Em editorial, Folha de São Paulo vê necessidade de “inibir o fenômeno” da eleição de militares e policiais

Patentes nas urnas aumentaram em 2022 - Gui Prímola/Arte Metrópoles

 

É preciso conter a partidarização das forças de segurança
Alta no número de agentes do setor nas eleições é perigosa; Congresso precisa instituir quarentena para candidatura

EDITORIAL
No pleito municipal deste 2024, verificou-se aumento no número absoluto de agentes de segurança eleitos, com 856 candidatos que declararam ocupação como policial e membro das Forças Armadas, militar reformado ou que se identificaram na urna com termos como “soldado” ou “delegado”. Em 2020, foram 786.

Os dados levantados pelo Instituto Sou da Paz foram publicados pelo jornal O Globo. Já o número relativo de candidatos ligados a forças de segurança manteve-se o mesmo desde 2020, com taxa de 1,5% em relação ao total. O estado do Rio de Janeiro lidera as estatísticas, com mais do que o dobro da média nacional (3,48%).

Entre prefeitos eleitos no país, 52 tinham ligação com as forças de segurança, ante 45 em 2020.
Trata-se de partidarização preocupante dessas forças, que deveriam servir à população, não a interesses políticos.

Faltam regras que inibam o fenômeno, como a exigência de um período de quarentena para que agentes possam se candidatar após deixarem os cargos.

Em agosto deste ano, a Folha destacou o alto número (6.600) de candidatos nesse estrato —cifra provavelmente subestimada, já que alguns policiais indicam a profissão como servidor público.

Um em cada seis deles era do PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, que, ao lado de outras siglas à direita, advoga uma política linha dura para o setor. A agremiação também lidera entre os eleitos, 168 neste ano.

Como mostram pesquisas, a segurança é uma das maiores preocupações dos eleitores brasileiros, mas a partidarização das forças pode gerar abusos de poder e corroer os princípios da neutralidade e da universalidade que pautam o serviço público.

Ademais, a abertura para que agentes façam uso de sua associação com as corporações para ganho de capital político presta um desserviço à construção de políticas eficazes para combater a criminalidade, na medida em que há risco de que apelos populistas se sobreponham a evidências e à gestão técnica.

O Congresso deveria instituir uma regulação objetiva para separar o poder de polícia da política, como a imposição de quinquênio de afastamento do cargo para participar dos pleitos —que também deveria ser exigido a candidatos oriundos do sistema de Justiça, como magistrados e membros do Ministério Público.

Um projeto de lei complementar nesse sentido está em tramitação no Senado desde 2021. Que os parlamentares agilizem o processo, dado o aumento preocupante de fardas nas urnas.
FOLHAEdição: Montedo.com

7 respostas

  1. Esse editorial da folha de SP odeia militares. Todo dia fazem alguma matéria tendenciosa atacando a caserna. Nem perco mais meu tempo lendo

  2. Se a quarentena valer para todos esta ótimo
    Professores, padres, enfermeiros, médicos, os próprios políticos. Isso mesmo. É vereador e quer ser deputado estadual?? Quarentena nele. Senador quer ser presidente quarentena também

  3. Desculpa minha ignorância mais professores de universidade colégios também seriam um perigo para democracia pois podem propagar ideologia kkkkk tem gente com medo até da sombra 😁

  4. O movimento de engajamento de militares (PM) iniciou no final dos anos 90, momento crítico para as forças de segurança, que até em tão vinham sendo Massacrados pelos Governadores e seus coronéis tudo em nome da velha DISCIPLINA E HIERARQUIA!!!

    Os policiais engajaram-se nesse luta e hoje tem voz no parlamento e passaram a ser Valorizados social e financeiramente!!

    As FFAA devem ter representantes Também, pois a omissão do governo federal e de nossos comandantes estão jogando, principalmente, as praças na total miséria!!! O índice de reposição anunciado é o grande exemplo do escarro na cara que a tropa vem sofrendo capitaneada por Lula, Haddad, Tebet e seus Generais!!

    Devemos nos engajar cada vez mais e eleger representantes militares nas esferas federais e estaduais!!!

    Militar é gente….militar é povo!!!!

    1. O Desgoverno apoiado pela velha mídia e parte da sociedade nos querem como cidadãos de segunda categoria!

      Querem Nos ter Miseráveis e submissos ao tal “poder civil”!!

      Que poder civil é esse??? O mesmo que fechava os olhos quando Marinheiros eram chicoteados em navios de guerra no início do século passado???
      Têm representantes de todos os seguimentos da sociedade e sem restrição alguma, professores universitários, por exemplo, tem o poder de influência infinitamente superior a qualquer militar desempenhando função legislativa!!

      Chega de “Açoites” aos militares!!!!

  5. Então vai ter que empidir religiosos em vez de orar que ser político, proibir familiares de políticos também é muito perigoso, e as outras profissões? Porque só militares? Ganham essa miséria e quer fidelidade?

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