Diretor do HMAB manda internar militares que apresentarem atestado médico no final de ano; após denúncias, anuncia “reanálise”.

HMAB

A manchete da postagem é minha. Leia a matéria da FSP; comento ao final

Comando Militar do Planalto diz que houve ‘reanálise’ e que medida não será mais adotada

Ranier Bragon, Renato Machado

O general de brigada médico Rodrigo Brum de Toledo é o atual diretor do HMAB – Imagem: EB

Brasília – A direção do Hospital Militar de Área de Brasília, do Exército Brasileiro, determinou nesta sexta-feira (20) que integrantes da sua equipe que apresentarem atestados médicos para se ausentar do trabalho, durante o período de festas, deverão ser internados compulsoriamente naquela unidade, independentemente da gravidade do caso.

No entanto, após questionamentos da Folha, o Comando Militar do Planalto, responsável pela unidade, afirmou que houve uma “reanálise” e que a medida não seria mais adotada.

A determinação havia provocado reclamações nos bastidores de servidores militares, que falavam em tentativa de coação e até supressão de direitos fundamentais.

A determinação inicial havia sido publicada na sexta-feira (20) no Boletim Informativo. O hospital é dirigido pelo general Rodrigo Brum Toledo.

A medida previa que todos os militares que apresentassem atestados médicos durante o período em que se adota escala de trabalho para as festas de fim de ano deveriam ser encaminhados para o setor de internação. Esse procedimento deveria ser adotado independentemente da gravidade, mesmo em casos em que a recuperação poderia ser feita em seus domicílios.

Íntegra da nota em Boletim Interno

  • Fica determinado que durante o período de dispensas de fim de ano, de 21 a 26 de DEZ 24 e 27 DEZ 24 a 02 JAN 25, os militares que apresentarem atestado médico para justificar a sua ausência deverão se apresentar ao Oficial de Dia que irá encaminhar o mesmo para o setor de internação, a fim de permanecer em convalescença nesta OMS [Organização Militar de Saúde], durante os dias de afastamento”, afirma a norma publicada, obtida pela reportagem.
  • Em consequência o Supervisor de Dia, o Oficial de Dia e o Enfermeiro supervisor da internação e os demais militares tomem conhecimento e providências. completa o texto.

A medida foi vista por militares da unidade como uma forma de coação, uma vez que determinava a internação compulsória mesmo para os casos sem a necessidade dessa ação.

A Folha contatou neste sábado (21) o Centro de Comunicação Social do Exército para questionar por que a medida havia sido tomada, se era para coibir a apresentação de atestados médicos indevidos e se a Força não considerava que ela infringiria direitos.

Em resposta, o Comando Militar do Planalto, responsável pela unidade, informou que a medida não seria mais adotada e que os casos seriam tratados de “maneira personalizada” e cumprindo as normas.

Nota do CMP

O Comando Militar do Planalto informa que após uma reanálise por parte da Direção do Hospital Militar de Área de Brasília (HMAB), tal medida não será mais adotada. Os casos serão tratados de maneira personalizada, cumprindo os regulamentos e normas vigentes.

FOLHA – Edição: Montedo.com

Comento

Boçalidade onipotente
Infelizmente, absurdos como esse ainda ocorrem em diversas unidades espalhadas pelo Brasil, e não apenas na questão de internação hospitalar. Enquanto prevalecer a mentalidade boçal que equipara à onipotência o “poder discricionário do comandante”, fatos assim continuarão acontecendo.

Nosso?
 O lema do HMAB é “O NOSSO HOSPITAL”. Nosso de quem cara-pálida?

 

24 respostas

  1. Tal fato não acontece somente no EB, na MB também é fato corriqueiro. Médicos não especialistas/oficiais superiores – que não mais exercem a medicina na Força – se arvoram no direito de questionar atestados emitidos de seus companheiros de profissão especialistas em suas áreas, indo Inclusive de encontro ao que preceitua as normas do CFM. Existem outros meios para se comprovar se um atestado falso, instale uma sindicância se a falsidade é de difícil constatação e IPM caso não seja idôneo a enganar. A internação compulsória como meio de prisão não existe. A medicina hoje só mantém internado em última opção – infecção hospitalar, falta de vagas, convivência familiar, dentre outras medidas que ajudam no restabelecimento -. Infelizmente, quando o médico atinge determinado posto se esquecem de seu juramento (Hipócrates) objetivando seus cargos e aquele “mais modernos” acabam se sujeitando a medidas grotescas por conta de avaliações, promoções e cursos e agora a tal meritocracia. Já atuei por diversas vezes em assuntos correlatos a esses e em todos me posicionei contrariamente, infelizmente o medo e o receio deixam tal condutas presas aos hospitais e unidades de saúde militares. Quem aqui quando estava na escola militar de suas força como aluno, mesmo tendo indicação de repouso domiciliar, não recebeu a notícia que: “olha melhor se internar na saúde, se não vai ser jubilado.” Resumindo: uma vergonha isso!.

    1. Dura Lex, realmente não sei em que marinha você viveu. Observo seus comentários, e eles são sempre negativos e pejorativos em relação à força. Sei que nunca foi um mar de rosas, mas o seu desgosto chega a ser constrangedor. E olhe que eu pertenço ao CFN, e mesmo com todos os empecilhos da carreira, não me sinto da mesma forma que você. Lógico que sempre tem algum comandante fora da curva que quer fazer as coisas à própria maneira, e já tive conhecimento de algumas ordens parecidas. Mas, como regra, nem todo militar é chucro; ele tem o mínimo de conhecimento que, em caso de uma ordem absurda deste tipo, basta pedir a ordem por escrito e requisitar a alta a revelia. Depois, é só recorrer aos meios legais.

      1. Primeiro, estou constatando um fato verídico. CFN é uma Marinha dentro da Marinha, tem um CPESFN, tem um almirante de Esq. O único. Enquanto que a armada tem outra, são carreiras diferentes e você sabe disso. Você não vê isso, pois os hospitais e ambulatório ficam a cargo das Praças do CAP, naval EF só vai em operações ou quando está no habilitação ou CFC. Portanto, Desculpe, mas eu por conhecer tenho respaldo no que falo. Lembro dos EF que fizeram curso comigo, ainda bem que só fazem manobras.

        1. Concordo com você quando diz que o CFN é uma marinha dentro da Marinha, só que pior, tanto nas promoções quanto nas avaliações. Eu realmente queria entender quem pensou a estrutura do CFN dessa forma, mas, infelizmente, demorei 28 anos para perceber e agora é tarde. Mas, ainda assim, minha relação de amor e ódio com o CFN é algo a que me acostumei, e querendo ou não, foi no CFN que encontrei tudo o que sou hoje. Não acredito que você, em toda a sua carreira, só teve dessabores.

  2. Ainda tem gente que defende o pessoal do velho golpe do atestado em véspera de feriado e finais de ano. O trouxa entra com atestado, fica fora do expediente e escala e o esperto fica trabalhando tirando serviço e com o peso da responsabilidade nas costas.

  3. Pegam atestado ( não são todos) para cobrirem plantões em hospitais particulares cujos médicos de plantão pagam verdadeiras fortunas para ” trocar” o plantão.
    Manda s2 fazer uma varredura e vai pegar vários assim.

  4. É óbvio que a decisão de comando está errada, mas Existem sim os golpistas, lembro de algumas vezes em que fui escalado de serviço na última hora, muitas vezes em véspera de feriados importantes e até mesmo em finais de semana quanto a pescaria já estava combinada e fui obrigado a cancelar porque não tinha mais tempo hábil de tentar trocar de serviço.
    Eram sempre os mesmos que “saltavam” da escala, e os médicos já sabiam disso, porisso minha indignação.

  5. Impressionante é ver aqui muitos defendendo a “Prisão”, travestida de internação. Pensam que estão em 64?
    Quando for apagar o comentário que não lhe agrada, me avise Montedo.

  6. Destaco partes do texto de Mário Frias , no Instagram: “…Oficiais das mais altas patentes das FA, são, com raras exceções, bochinhos de estimação da elite Plutocrata…”, “…a mística de combatentes destemidos é uma farsa…”, “…vivem no próprio conto de fadas…”, “…são muito valentes com subordinados, que não possuem meios de defesa, mas servis aos que estão acima deles…”. Enfim, ainda temos alguns que pensam que são Deuses e alguns que tem certeza que são.

  7. ainda bem que existem redes sociais.. a Profissão ja esta indo cada vez pior.. e sempre tem algum BR para piorar.
    Escalas de serviÇo desnecessarias.
    atrasos no toque por caprichos do cmt.
    formaturas e mais formaturas.
    Existem muitas coisas simples que poderiam facilitar a vida dos militares (não somente salários).

    1. Escalas de serviço desnecessárias, senhor conhece todas as unidades do país, formaturas?? É militar tem que seguir o rito das atividades, da hierarquia e disciplina, caso contrário vire PM, onde a necessidade de atuação supera a necessidade de formaturas.visto que criminosos não aguardam, e os cidadão não se sentiram seguros caso não tivesse milhares de militares nas ruas diariamente arriscando a vida, numa situação dessas, a formatura ficará para um segundo plano.

  8. Medida errada.

    No entanto, o motivo dessas medidas é tentar inibir os “golpes” dos “atestados médicos” nessa época do ano.

    Quem é militar sabe que essa prática de simular doença é antiga e visa se livrar das escalas de serviço, realização de TAF, entrar em forma numa formatura, participar de marcha ou acampamento, etc, etc.

    Ordenar que o “baixado” fique convalescendo na enfermaria é medida até ilegal. Por outro lado não se pode aceitar os “golpes” e “golpistas”.

    A Administração deve buscar um meio legal para coibir esse desvio de conduta daqueles que fazem de tudo para “se dar bem”.

  9. Este tipo de notícia me envergonha, me envergonha por ver tantos incompetentes e irresponsáveis terem alcançado o oficialato e eu ser praça.
    É impressionante o nível de desconhecimento da constituição, dos direitos fundamentais, das regras da sociedade, etc, etc…
    Sempre falo, não aprenderam nada e não aprenderão tão cedo com tudo o que está acontecendo, com generais sendo presos porque achavam que poderiam fazer o que bem quisessem, sem que houvessem consequências.
    A Ditadura acabou há muito tempo, acordem e voltem para a realidade além dos muros dos quartéis. Não se toleram mais arbitrariedades e abusos de autoridade.

  10. Montedo, o senhor q e antigão fala aí então o q o cmdt, Cmdt’s, devem fazer com os malandros q querem dar o golpe na escala e o cara q anda certo se lasca por causa dos malandros. Não precisa publicara meu comentário não, só dá uma direção aí. Colocar a experiência de caserna em prática.

  11. Acho estranho militar apresentar atestado médico, no meu tempo de caserna o militar consultava com o médico da OM que exarava o parecer médico ou , dependendo do caso, emitia um parecer da conveniência do militar consultar com especialista de Policlínica militar ou Hospital militar. O parecer médico era publicado em Boletim Interno para cumprimento, Nunca presenciei um comandante discordar de um parecer de médico militar.

    1. Pode até estar melhorando, mas em 1988 um Cap Med de carreira, pois naquela época R2 podia chegar a Cap, pediu demissão. Motivo: o Cmt do 2 de Ouro, Avaí, não aceitava o parecer médico. Pra finalizar, esse Cmt chegou a Gen 4 estrelas.

  12. Não acredito que numa instituição de maior credibilidade do país, tenha quem coloque atestado de em necessidade??? Essa reportagem e a decisão do alto comando deve ser uma piada de final de ano …😏🫡👊

  13. Escalas de serviço desnecessárias, senhor conhece todas as unidades do país, formaturas?? É militar tem que seguir o rito das atividades, da hierarquia e disciplina, caso contrário vire PM, onde a necessidade de atuação supera a necessidade de formaturas.visto que criminosos não aguardam, e os cidadão não se sentiram seguros caso não tivesse milhares de militares nas ruas diariamente arriscando a vida, numa situação dessas, a formatura ficará para um segundo plano.

  14. A boa e velha solução para todos os problemas militares: se está com dor de cabeça, decepe a cabeça.
    O mais interessante é que, para justificar o injustificável, eles lançam uma nota dizendo que “[…] a medida não seria mais adotada e que os casos seriam tratados de maneira personalizada e cumprindo as normas.”, então podemos inferir que, com a ordem anterior, os casos seriam tratados de maneira “não-personalizada” e sem cumprir as normas?
    Como mitigar o problema crônico do “escamão-patriota de plantão” ?
    Se for militar temporário, lembrar dele “com carinho” no próximo requerimento de reengajemanto, afinal, é um ato discricionário da administração, conceder ou não o pleito.
    O problema é que isso dá muito trabalho!
    A solução tomada foi a mais “fácil”: emite-se uma ordem ilegal, se tiver repercussão negativa, dou “última forma”.

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