Funcionária do local, que tentava impedir que republicano tirasse fotos em local restrito, foi ‘empurrada e agredida verbalmente’
Washington – Três dias depois de uma confusão envolvendo a campanha do ex-presidente Donald Trump e o Cemitério Nacional de Arlington (CNA), na Virgínia, o Exército dos EUA, que administra o local criticou duramente a equipe do republicano, sugerindo que houve um desrespeito ao local onde estão enterrados alguns dos milhares de militares americanos mortos em guerras.
“Os participantes da cerimônia de 26 de agosto e da visita subsequente da Seção 60 foram informados sobre as leis federais, regulamentos do Exército e políticas do Departamento de Defesa, que proíbem claramente atividades políticas em cemitérios”, afirma a nota, emitida nesta quinta-feira.
Citada no texto, a Seção 60 do Cemitério de Arlington é reservada aos mortos nas guerras do Iraque (2003-2011) e do Afeganistão (2001-2021) — na segunda-feira, Trump foi ao local para uma cerimônia em homenagem aos 13 militares dos EUA que morreram em um atentado do Estado Islâmico em Cabul, no dia 26 de agosto 2021, durante a retirada americana do país.
O local é restrito, e as regras federais proíbem qualquer ato político — ao perceber que o candidato à Presidência queria levar seus fotógrafos para a cerimônia, possivelmente para garantir imagens para suas redes sociais, uma funcionária do cemitério os impediu, e foi “empurrada e agredida verbalmente” pelos assessores, como alega o Exército dos EUA. Normalmente, militares americanos evitam qualquer declaração ou ato político, e a nota foi uma demonstração da gravidade do ocorrido.
“Este incidente foi lamentável, e também é lamentável que a funcionária do CNA e seu profissionalismo tenham sido injustamente atacados. O CNA é um santuário nacional para os mortos honrados das Forças Armadas”, afirma a nota. “Sua equipe dedicada continuará a garantir que as cerimônias públicas sejam conduzidas com a dignidade e o respeito que os caídos da nação merecem.”
A equipe republicano diz que seus funcionários são as vítimas, chamando de “desgraça”, nas palavras do coordenador da campanha, Chris LaCivita, o fato dos fotógrafos terem sido impedidos de acompanhar o ex-presidente. Trump garante ter recebido autorização das famílias dos militares mortos para filmar e fotografar no local, mas as imagens também mostram túmulos de outras pessoas não envolvidas no atentado.
— Qualquer aspirante a oficial eleito, especialmente aquele que espera ser Comandante em Chef, não deve ficar confuso sobre esse fato — afirmou à CNN Allison Jaslow, presidente da Associação de Veteranos do Iraque e Afeganistão. — Nem deve se esconder atrás de membros de nossa comunidade para justificar politicagem em um terreno tão sagrado.
Desde terça-feira, quando o incidente foi reportado pela primeira vez pela rede pública NPR, a confusão em Arlington rapidamente se incorporou ao noticiário da corrida pela Casa Branca. Na terça-feira, Trump publicou um vídeo dele no cemitério no TikTok, acompanhado por um áudio com críticas feitas à retirada do Afeganistão, chamada por ele de “desastre”.
Um dia depois, foi a vez de seu candidato a vice-presidente, J.D. Vance, um veterano da Guerra do Iraque, defender Trump das críticas e lançar ataques pouco polidos à vice-presidente e candidatia democrata à Presidência, Kamala Harris.
— Há evidências verificáveis de que a campanha foi autorizada a ter um fotógrafo. Há evidências verificáveis de que eles foram convidados a ter um fotógrafo lá — disse Vance, que na mesma fala confundiu o Portão Abbey, onde ocorreu o atentado que matou os militares e quase 200 civis em Cabul, com Abbey Road, rua de Londres eternizada pelos Beatles. — Kamala Harris está tão adormecida ao volante que nem quer investigar o que aconteceu e quer gritar com Donald Trump porque ele apareceu, ela pode ir para o inferno.
Vance creditou o comentário a um “excesso de frustração”. A campanha de Kamala Harris disse que o incidente no cemitério foi triste, mas não surpreendeu ninguém.
— É isso que esperamos de Donald Trump e sua equipe — disse à CNN Michael Tyler, porta-voz da campanha democrata.
Na primeira campanha presidencial sem uma guerra de grande porte com a participação americana em 24 anos, Trump usa a retirada do Afeganistão como uma de suas armas contra Kamala Harris, da mesma forma que usou o ataque ao consulado dos EUA em Benghazi, na Líbia, em 2012, contra sua rival em 2016, Hillary Clinton. O republicano afirma que a saída foi “desastrosa”, e que “jamais deveria ter acontecido” daquela forma.
Contudo, Trump não menciona com tanta frequência que um acordo firmado por ele com o Talibã, em fevereiro de 2020, pavimentou a retirada, iniciada quando ele estava na Casa Branca. O texto condicionava a participação da milícia ao corte de laços com a rede terrorista al-Qaeda, além de participar de negociações com as autoridades no poder na época para traçar o caminho para um “novo Afeganistão”.
O que se viu nos meses seguintes foi uma grande ofensiva dos talibãs, que retornaram ao poder em 2021, depuseram as antigas lideranças e impuseram sua versão deturpada da Lei Islâmica como o novo código de regras do país. Em entrevista recente à rede CNN, o ex-conselheiro de Segurança Nacional de Trump, H.R. McMaster, revelou que o republicano, durante as negociações com o Talibã, forçou o governo afegão a libertar cerca de 5 mil milicianos, que participaram ativamente da retomada do poder pelos extremistas.
4 respostas
Duas figuras de lá e de cá, ambos de pensamento semelhante, Uma designação dada no filme Homens de Preto: “escória do universo”.
Crápula … pulha! Não respeita nem as leis e nem a memória dois mortos. Representa o partido Republicano que não respeita os Princípios Republicanos.
E tu lestes a matéria? Entendeu ou quer que te explique?
Fazer politica em cemiterio, só esse ignorante mesmo. Aqui no Brasil, o motoqueiro inelegivel, foi fazer campanha no Cirio de Nazare e em Aparecida, esperava ser ovacionado e foi vaiado, kkkkkk.