Israel ataca Irã: Entenda as capacidades militares de ambos os lados em caso de uma guerra

Mapa mostra alvos de ataque israelense no Irã e na Síria relatados até o momento — Foto: Arte O GLOBO

Exército persa é quatro vezes maior que o judeu e também possui artilharia numericamente superior, mas muitos equipamentos estão defasados, segundo especialistas

Por O Globo com agências internacionais

Os eventos são mais um capítulo da recente escalada de tensão no Oriente Médio, com Israel lançando uma série de ataques contra redutos do grupo xiita libanês Hezbollah e um novo cerco ao norte de Gaza.

Em uma guerra hipotética entre essas duas potências militares do Oriente Médio, quem levaria a melhor?

Capacidades militares de Israel e Irã — Foto: Editoria de Arte
Capacidades militares de Israel e Irã — Foto: Editoria de Arte

Programa de mísseis

De acordo com o Global Firepower, um ranking especializado em potências militares que analisa o arsenal de 145 países, Israel tem 169,5 mil militares ativos nas Forças Armadas, além de 35 mil paramilitares e 465 mil reservistas. O Irã, por sua vez, tem 610 mil militares ativos, 220 mil paramilitares e 350 mil reservistas, ou seja, um contingente ativo quatro vezes maior. Apesar disso, Israel tem uma das Forças Armadas mais poderosas do Oriente Médio, com sistemas de monitoramento, defesa e ataque extremamente avançados.

Estimativas de fontes de inteligência dos Estados Unidos indicam que o regime dos aiatolás conta com mais de 3 mil mísseis balísticos, de tipos e com alcances variados, incluindo alguns capazes de alcançar Israel. Uma dessas armas é o míssil Kheibar Shekan, com autonomia para atingir alvos a 1.450 km, distância similar à do país islâmico até Tel Aviv. A preocupação com esse míssil aumentou em janeiro, quando a Guarda Revolucionária o utilizou para atingir alvos inimigos na Síria.

As Forças Armadas do Irã possuem ainda mísseis como o Sejjil, comprovadamente operacional, com capacidade de atingir um alvo a 2.000 km, de acordo com o Missile Defense Project, do Centro para Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS, na sigla em inglês), com base em Washington. A distância é suficiente para ameaçar Israel, Arábia Saudita e mesmo o sul da Europa. Há ainda o Soumar, míssil de cruzeiro com capacidade nuclear, desenvolvido a partir de um míssil russo, que está “presumivelmente” operacional e pode alcançar até 3.000 km, segundo o Missile Defense Project.

Superioridade defasada

O desenvolvimento de um arsenal de mísseis modernos se tornou uma prioridade para o Irã, como forma de projetar poder para além de suas fronteiras. De acordo com o Centro de Políticas dos Emirados Árabes Unidos, Teerã reservou 41% de seu orçamento militar do ano passado para o programa de mísseis. No entanto, enquanto projéteis cada vez mais tecnológicos, precisos e aerodinâmicos são desenvolvidos no Irã, organizações como o Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS, na sigla em inglês), de Londres, avaliam que equipamentos das Forças Armadas, como tanques e aeronaves de combate, estão defasados.

O sistema de detecção e destruição de mísseis do Irã também é inferior ao de Israel. As Forças Armadas israelenses contam com uma variedade de sistemas para bloquear ataques aéreos, entre eles o famoso Domo de Ferro, dedicado a foguetes de curto alcance (até 70 km de distância), e o Arrow, capaz de interceptar mísseis até 2.400 km de distância. Já os sistemas iranianos alcançam uma distância máxima de 320 km com o Bavar-373, lançado em 2019.

Armamento nuclear

Por outro lado, há a questão dos armamentos nucleares. Ao contrário de Israel, oficialmente, o Irã não possui armas desse tipo. No entanto, uma fonte de inteligência israelense ouvida em anonimato pelo GLOBO afirmou que o país já tem a plataforma para lançamento de bombas nucleares (mísseis) e que a quantidade de urânio enriquecido necessária para fabricar armas está perto de ser alcançada. Israel trabalha com uma estimativa de que a arma possa ser alcançada em dois anos.

Em um relatório confidencial recente, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) revelou ter “preocupações” com o programa iraniano. Os dados do documento mostraram que Teerã aumentou a quantidade de urânio enriquecido nos últimos meses, superando os limites impostos pelo Plano de Ação Conjunta Global (JCPOA, em inglês), um acordo firmado em 2015 — um texto considerado quase morto desde que foi abandonado pelos EUA, durante a administração Trump, e para o qual os americanos nunca retornaram. (Colaboraram Thayz Guimarães e Renato Vasconcelos).

O GLOBO – Edição: Montedo.com

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