Exército vai ter primeiras PPPs com Forte de Copacabana e zoo da Amazônia; saiba como será

Forte de Copacabana, na zona sul do Rio de Janeiro, é um espaço que recebe visitantes. Foto: Pedro Kirilos/Estadão

Ponto turístico da zona sul do Rio recebe 650 mil visitantes por ano, e zoo é o segundo lugar mais visitado da capital do Amazonas. BNDES vai formular regras para a licitação.

 

Fabio Grellet
Dois importantes pontos turísticos brasileiros que pertencem ao Exército – o Forte de Copacabana, na zona sul do Rio de Janeiro, e o zoológico do Centro de Instrução de Guerra na Selva (CIGS), em Manaus – vão passar a ser administrados pela iniciativa privada, por meio de concessões via parcerias público-privadas (PPPs).

Centro de Instrução de Guerra na Selva prepara alunos para atuação na Amazônia. Foto: Sd Justino/Com Soc CIGS

Neste mês, representantes do Exército assinaram dois contratos com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para que o banco estruture as licitações dos dois espaços. É a primeira vez que o Exército passa a gestão de toda uma unidade à iniciativa privada.

O BNDES tem prazo de até três anos para fazer uma avaliação do zoo e do Forte (dentro do qual funciona o Museu Histórico do Exército, também submetido à concessão), identificar serviços necessários de infraestrutura e recomendar modelos para a futura licitação pública. A partir desse estudo, o Exército vai decidir qual dos modelos adotar.

A expectativa é de que as concessões melhorem o atendimento ao público nos dois espaços. No Forte de Copacabana, por exemplo, que cobra R$ 10 pela entrada e só aceita pagamento em dinheiro, é comum haver longas filas na entrada, aos finais de semana e feriados.

“Os projetos visam a aumentar a eficiência dos serviços prestados à população, fomentando a cultura, o turismo e a consciência ambiental. Além disso, a parceria tem por propósito otimizar as condições de conservação dos ativos, que possuem extrema relevância no contexto social onde se inserem”, diz nota divulgada pelo Exército.

“Tanto o Forte de Copacabana quanto o Zoo do CIGS são patrimônios nacionais, e agora teremos a oportunidade de torná-los ainda mais atrativos para turistas e moradores aproveitarem todo o seu potencial”, afirmou Nelson Barbosa, diretor de Planejamento e Relacionamento Institucional do BNDES e representante do banco na assinatura dos contratos.

O chefe do Estado Maior do Exército, general Richard Fernandez Nunes, foi quem assinou os contratos em nome da Força. “O Museu Histórico do Exército/Forte Copacabana é uma joia que temos a oferecer à sociedade, mas é um forte. Então, vamos conciliar essa dualidade”, afirmou.

“O Zoológico do CIGS atende às necessidades de conhecimento para que o nosso combatente de selva seja reconhecido como um dos melhores capacitados do mundo, mas também está disponível para as escolas, para pesquisadores, para professores e alunos de várias instituições e para a sociedade em geral”, afirmou.

Embora o prazo para o BNDES seja de até três anos, a expectativa é de que a modelagem seja concluída em um ano e meio. A partir daí será escolhido o modelo de concessão e realizada a licitação. Segundo o Exército, o período das duas concessões deve ficar entre 5 e 35 anos.

Forte vai fazer 110 anos
O Forte de Copacabana foi inaugurado em 28 de setembro de 1914, seis anos e nove meses após o início de sua construção. Ocupa área de 114 mil m2 e foi idealizado para proteger o Rio de Janeiro, então capital federal, do ataque de forças inimigas que chegassem pelo mar.

No local, hoje divisa entre os bairros de Copacabana e Ipanema, desde o século 16 os portugueses mantinham forças militares para impedir invasões estrangeiras. A invasão mais famosa foi em 1711, quando o Rio foi atacado por uma frota de 17 navios comandada pelo corsário francês René Duguay-Trouin (1673-1736). Um ano antes, outro grupo francês havia sido impedido de invadir a cidade justamente a partir dos fortes instalados em pontos estratégicos.

Em 1907, a construção do forte foi sugerida ao então presidente Afonso Pena (1847-1909) pelo ministro da Guerra, marechal Hermes da Fonseca.

As paredes externas têm 12 metros de espessura e acolhem canhões alemães Krupp, assentados em cúpulas encouraçadas e giratórias. São dois canhões de 305 mm, capazes de atingir alvos a 23 quilômetros de distância, dois canhões de 190 mm e duas torres de canhões de 75 mm.

A fortaleza tem uma usina a diesel, que no século passado fornecia eletricidade para Copacabana, além de espaços como câmaras de tiro, cozinha, depósito de comida, paiol de munição, alojamento para oficiais e praças, oratório, oficina, telégrafo, observatório, almoxarifado, cisterna de água, banheiros e enfermaria, a maioria deles disponíveis à visitação.

Forte foi criado para proteger Rio de Janeiro de invasões. Foto: Pedro Kirilos/Estadão

A partir da Cúpula dos Canhões, é possível ver uma das principais paisagens do Rio, com vista para o Morro do Pão de Açúcar e as praias de Copacabana e do Diabo.

O forte foi guarnecido por diversas unidades militares, sendo a última o 3º Grupo de Artilharia de Costa, entre 1934 e 1987. Neste ano foram extintas as Baterias de Artilharia de Costa e o Forte foi transformado em espaço cultural, passando a abrigar também o Museu Histórico do Exército.

Os últimos disparos feitos a partir do Forte, no entanto, ocorreram bem antes de 1987: foram em 11 de novembro de 1955, no episódio conhecido como Novembrada.

Por ordem dos militares legalistas comandados pelo marechal Henrique Teixeira Lott, 12 tiros foram disparados contra o cruzador Tamandaré, que tentava levar Carlos Luz e um grupo de aliados dele até Santos. A embarcação, que estava desarmada e com apenas uma hélice em funcionamento, não foi atingida.

Hoje o Forte recebe cerca de 650 mil visitantes por ano (média de 54 mil ao mês) e dispõe de dois restaurantes. Outros atrativos são a vista e o passeio histórico, que inclui um museu cuja reserva técnica abriga 15 mil peças, incluindo uma mecha do cabelo de Napoleão Bonaparte.

Ideia é explorar ainda mais o potencial turístico do Forte de Copacabana. Foto: Pedro Kirilos/Estadão

Zoo foi criado para apresentar animais da Amazônia
O Zoológico do CIGS foi criado em 1967, devido à necessidade de apresentar aos alunos do então Curso de Guerra na Selva (CGS) os animais comuns na Amazônia. Foi aberto ao público em 1969, com seu acervo bastante aumentado devido a doações dos moradores do entorno.

Em 1999, ele foi ampliado e hoje tem quase 1,2 mil animais, todos da região, e ocupa área de 45 mil m², em sua maior parte vegetação amazônica preservada. É o segundo ponto turístico mais visitado de Manaus, recebendo mais de 100 mil visitantes por ano. Os ingressos custam R$ 20.

Entre as áreas de visitação estão a Sala Entomológica, o Aquário Amazônico, o Memorial Jorge Teixeira, a Sala de Exposição do Exército Brasileiro e a OCA do Conhecimento Ambiental. É administrado pela Divisão de Veterinária do CIGS. Por estar em meio à floresta, é comum avistar animais de vida livre circulando pelo ambiente, como preguiças, garças, pica-paus e macacos.

O zoo conta também com o Aquário Amazônico, inaugurado em dezembro de 2014, e que reúne cerca de 700 peixes. Destacam-se os peixes de grande porte, como o pirarucu, o tambaqui, o bagre, o jaraqui e a piramboia, uma das espécies amazônicas de peixe pulmonado.

Os peixes ornamentais que mais chamam atenção são os cardinais e os neons tetras, que têm tonalidade fluorescente e se destacam por seu brilho natural. Ambos são espécies endêmicas do Rio Negro.

Após reforma em 2023, os tanques ganharam novas estruturas internas, que simulam o fundo dos rios da Amazônia com água barrenta.

ESTADÃO

2 respostas

  1. Esse zoo do EB até é aceitavel, pois parece não ser em confinamento. Quanto aos demais existentes no Brasil, no modelo tradicional de jaulas, deveriam ser fechados, pois tais animais não cometeram crime algum para estarem encarcerados. Acorda governo, fiscalize e coiba tal prática. Os animais são nossos irmãos, pois tem como Pai o mesmo criador nosso.

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