Exército vai inaugurar companhia anticarro com dotação de novos mísseis

Nova unidade abrigará os mísseis Spike LR2 e os Max 1.2 AC (IImagens: EB)

 

Nova companhia no Comando Militar do Sudeste abrigará os mísseis Spike LR2 e os Max 1.2 AC; unidade pode ser deslocada de avião para qualquer parte do País
Marcelo Godoy e Fausto Macedo
O treinamento com os novos mísseis israelenses Spike LR2 foi concluído. E as instalações da mais nova unidade do Exército Brasileiro estão prontas. No próximo dia 16, o Comando Militar do Sudeste (CMSE) agregará às suas organizações de combate a primeira companhia contra blindados e tanques da Força Terrestre, a 1.ª Companhia Anticarro Mecanizada (1.ª CIA AC MEC).

No começo, ela contará com dois pelotões com o novo equipamento, segundo o comandante da 11ª Brigada de Infantaria Mecanizada, o general Santiago César França Budó. A unidade, quando estiver com seu efetivo completo, terá um contingente de cerca de 150 homens, todos militares profissionais – não haverá conscritos na companhia.

“O Exército já tinha a doutrina com a previsão de companhias anticarro. Esta será a primeira unidade com essa capacidade de dissuasão”, afirmou o general. O Spike LR 2 é um míssil que usa o chamado sistema fire, observe and update (disparar, observar e atualizar) com auxílio de Inteligência Artificial. Por meio dele, seu operador pode optar pelo controle manual do início ao fim do voo ou travar o alvo por meio da IA. Neste caso, ainda é possível fazer ajustes no voo até o impacto.

O deslocamento de uma seção de um dos pelotões da nova companhia anticarro do Exército que vai usar os mísseis israelenses Spike LR2 O deslocamento de uma seção de um dos pelotões da nova companhia anticarro do Exército que vai usar os mísseis israelenses Spike LR2 Foto: Crédito: Exército Brasileiro

Por último, o operador pode usar o modo AUTO, o que possibilita a inserção de uma coordenada de alvo – e o míssil segue até ele –, mas deixa o operador trocar de objetivos ou fazer pequenos ajustes durante o voo para melhorar a precisão. De acordo com o Exército, este modo de tiro permite o engajamento de alvos sem linha de visada.

O peso de cada míssil é 13 quilos e ele pode ser disparado do solo pela equipe de soldados ou a partir de viaturas blindadas multitarefas leves sobre rodas Guaicurus, fabricadas pela Iveco Defense Vehicles (IDV). Seu alcance é de 5,5 mil metros. Ainda segundo o Exército, tanto o lançador quanto o míssil possuem câmera diurna e termal, o que consente o uso do equipamento sob quaisquer condições de visibilidade.

O teste do míssil Spike LR2 no Campo de Instrução Barão de São Borja (Saicã), no Rio Grande do Sul Foto: Reprodução / Exército Brasileiro

Além dos mísseis Spike LR2, que equipará dois pelotões operacionais de mísseis, cada um com duas seções a duas peças cada, totalizando oito peças, ele deverá contar no próximo ano com o novo míssil anticarro brasileiro, o Max MSS 1.2 AC, fabricado pela Siatt no Vale do Paraíba, que deverá equipar outros dois pelotões operacionais. Até lá, de acordo com o general Budó, a unidade ficará ligada ao 4.º Batalhão de Infantaria Mecanizado (4.º BI Mec), passando então a ser subordinada ao comando da 11ª Brigada.

Imagem: Capitão Edvaldo (EB)

A decisão do Comando do Exército de agregar a 1ª CIA AC Mec à 11ª Brigada se deve ao fato de que ela está em processo de se tornar até 2027 uma das Forças de Emprego Estratégico do Exército (FORPRON), o que lhe confere prioridade no recebimento dos veículos blindados Guaranis. Atualmente, ela é uma força de emprego geral.

Além da nova companhia, a brigada conta com três batalhões de infantaria – o 4.º BI Mec, em Osasco, o 28.º BI Mec, em Campinas, e o 37.º BI Mec, em Lins – com o 13.º Regimento de Cavalaria Mecanizado, em Pirassununga, o 2.º Grupo de Artilharia de Campanha, em Itu, o 2º Batalhão Logístico, em Campinas, e outras três companhias, em Pindamonhangaba e em Campinas.

A localização da brigada, cuja sede também fica em Campinas, no interior paulista, e da nova companhia, em Barueri, na Grande São Paulo, permite vantagens logísticas para a nova unidade, que pode ser transportada a partir de várias bases aéreas e aeroportos do Estado para qualquer canto do País nos aviões KC-390, da Força Aérea.

Hoje, de acordo com o que o comandante do Exército, general Tomás Miguel Ribeiro de Paiva, disse à coluna a maior preocupação em termos geopolíticos da Força Terrestre está na fronteira de Roraima com a Venezuela em razão da escalada do regime de Nicolás Maduro em razão da disputa pelo território de Essequibo, pertencente à Guiana. “Embora não tenhamos detectado nenhuma ameaça ao Brasil, o Exército ampliou sua capacidade dissuasória na região.”

Tomás se refere ao envio de cerca de uma centena de Max MSS 1.2 AC, que estão equipando o 18.º Regimento de Cavalaria Mecanizado, em Boa Vista, unidade criada para reforçar a 1.ª Brigada de Infantaria de Selva a fim de enfrentar a ameaça de uma invasão venezuelana. Leia mais.

ESTADÃO  – Edição: Montedo.com

3 respostas

  1. Presumo que algumas Cia de Drones de Combate estejam sendo implementadas. Como diz o ditado “boi lerdo toma água suja”, não dá pra ficar marcando passo.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Pular para o conteúdo