Militar da reserva é suspeito de fornecer munições de fuzil para organizações criminosas do Rio de Janeiro, aponta Polícia Civil de SP
Alfredo Henrique
São Paulo – Um subtenente da reserva do Exército foi preso na Grande São Paulo, nessa terça-feira (27/8), sob a suspeita de ser o fornecedor de munições de guerra para o crime organizado do Rio de Janeiro.
O militar, cujo nome não foi informado, é investigado pela Delegacia de Arujá desde janeiro de 2023, após a prisão de duas mulheres, apontadas como “mulas”, com as quais foram apreendidas mais de três mil munições de fuzil calibre 7.62. Ambas estavam em um ônibus que seguia de São Paulo para o estado fluminense. O coletivo foi abordado em um pedágio, na cidade da região metropolitana paulista, pela Polícia Rodoviária Federal.
Após pouco mais de um ano monitorando a rotina e as movimentações do militar, a Polícia Civil convenceu a Justiça a decretar a prisão temporária dele e a expedição de um mandado de busca e apreensão, cumprido na tarde de terça-feira em Osasco, na Grande São Paulo. O subtenente, que já era considerado foragido, foi preso quando chegava na residência da namorada, onde foram encontradas e apreendidas armas e munições.
Ao Metrópoles, o delegado titular da Delegacia de Arujá, Jaime Pimentel, afirmou que as investigações identificaram a participação do subtenente no esquema, por causa do carro usado por ele para transportar e fazer as entregas das munições de guerra, um Renault Kicks vermelho.
O suspeito está sob a custódia da polícia do Exército. Em nota enviada ao Metrópoles na tarde desta quarta-feira (28/8), o Comando Militar do Sudeste explicou que a medida foi tomada em cumprimento a uma prerrogativa das Forças Armadas que determina que militares devem ficar presos “somente em organização militar da respectiva força cujo comandante, chefe ou diretor tenha precedência hierárquica sobre o preso”.
Sobre a venda de munições atribuída ao militar detido, o Comando do Sudeste não se manifestou.
A dinâmica do fornecimento
O delegado Jaime Pimentel explicou que, ao analisar mensagens enviadas e recebidas pelas duas mulheres presas pela PRF, identificaram que o elo delas em São Paulo era chamado de “Coroa”.
“Com o aprofundamento das investigações, ‘feitas na unha’, identificamos que o tal Coroa de São Paulo era um subtenente reformado do Exército. Ele usava como ponto de encontro, para entregar as cargas de munição, um posto de combustíveis, perto da Rua Coronel Diogo.”
O militar da reserva entregava no local as cargas para as mulas, escaladas no Rio de Janeiro por uma mulher responsável por receber e repassar os itens de guerra para os “clientes”.
A Delegacia de Arujá agora investiga se as munições eram fornecidas ao Comando Vermelho, maior facção criminosa fluminense e principal rival do Primeiro Comando da Capital (PCC), ou para milícias, que também controlam e disputam territórios com organizações criminosas no Rio de Janeiro.
Origem das munições
Outro ponto a ser ainda esclarecido, acrescentou o delegado titular, é a origem das munições fornecidas pelo subtenente, que podem ser recondicionadas — ou seja, recolhidas em estandes de tiro, por exemplo — ou ainda desviadas de cargas de corporações, incluindo do próprio Exército.
A Delegacia de Arujá pretende pedir a prisão preventiva, por tempo indeterminado, do subtenente e das duas mulheres presas no ano passado — agora que, além do tráfico de armas, todos oficialmente são considerados componentes de uma associação criminosa.
A investigação é feita em conjunto com as polícias do Rio de Janeiro e do Exército.
Como revelado pelo Metrópoles, o Exército foi vítima do furto de metralhadoras antiaéreas, guardadas em seu Arsenal de Guerra, no fim do ano passado. Parte das armas foi negociada com o Comando Vermelho, que acabou rejeitando-as.
METRÓPOLES
9 respostas
Aviãozinho de Ciudad del Este a São Paulo/RJ (isso é antigo, décadas).
Situação inimaginável décadas passadas, falta de valorização salarial, absolutamente, não justifica.
Nada justifica! Porém com esse salário lixo!!! É daí pra pior!!! Acordem comandantes…. Valorizem seus praças assim como A polícia militar o fez 🙌
Sou civil, antigamente a gente só via isso nas PMS, mas depois do Bolsonaro ficou comum esses fatos no exército também…
para de falar bobagem, desvio de conduta é do ser humano e te garanto que são minoria dentro das Forças Armadas.
Vivente (RS), desculpe-me mas essa prática é desvio de conduta. Observe os comportamentos de políticos inescrupulosos. Inclusive, até na Santa Igreja Católica esses desvios existem.
Bandido bom e bandido na cadeia! Tomara que mofe por lá.
Com o arrocho salarial, notícias como esta, infelizmente, serão cada vez mais comuns. Embora isso não justifique um crime.
Sou Sgt QE reformado com muito orgulho, veja esse tipo de Militar, como uma verdadeira vergonha para o Exército. um Sub Ten, de escola, concursado, com um bom Vencimentos, fazendo uma merda grande dessa e envolvendo até o nome do nosso glorioso Exército. Se esta ruim para ele, imagine, eu 2 Sgt Reformado, com 76 anos, que tive até decréssimo nos meus vencimentos, com a reestrutuação da carreira de 2019. sempre existirão pessoas de mal carater, em todas esferas do Funcionalismo, seja Municipal, Estadual e Federal, Cadeia nesse tipo de gente, Triste não.