração e valorização das Forças Armadas pelo governo;
- nomear um Ajudante de Ordens (a função está vaga), mostrando confiança e valorização institucional. É uma medida importante que mostra compreensão institucional recíproca.
O ex-presidente Bolsonaro explorou a imagem militar, o posto de capitão (da reserva) arrastou as Forças Armadas, principalmente o Exército, para o jogo político, de forma totalmente inconsequente. Ninguém fez tanto mal aos militares como Jair Messias Bolsonaro.
* Jornalista, fundadora e CEO do canal MyNews, considerado pelo Google referência mundial em jornalismo no YouTube. Foi colunista de finanças pessoais da TV Globo e CBN, editora do Valor Econômico e criadora do caderno Folhainvest, da Folha de S.Paulo.
myNews – Edição: Montedo.com
Respostas de 13
quem estudou obedece quem Manda e pode, não?
manda quem aprendeu mais…
No EB não é bem assim.
Lá, manda quem está acima na hierarquia, mesmo não tendo aprendido nada.
Quem manda? Depois do Lula, Celso Amorim é quem manda e desmanda, Mucio é fantoche os que vivem no mundo de bobi, ilha da fantasia, apenaz corroboram com os outros que verdadeiramente mandam e desmandam. esses, é só pelo carguinho, o status e principalmente o $$$$$$$.
Comentário tosco!
Na minha humilde, mas lúcida, opinião, quem manda é o Bira.
Eu acho que o Camppelli seria um bom nome. Tem uma coisa que agrada aos militares, tem bom vigor Físico, energia e autoridade. Seria mais novo que os generais e a sua idade e Próxima dos tenentes Coronéis e coronel do exercito. Iria se aproximar dos Militares, iria aprender bastante, e pavimentaria a sua Ambição e o seu futuro Político.
Entendo que o assunto Defesa nunca foi levado a sério no Brasil. A classe política simplesmente não quer saber. Eu preferiria um ministro que entenda do assunto, que não seja um mero porta-voz da caserna e sim um cara que tenha ideias, tenha estratégia para colocar a defesa em um novo patamar. É claro que também acho (e aí é outra discussão) que as forças precisam ser repensadas. Gostaria de ver forças enxutas, altamente profissionais e bem equipadas. Com o modelo atual, podemos esquecer.
Esse ministério sempre será tratado como algo “exótico” e desnecessário, tanto pela classe política como por toda a sociedade civil.
Há mais de quarenta anos, ainda criança nos bancos escolares do antigo ginário (hoje ensino fundamental II), ouvia o discurso ideológico do “para que investir em armas se não temos nem feijão no prato”, intensificado a partir de 1986.
Ora, num país onde muitos não enxergam a importância da manutenção de FA bem adestradas, equipadas e motivadas, como alguém vai “levar a sério” esse ministério?
Assim, não importa quem ocupe o cargo. Será sempre irrelevante e insignificante.
Apenas, os estrelados integrantes dos “estamentos superiores” se interessam por esse cargo, mas por outros motivos: lustrar currículos, servir de ponte para outros cargos políticos, aumentar o volume dos próprios bolsos, comprar aquela casa na praia, e sentir-se importantes.
Simples assim.
Sempre civil no MD, durante o período pós eleição tivemos prova de que milico no MD pode complicar as coisas.
Os comandantes que não são.
Imprensa esquerdosa já está alçando Donald Trump como algoz de todos males do Brasil, sem o cara nem ter assumido nada…Entendam uma coisa: Se o cara botar quente contra, só aceitem a chibata! Não tem muito o que fazer, principalmente pra essa turma que gosta de passar férias na Disney. Tudo indica que não vai ficar barato.
quem manda nas forças armadas é o:
Seus
Trouxas
Frouxos
só quem tem um QI alto entenderá!