Auditoria do TCU aponta economia em contratação da Starlink pelo Exército

 

Tribunal analisou explicações do Exército sobre edital com suspeita de favorecimento

 

Mateus Coutinho
Do UOL, em Brasília
Auditoria do TCU (Tribunal de Contas da União) descartou irregularidades na contratação de satélites da Starlink para uso do Comando Militar da Amazônia e apontou que a medida vai gerar uma economia de R$ 3 milhões para o Exército.

O que aconteceu
A área técnica do tribunal analisou explicações do Exército sobre edital com suspeita de favorecimento à Starlink. Auditores do TCU avaliaram que a contratação no valor de R$ 5,1 milhões, fechada em julho, foi válida, pois o serviço atual, fornecido pela Telebrás, é mais antigo, mais caro e vem apresentando falhas no atendimento às unidades militares da região.

Empresa vencedora do pregão tem preço mensal R$ 2.527,60 mais barato. O Comando Militar da Amazônia paga hoje R$ 3.897,60 mensais à Telebrás. Já a proposta vencedora do pregão saiu a R$ 1.370 mensais para fornecer uma internet mais rápida e estável. Como o contrato tem duração de 12 meses, prorrogável por até dez anos, técnicos do TCU estimaram uma economia total de mais de R$ 3 milhões, em comparação ao contrato com a Telebrás, que vence em novembro.

Fiscalização feita após reportagem questionar favorecimento. Como mostrou o UOL, tribunal abriu uma apuração e encaminhou questionamentos ao Exército após uma reportagem da Folha apontar suspeita de favorecimento da Starlink, do empresário Elon Musk, o mesmo do X. Técnicos da Corte de Contas, então, avaliaram todas as explicações, a contratação feita e o cenário do fornecimento de internet via satélite no país. A análise foi concluída em setembro.

De consulta médica a licitações
Contratação tem o objetivo de atender as necessidades das forças militares na região amazônica. O Exército quer o serviço de internet para teleconsultas médicas, videoconferência, gestão de pagamento, processos licitatórios, além de usá-lo no ensino a distância do Sistema Colégio Militar do Brasil. O contrato foi assinado em julho, mesmo mês em que ocorreu o pregão.

Força é atendida pela Telebrás na região. Contrato está em vigor e vence em 1º de novembro. Como não havia a possibilidade de prorrogação, o Exército realizou um novo pregão. Auditores constataram que ao menos três empresas de satélites, sendo uma delas a Starlink, tinham a tecnologia necessária para atender aos critérios do pregão.

Além disso, as contratações são feitas via representantes comerciais. Quem participou do pregão foram empresas distribuidoras, que oferecem serviço de internet utilizando as redes de satélites disponíveis.

Ao todo, 13 empresas do tipo participaram, o que, para os técnicos do TCU, derruba a tese de direcionamento. Auditores viram competitividade no pregão e também destacaram que as distribuidoras muitas vezes fornecem o serviço de internet utilizando mais de uma rede de satélite. Atualmente, existem oito empresas autorizadas pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) a operar satélites que fornecem internet no país, sendo a Starlink uma delas.

Filial que venceu pregão recebeu R$ 103,2 mil do governo. A empresa Pulsar Brasil Telecomunicações, filial brasileira de uma multinacional do setor, recebeu o valor entre agosto e 4 de setembro deste ano, segundo o Portal da Transparência. Os pagamentos foram todos referentes à aquisição de kits para acessar a internet da rede Starlink para o Exército nos estados de Amazonas, Roraima e Pará.

Tecnologia diferente e mais eficaz
Rede da Telebrás usa satélite de defesa. Tecnologia atual fornecida ao Comando Militar da Amazônia se chama Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas, uma tecnologia diferente da utilizada pela Starlink e outras operadoras de satélites que oferecem internet de alta velocidade.

A tecnologia da Telebrás consiste em satélites que ficam a cerca de 36 mil km da Terra. Já a tecnologia da Starlink, chamada de satélites de baixa órbita, usa equipamentos que ficam muito mais próximos da Terra, entre 500 km e 2.000 km de distância, e que são distribuídos aos milhares para garantir uma conexão mais rápida, estável e que permita a realização de videochamadas e procedimentos médicos à distância praticamente em tempo real, já que a distância que o sinal percorre é bem menor.

TCU pediu arquivamento da investigação. Também considerou essa tecnologia mais eficaz. O Exército foi procurado pela reportagem, mas ainda não comentou.

Como mostrou o UOL, o bloqueio de contas da Starlink não afetou as Forças Armadas. Em meio ao descumprimento de ordens judiciais do X, que encerrou seu escritório no Brasil em agosto, o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), determinou o bloqueio de contas da empresa de satélite para garantir o pagamento da multa. Em paralelo ao bloqueio, ele também cobrou explicações do governo federal sobre todos os contratos com as empresas de Elon Musk. Como o contrato do Exército não é diretamente com a Starlink, a Força informou que não possui nenhum contrato ou fez nenhum repasse à empresa.

Após o bloqueio, Moraes determinou que empresas pagassem multa de R$ 18,3 milhões imposta ao X. O pagamento foi feito após o bloqueio encontrar mais de R$ 40 milhões nas contas da Starlink, que arcou com parte da multa, enquanto as contas do X/Twitter no Brasil foram usadas para pagar outra parte. Após o pagamento, a empresa de satélites teve suas contas desbloqueadas.

BOL – Edição: Montedo.com

3 respostas

  1. “Milagres” existem!

    Olha aí.

    O advogado da empresa que é filho do dirigente da organização contratante mantém o emprego e papai mantém o cargo.

    Viva a competência profissional na iniciativa privada!

    Viva a abnegação e desprendjmwnto no ssrviço público brasileiro!

    O Brasil está no caminho “certo”.

    1. Fica tranquilo, todo mundo entendeu.
      Criticar você pode, tanto é que você publicou, o que não pode é mexer nos seus interesses. Sejam eles financeiros ou de ideologicos.

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