Direitos Humanos
Brasília – O Exército Brasileiro, em parceria com a Rede Brasileira sobre Operações de Paz (Rebrapaz), sediou na última terça-feira, 27, um seminário sobre prevenção de exploração e abuso sexual em Operações De Paz. Realizado no Quartel-General do Exército, em Brasília, com coordenação do Comando de Operações Terrestres (COTER), o evento teve o objetivo de divulgar conhecimentos e experiências bem-sucedidas em torno do tema.
O evento também marcou o lançamento de duas cartilhas de orientação: Handbook on Prevention of Sexual Exploitation and Abuse in United Nations Peace Operations (em inglês e espanhol) e Implementação da Agenda Mulheres, Paz e Segurança. O seminário foi oficialmente aberto pelo Comandante do Exército, General Tomás, que destacou a importância do assunto e ressaltou que as dimensões e características do Brasil tornam o Exército uma Força acostumada a atuar em operações que lidam diretamente com a população civil.
“Temos no nosso país uma ‘escola’ para, cada vez mais, respeitar as desigualdades e incluir as melhorias, exercitar mais os direitos humanos e prevenir qualquer tipo de abuso e exploração sexual em operações. Não podemos fechar os olhos para isso. Temos que ser capazes de prevenir e reprimir”, afirmou. O Comandante de Operações Terrestres General Novaes destacou que é fundamental abordar um tema complexo.
“Esse é mais um passo que damos para discutir boas práticas, eventuais falhas, identificar o que podemos melhorar, ouvir a participação de outras autoridades, de pessoas com experiência no terreno. Tenho certeza de que vamos sair daqui melhores, com eventuais lições de casa para melhorar nossa educação e treinamento”. O comandante do COTER destacou as experiências bem-sucedidas e a conduta exemplar das tropas brasileiras em Operações de Paz – como no Haiti e nas recentes missões no continente africano. Ele ressaltou, ainda, compromisso com os direitos humanos, presente na educação, nos treinamentos e na formação dos militares brasileiros.
“É nas escolas de formação que nascem nossos valores militares. A questão do cuidado, do respeito com a dignidade humana, o respeito às leis, o respeito ao direito internacional humanitário, aos direitos humanos, a questão da ética profissional militar, tudo isso nasce nas escolas. E temos orgulho disso. Lançamos uma cartilha que será o pilar principal da prevenção e do preparo do nosso Centro Conjunto de Operações de Paz. As fontes do nosso sucesso são a educação e o treinamento”.
A Coordenadora-Geral da Rebrapaz, Eduarda Hamann, valorizou a maior atenção que o assunto vem recebendo do Exército Brasileiro e de outras instituições. “É nesse contexto de vulnerabilidade, de violências variadas, inclusive sexuais, que se desdobram as Operações de Paz. Mas temos visto um número cada vez maior de pessoas e instituições genuinamente preocupadas em lidar com aquelas situações. Se no começo eram organizações de direitos humanos, de saúde feminina, hoje temos organizações políticas e até Forças Armadas, como o Exército Brasileiro”.
Apresentações
O seminário contou com a participação de autoridades militares e civis como Christian Saunders, Coordenador Especial para melhorar a resposta das Nações Unidas à exploração e ao abuso sexual; Claudio Roberto Bortolli, Procurador-Geral de Justiça Militar; a embaixadora Gilda Mota Santos Neves, diretora do Departamento de Organismos Internacionais do Ministério das Relações Exteriores; e a Senadora da República Rosana Martinelli.
O seminário foi marcado pela apresentação da experiência do Exército Brasileiro em Operações de Paz, tanto em posições de liderança operacional quanto no contato direto com a população nativa. As explanações foram realizadas pelo General Affonso da Costa, ex-Force Commander em Operação de Paz na República Democrática do Congo; pelo General Machado, ex-Chefe do Estado-Maior de Missão das Nações Unidas no Sudão do Sul; pela Tenente-Coronel Christiane Lima, instrutora do CCOPAB, e pela Tenente-Coronel Renata Monteiro, que atuou como Observadora Militar / Ponto Focal de Gênero no Sudão do Sul entre 2023 e 2024.
Também contribuíram com o debate, por videoconferência, o Comandante Tyson Nicholas, da ONU Mulheres, e o Tomoko Matsuzawa, do Ministério da Defesa do Japão, que dissertaram sobre boas práticas internacionais sobre prevenção de exploração e abuso sexual em operações de paz.
EB
4 respostas
Quando vão se reunir para cobrar reajustes salariais?
reajuste com esse Comandante, esquece
Vivemos em tempos de lacração, busca desesperada por agendas positivas e, um pouco de falta, ou vontade, do Que fazer.
E Quando O Exército Vai Discutir A Prevenção Da Exploração E Assédio Moral Que Acontece Diariamente Dentro De Seus Muros Nos Quatro Cantos Do País ?